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Furiosa, Camila saiu atrás de Cole, mas não o encontrou em lugar algum.

Maldito fosse, por escolher justamente aquele fim de semana, na semana do
casamento dela, para encontrar a consciência! O momento não podia ser pior!

Mas a expressão nos olhos dele quando olhou para Lili e depois para o restante da família... Aquilo a tinha deixado enjoada.
Sim, ele era um babaca, mas qualquer um que não fosse cego podia ver que
estava tentando, exceto pela pequena recaída da noite anterior. Mas ele lhe
dissera que não tinha acontecido nada. Homens que tinham aquela expressão no olhar não estavam mentindo... Ele estava vulnerável demais, sensível demais para fazer algo do tipo.

— Cami... — chamou Dylan, na entrada na casa.

Ela não estava suficientemente escondida pelas paredes do corredor. Os passos de Dylan soaram mais próximos, até que ele parou logo atrás dela.

— Que foi?

— Desculpe.

— Isso não basta.

— Que droga! — Dylan a segurou por trás e a virou, prendendo-a contra a
parede. — Eu pedi desculpas.

— Por que está se desculpando, exatamente? Por ter sido um babaca com seu irmão? Por dizer a ele que ficasse longe da única garota de quem ele gosta de verdade? Ou por falar mal dele o tempo todo na frente dos seus pais, e até de Jace, hein? Pode escolher. — Ela tentou se soltar, mas Dylan era grande demais.

Um músculo tremia em sua mandíbula, enquanto ele se aproximava. Por que ele tinha de ser tão atraente? Seria bem mais fácil brigar se ele fosse feio, ou se a gagueira da infância decidisse reaparecer agora.

— Escute. — Ele a segurou no queixo e a fez olhar para cima, então sorriu. —
Não posso evitar.

— Esse é o pior pedido de desculpas de todos os tempos.

— Não terminei. — Os olhos de Dylan brilharam quando ele beijou seus
lábios com delicadeza e se afastou. — Ainda tenho problemas com ele. E você deve entender por quê, Cami. Quer dizer, ele dormiu com você e depois a
abandonou, na faculdade. Ano passado ele estava considerando casar com você e manter uma amante. E ainda pensando que essa fosse de fato uma boa ideia! Ele a usou para conseguir uma promoção no trabalho e, alguns meses depois, você quer que eu comece a confiar nele? Ele ainda não nos provou nada. Confiança precisa ser conquistada, e ele ainda não aprendeu nada. Nunca precisou.

Camila suspirou e mordeu o lábio antes de responder.

— Entendo o que você está dizendo, mas preciso que confie em mim.
Conheço aquela expressão no rosto dele. Conheço Cole. Ele é seu irmão, eu sei, mas era meu melhor amigo quando criança. Acho que ele está cansado de ser a ovelha negra, mas não vai melhorar se sentir que nunca terá uma chance. Talvez a gente devesse deixar as coisas fluírem, o que acha?

Dylan soltou um palavrão.

— Então, o que você quer? Que eu vá lá e dê um abraço nele, ou coisa do tipo? Sinto muito, mas deixar as coisas fluírem significa não apenas que
estaremos apostando em Cole, mas também que, se perdermos, o que tem
noventa por cento de chance de acontecer, aliás, vovó vai cantar bem no nosso casamento. E por uma hora inteira, enquanto as pessoas vão beber até a morte.

Ah, Dylan! Tão bruto e protetor! Era por isso que ela estava se casando com
ele. Era o homem mais atraente que já conhecera, e seria todo dela. Com um
sorriso provocante, ela se inclinou e roçou os lábios nos dele.

— Quero ver você tentar. Por favor? Por mim?

— Tentar? — A voz dele estava rouca. — Tentar o quê?

— Tentar não ser um babaca e dar uma chance a ele.

Dylan gemeu, com os lábios colados aos dela, empurrou Camila com mais
força contra a parede e alinhou seus corpos, erguendo-a nos braços e trazendo-a para bem junto de si.

— Está bem, vou tentar. Mas, se vou tentar a sorte com ele, é melhor você
fazer o mesmo com vovó.

— O quê? — Os lábios dele se afastaram dos dela e desceram pelo pescoço,
deixando uma trilha de fogo.

— Vovó. Tente despistá-la hoje à noite — disse ele.

— Por quê?

Aquilo era novo? A língua dele provocava sensações tão boas ao passar pela base de sua garganta que ela apertou a blusa de Dylan e gemeu.

— Porque quero você. — Usando os dentes, ele puxou o decote do vestido de Camila e começou a provocá-la, descendo por seu corpo. — E posso morrer se eu não a tiver.

— Não se comporte como um menino.

Ela arfava.

— He-hem — pigarreou uma voz, vinda da sala.

Soltando um palavrão, Dylan pôs Camila de novo no chão, devagar, e a
empurrou para a frente de seu corpo. Covarde. Vovó estava lá, de braços
cruzados, encarando-os com o olhar fuzilante.

— Atenção às regras, vocês dois. Parecem crianças.

— Eu não ia querer que minhas crianças se comportassem assim... —
começou Dylan, atrás de Camila. Ele tinha que dizer alguma coisa.

Vovó estreitou os olhos enquanto avançava o restante do caminho até os dois, pisando forte. Como uma boa noiva, assim que vovó parou diante dela, Camila lhe deu passagem. Então vovó conseguiu pegar Dylan pela orelha e arrastá-lo pelo corredor.

— Muito obrigado, Camila! — gritou o noivo enquanto vovó o carregava para
fora da casa.

continua...

THE CHALLENGE. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora