Capítulo Extra 5 - Protegido

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Os olhos verdes e serenos de Ariane encaravam um ponto fixo na penumbra do casebre enquanto sua mente vagava por pensamentos envolvendo os acontecimentos daquela noite. Relaxada e protegida pelos braços de Nikolai em volta de seu corpo nu, a princesa repassou as palavras do irmão e seu pedido de ajuda para o mensageiro. No fundo ela sabia que Chronos só estava testando as intenções de Nikolai e que ele nunca o mandaria voltar para o Reino de Luz sem consultá-la primeiro. Pelo menos provou ao futuro rei que estavam do mesmo lado e disposto a ajudá-los a acabar com a guerra. Isso talvez colocasse um fim em qualquer resistência de Chronos em aceitá-lo como aliado e amante da princesa.

Eles tinham se entregado um ao outro novamente e assim como da primeira vez, havia sido sublime, lascivo e confortavelmente voraz.

Deveria voltar para o acampamento onde a Tríplice estava agrupada com sua tropa para atacar um dos reinos de luz, mas não conseguiu deixá-lo sozinho, não depois de tudo que fizeram e sentiram. Não depois de ouvir aquilo. Queria levá-lo consigo para qualquer lugar distante daquele inferno, mas por enquanto não podia. Teria que se contentar em se encontrar apenas no casebre. Mas talvez pudessem sair um pouco por terras desconhecidas. Pensaria em algo depois.

Sentiu as pontas dos dedos do rapaz acariciando levemente suas costas arrancando-a de seu devaneio e fazendo-a sorrir aninhada em seu peito ouvindo sua calma respiração e seu coração batendo tranquilo. Precisava perguntar.

- Nikolai, sobre o que falou para meus irmãos mais cedo...

- O que? Falamos de muitas coisas.

- Sobre não ter medo deles e que... Me ama.

- Sim. As duas coisas são verdades.

Ariane levantou o rosto para encará-lo nos olhos que mesmo na pouquíssima luz, parecia brilhar intensamente a contemplando.

- Como pode me amar tão rápido? Nos conhecemos há poucos meses.

- O tempo não é relevante.

- Niko...

- Não comece a ladainha que todos conhecem de cor, Ariane.

- Ladainha? - questionou a princesa franzindo as sobrancelhas.

- É. A de que os Mediun não sabem o que é amor, não têm compaixão ou não podem senti-la e todas as merdas que contam sobre sua família – Nikolai respondeu com tranquilidade.

- Acha que são invenções?

- Sabe que quem começou a guerra não foram os sombrios.

- Sei, mas o que isso tem haver?

- Éramos um povo só e a falta de amor pelo próximo fez tudo isso acontecer. Não acha irônico que o povo de luz seja o responsável pela caçada?

- Nikolai, está me deixando confusa, não sei aonde quer chegar com essa conversa - disse Ariane sentando-se.

- O que estou tentando dizer é que a forma como você fala sobre sua irmã ou sobre os rapazes não é de quem não sabe amar. Você os ama. Pode não usar essa palavra ou pensar nela por medo dos seus pais, mas não consegue esconder o brilho nos olhos quando me fala sobre a Amber.

Ariane não escondeu o sorriso.

- E mesmo que você não admita... Sei que me ama de volta.

A gargalhada da princesa preencheu o casebre de alegria.

- Vai negar?

- Você é bem convencido, prisioneiro.

Nikolai riu e a beijou.

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