Me deixe cuidar dela!

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Todo o corpo de Alex tremia quase no mesmo ritmo que seu coração saltitava dentro do peito e ecoava em seus ouvidos. As lágrimas lavaram a sujeira do seu rosto formando desenhos em sua pele. Ainda em choque e se sentindo imunda e humilhada, a princesa tentava entender o que havia acabado de acontecer naquela masmorra. Encolhida no canto da parede e agarrada ao sobretudo que Amber lhe jogou, ela começou a se recompor.

Um soldado asqueroso estava se aproveitando dela e a violentaria se não fosse por... Por Amber.

A princesa dos Mediun tinha salvado sua vida e impedido que seu soldado a estuprasse. Por que depois da discussão que tiveram onde Alex disse que a mataria e dias sem aparecer na masmorra Amber surgiu do nada e a ajudou daquela maneira? E o que ela quis dizer com aquela frase de que ninguém a tocaria de novo? Alex não sabia as respostas e estava cansada demais para ficar pensando nos motivos da princesa das sombras.

Quando teve certeza de que não havia mais ninguém na prisão ou espreitando nas sombras, Alex se ajeitou no chão e mantendo o sobretudo em volta do corpo fechou os olhos inchados de tanto chorar. A única coisa boa durante aquela noite foi adormecer sentindo o cheiro bom que o sobretudo exalava e a acalmava. O cheiro de Amber.

Mesmo depois de castigar devidamente com a morte o servo que ousou tocar na princesa que era responsabilidade dela, Amber ainda estava enfurecida e enquanto caminhava pelos sombrios corredores do seu castelo não conseguia tirar a imagem de Alex chorando vulnerável e despida sendo tocada por aquele desgraçado. Suas sombras enlouqueceram e a única reação que teve foi arrancá-lo de cima e para longe dela e cobrir a garota. Não deixaria ninguém encostar nela de novo.

A visão do seu pai a esperando na porta do quarto calou seus pensamentos. O rei estava conversando com um homem alto de cabelos platinados e olhos vermelhos que Amber conhecia muito bem.

- Soube que andou atrapalhando a diversão dos soldados – disse Tadeu com sua coroa de ferro no topo da cabeça.

- Atrapalhei um estupro, você quer dizer – rebateu Amber parando de frente ao pai e o encarando.

- Desde quando se importa com isso? – esbravejou o rei.

- Se fosse ao contrário iria permitir que fizessem o mesmo comigo? – Amber o indagou e se arrependeu em seguida. É claro que iria.

Tadeu deu um passo para mais perto da filha e cravou seus olhos nela de uma maneira ameaçadora.

- Não sei o que está havendo, mas sabe que não dou a mínima para o que fizerem com você.

A princesa trincou os dentes com a raiva queimando dentro de si. Não via a hora de está pronta para enfrentá-lo a altura e destruí-lo.

- Tenho certeza que a princesa não quis desafiá-lo, senhor – disse o homem ao lado de Tadeu.

- Sim, eu quis – respondeu Amber desviando dos olhos do pai para a figura ao lado – O que está fazendo aqui Taz?

O excêntrico homem sorriu olhando a garota dos pés a cabeça.

- Vejo que não esqueceu de mim.

- Como poderia esquecer de quem ajudava meu pai a me torturar?

Tadeu não escondeu o sorriso ao lembrar-se dos castigos que infringia a filha com a ajuda de Taz.

- Ah e não esqueçamos daquelas coisas que você adorava injetar em mim – Amber reclamou cruzando os braços.

Taz riu sem nenhuma marca de expressão no rosto.

- Bons tempos, não é meu rei? – disse virando-se para Tadeu.

- Tenho saudades – o rei respondeu com as mãos atrás das costas.

A Luz e a EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora