Rock in Camren (1ª temporada)

Capítulo 48 - Fun

CAMILA POV

-Kaki, acorda. -Sofia começou a me chacoalhar e eu apenas resmunguei. -Vai, Kaki. Já está tarde.

Me sentei na cama e massageei minhas pálpebras. Hoje eu e minha mãe vamos levar Sofi num parque de diversões que ela tanto queria. Ela não aquietava um segundo.

-Sofi. São sete da manhã. -disse e me joguei com a cabeça no travesseiro.

-E daí? -cruzou os braços. -Você ainda tem que se arrumar.

-Virou minha mãe agora?

-Sim.-cruzou os braços e eu fechei os olhos, com esperança de que ela tivesse desistido. -Por favor, Kaki. -choramingou.

-Ai, ta bom, ta bom. -me levantei e ela gritou um "E" de felicidade. Sorri fraco e caminhei em direção ao banheiro, ainda cansada. Me olhei no espelho e notei que as olheiras estavam bem visíveis. Resmunguei alguma coisa enquanto abria o chuveiro e permitia que a água quente despencasse em meu corpo.

Depois do meu banho, vesti uma roupa leve já que iríamos num parque de diversões. Eu usava uma regata vermelha, shorts curto e allstar da cor vermelha também. Sequei meu cabelo e o prendi num rabo de cavalo. Passei uma maquiagem leve e guardei meu óculos escuros na bolsa para esconder as olheiras. Me olhei no espelho mais uma vez e vi que meu cabelo prendeu em alguma coisa. Fui desenroscar os fios e notei que estavam presos no coral que eu e a Lauren usamos sempre.  Passei a mão por ele e suspirei.

—Kaki? –Sofia me chamou do outro lado da porta, me afastando de meus pensamentos.

—Oi, Kaki.

—A mama fez café.

—Já estou indo.

Desenrosquei meu cabelo do colar e saí do banheiro, indo em direção a cozinha. Mama estava com olheiras e uma aparência cansada. Sofia deve ter ido acordá-la mais cedo também. Me sentei na mesa e enchi a xícara de café, tomando um gole e sentindo o líquido quente queimar minha garganta. Arfei e fiz uma careta.

—Kaki, por quê a Lolo não vem mais aqui? –voltei o olhar para ela e tentei parecer indiferente.

—Está ocupada demais ensaiando com a banda. –menti.

—Ah! A gente vai poder ir no show? –sorriu de orelha a orelha e deu uma mordida na bolacha.

—Quem sabe... –dei de ombros e minha mãe me olhou desconfiada, mas não perguntou nada.

Depois de algumas horas, finalmente partimos ao carro rumo a estrada. Sofi estava no banco traseiro, eu na frente e minha mãe no volante. Inspirei fundo e passei a observar os vultos coloridos para fora da janela enquanto o automóvel andava. Dedilhei meu colar e me lembrei da Lauren e do quanto ela fazia falta. Nós temos um grande problema: somos orgulhosas de mais. Por mais que eu queira ir correndo para seus braços e pedir desculpas, um outro lado me impede de fazer isso. Meus olhos começaram a pesar e acabei pegando no sono durante a viagem.

—Kaki! Acorda!

—Hãm? Hm...?–resmunguei e abri os olhos. Sofi estava chacoalhando meu braço. A porta do carro estava aberta e ela estava tentando me puxar para fora. Soltei o cinto de segurança e saí do assento. Me expreguicei e bocejei. Sofia estava muito ansiosa e animada para brincar, já eu, não estava com a mínima vontade. Enfiei minhas mãos em meus bolsos de trás do shorts e caminhei ao lado da minha mãe, observando minha irmã andar na frente ansiosa para escolher um brinquedo.

—Mama! Me leva naquele! –apontou para a montanha russa.

—Você nem tem tamanho para entrar. –debochei e ela fez cara de brava.

—Aposto que você morre de medo. –cruzou os braços e fez bico.

PLAY

—Eu não! –falei indignada.

—Então duvido você ir comigo.

—Eu também. –brinquei.

—Por favor, Kaki!

—Você venceu. –disse e ri.

(...)

Os monitores prenderam os cintos em nós, e deram a ultima checada vendo se estava tudo ok. Sofia já estava gritando, estourando meus tímpanos. Mas não era grito de medo, era grito de ansiedade. Já eu, confesso que estava com um puta de um cagasso. E para piorar, estávamos na primeira cadeira! Da ultima vez eu vim com a Lauren, e pude me agarrar nela. Não da para fazer muita coisa com uma menina de nove anos.

O brinquedo começou a andar e eu senti uma fisgada em meu estômago. Fechei os olhos e respirei fundo.

—Cagona! –Sofi gritou e gargalhou.

—Cag...–antes que eu pudesse terminar de falar, o brinquedo desceu numa velocidade que eu não me lembrava de como tinha sido da última vez. Dei um berro tão alto, mais tão alto, que a acho que até a dona Miriam que é surda teria me ouvido.

Saí da montanha russa totalmente branca, quase verde. Sofia estava toda descabelada, com os olhos arregalados e com um sorriso de orelha a orelha. Parecia uma diabinha.

—Está tudo bem, mi hija? –minha mãe perguntou rindo da minha situação.

—Sim. –respondi meio tonta.

—Mentirosa! –minha irmã disse e mostrou a língua.

Fiz uma careta para ela e ela segurou minha mão, me puxando para mais um brinquedo.

E foi assim o resto do dia.

PAUSE

(...)

Cheguei em casa exausta. Sofia veio dormindo no caminho e minha mãe, quase dormiu no volante. Tomei um banho relaxante e vesti meu pijama do Bob Esponja, me jogando na cama e afundando no travesseiro. Meu celular que estava com dez por cento de bateria começou a vibrar, e eu xinguei mentalmente quem for que seja.

—Alô? –disse num resmungo.

—Er...Camz? –uma voz rouca invadiu meus ouvidos e meu coração errou uma batida. –Camz?

—O que você quer?

—Falar com você.

—Então fale.

—Podemos nos encontrar amanhã? Tenho algo importante pra te falar.

—Se você tem algo importante para falar então fala agora.

—Grossa!

—Eu? Grossa?

—Nossa, Camila! Como você é infantil!

—Eu? Infantil? –rosnei indignada.

—Boa noite, Camila. –desligou na minha cara e eu taquei o celular na parede, que por sorte não quebrou.

Massageei minhas têmporas e tentei pegar no sono, o que demorou bastante.