A Luz e a Escuridão

Lugar Especial

Alex esticou o braço sentindo a maciez dos lençóis e o vazio ao seu lado e soube mesmo sem abrir os olhos que Amber não estava mais na cama. Virou-se de lado só para confirmar que a garota tinha sumido. No travesseiro que Amber dormiu havia uma pequena flor azul banhada pela luz do sol que entrava pela janela entre aberta.

Não-Me-Esqueças.

Alex a pegou e a cheirou sorrindo.

- Hoje à noite você não escapa, rainha. Vai me contar o que aconteceu em seu reino - sussurrou a princesa encarando a flor.

Dormir no conforto dos braços de Alex era uma das coisas que Amber mais gostava de fazer na vida. Aquela noite tinha descansado o suficiente para acordar um pouco mais disposta e confiante. Quando voltou para o Reino das Trevas Vito já não estava mais em seu quarto. Certamente estava voando por aí de olho em tudo como sempre fazia. Ela se banhou e trocou de roupas. Era estranho usar o brasão da família estampado no peito. A serpente símbolo dos Mediun não parecia coisa certa agora. Deixava Amber incomodada. Não era bonito como o dragão da família de Alex.

Ela suspirou afastando os pensamentos e abriu a porta dando de cara com Iade. O homem estava prestes a bater e tomou um susto quando a viu.

- Princesa! Eu já ia bater - disse abaixando o braço.

- Percebi - brincou a garota fechando a porta atrás de si - Está pronto?

- Sim. Devo dizer que estou ansioso e não consegui dormir essa noite - Iade respondeu acompanhando Amber pelo corredor quase vazio.

- Entendo.

- Mais alguém vai conosco? - questionou o servo com a mão no cabo da sua espada presa na bainha em sua cintura.

- Não confio em quase ninguém daqui. Vamos apenas nós três - disse Amber pisando firme para ter certeza de que não sentia mais dor nas pernas.

- Três? - Iade indagou curioso.

Antes que Amber abrisse a boca para responder, Vito surgiu voando rápido e pousando no ombro da rainha.

- Vito vai com a gente - disse ela acariciando sua coruja.

- Claro - disse o homem assentindo.

- Gostei do tapa-olho - Amber comentou apontando para o rosto do servo - Óbvio que não gostei de você ter ficado cego por minha causa.

Iade deu de ombros e tocou o tapa-olho de couro preto amarrado no rosto.

- Não se preocupe. A maldade do seu pai não é sua culpa - ele respondeu com calma - Não vamos mais falar nisso.

- Tudo bem. Iremos viajar pelas sombras. Pronto?

- Sempre fico enjoado, mas estava com saudades disso.

Amber riu e convocou as sombras que engoliram os três.

De braços cruzados encostado à parede do casebre escuro, Brian observava a velha Raven folhear concentrada um grande e empoeirado livro de magia.

- Deixa ver se eu entendi... - disse o homem ponderando algo em sua cabeça - Se não podemos anular os poderes da Amber o que porra estamos procurando nessa porcaria de livro?

- Já que não podemos anular as sombras dela e claramente o veneno que usei para enfraquecê-la não fez o efeito esperado já que o rei está morto, talvez possamos controlá-la - disse a bruxa sem tirar os olhos das páginas amareladas.

Brian descolou da parede e se sentou à mesa curioso tentando enxergar algo no livro.

- Explique - pediu cruzando as mãos sobre a mesa.