053

102 13 13
                                    

— Foi fácil demais — comentou Dylan, do alto da escada. — Veja só, Cole nunca aprendeu francês, achava feminino demais para ele. Não é mesmo, irmãozinho?

— Dylan... — disse Cole, ameaçador. O que o irmão estava fazendo?

Camila estava sentada no colo de Dylan. Uma expressão de puro contentamento surgiu no rosto dos dois ao verem que o cachorro impedia Cole e Lili de chegarem ao quarto.

— Autocontrole faz bem — explicou Camila, beijando o pescoço de Dylan. —Não, sério. Estamos fazendo um favor a vocês dois.

— Como vocês se livraram da vovó? — perguntou Cole. — Ela não ia deixar
os dois sozinhos.

Dylan abriu um sorriso.

— Sr. Casbon. Parece que ele está se sentindo muito sozinho, desde que vovó decidiu ficar plantada aqui no corredor. Bastou uma ligação, e lá foi ela.

Cole queria socar o irmão até que aquele sorrisinho sumisse do rosto dele.

— Está bem, você ganhou. É mais inteligente que uma pulga. Podemos subir?

Camila e Dylan se entreolharam como se perguntassem um ao outro: o que
você acha?

Lili resmungou atrás de Cole.

— Pensem nisso como um exercício para aprenderem a trabalhar em equipe — respondeu Camila, por fim. — Vocês terão de unir forças, se quiserem conseguir subir as escadas e chegar ao quarto, e nós iremos ignorar seus pedidos de socorro.

— E por que estão fazendo isso? — perguntou Cole.

— Perdemos um desafio — respondeu Camila, entre os dentes. — Parece justo que a gente tenha alguma compensação.

— Por que todos nós não podemos receber uma compensação?

— Porque, por sua culpa, vovó vai cantar no casamento — respondeu Camila. — Portanto, nós ganhamos compensação e vocês ganham... — Ela apontou para o cachorro. — Charles Barkley.

Dylan e Camila comemoraram com um “toca aqui” e saíram do corredor,
deixando Cole e Lili sozinhos com o pequeno cachorro.

— Quão perigoso ele pode ser? — Cole estendeu a mão na direção do cachorro, que começou a rosnar e a mostrar os dentes. — Ele está fingindo, não é? Você é bonzinho, não é, Charles? — Ele tentou de novo. Dessa vez, o cachorro
quase arrancou um dedo dele.

— É, acho que não é uma boa ideia nos aproximarmos muito. — Lili o puxou para trás. — Pode ser que ele decida morder outra coisa, e tenho certeza
de que isso acabaria com a noite.

Cole coçou a cabeça.

— O que a gente vai fazer? Ele está controlando o caminho para o nosso
quarto, e os quartos de hóspede estão ocupados com os convidados do casamento.

— A gente pode gritar na porta do quarto de Amy, dizendo que a casa está pegando fogo, e depois a deixamos trancada do lado de fora — sugeriu Lili, esperançosa.

— Lili. — Cole segurou uma de suas mãos. — Seja melhor do que ela.

— Preciso mesmo?

— Só tente. — Cole deu uma risadinha e a puxou para seus braços, beijando-a
com voracidade.

O cachorro, claramente agitado,bcomeçou a latir. Cole se afastou, reclamando.

— Pare de latir!

O cachorro latiu ainda mais alto e se encolheu como se estivesse prestes a
pular.

— Shh! — Lili apontou para o cachorro. — Nada de latir!

O cachorro parou por dois segundos, até que começou a uivar.

— Odeio a vovó. — Cole praguejou.

Lili se escondeu atrás dele.

— Nossa, obrigado! Como foi que, de marido, passei a ser seu escudo humano?

Lili riu.

— Bem, estamos casados.

— É verdade.

— O que vamos fazer?

O cachorro não ia sair dali, isso era óbvio, e Cole não ia correr o risco de
deixar que o animal mordesse suas partes íntimas. Sem outras ideias, ele se virou para o corredor.

— Já sei.

Dez minutos depois, eles estavam de volta à casa da árvore. Mas dessa vez
tinham cobertores, mais vinho e pipoca. Cole segurou a mão de Lili, envolvendo-a na sua, enquanto olhava o rio pela janela.

— Quanto ao seu trabalho...

— Que se dane o meu trabalho! — Lili abraçou o pescoço dele e se sentou de pernas abertas no colo do marido. — É só isso, um trabalho.

— Mas você gostava dele de verdade. — Cole se liberou do abraço de Lili, desejando olhá-la nos olhos. — Você e Camila costumavam apresentar o jornal da manhã aqui na casa da árvore, quando tinham 7 anos. Tenho certeza de que era seu sonho.

— Eu gostava de contar histórias. E gostava de escrever... — Ela deu de
ombros. — Gosto mais de você. Às vezes, as coisas que realmente queremos na vida estão sob o nosso nariz.

Cole riu.

— Nossa, assim vou ficar vermelho! Foi um elogio bem sexy. Que bom que você gosta de mim... Será que podemos começar a sair e, quem sabe, um dia até nos casar? Ah, espere um pouco.... — Ele bateu a mão na testa. — Nós invertemos a ordem!

— Não. — Lili encostou a testa na dele. — A ordem inversa para uns pode
ser a certa para outros.

Cole a fitou, e no seu olhar havia a promessa de que nunca a deixaria partir.

— Acho que gosto de fazer as coisas ao contrário.

Lili sorriu, e seus olhos azuis brilhavam ao luar.

— Eu também.



continua...

THE CHALLENGE. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora