| Capítulo 5 |

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Overdose
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Aurora Henderson:
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CAZZO, MATTHEW! – Praguejo jogando meus saltos e a bolsa em um canto qualquer e correndo até ele.

A boca do Matthew está espumando e ele não está reagindo aos meus gritos. O corpo dele está tremendo, e percebendo ser uma convulsão o puxo rapidamente o deixando de lado para que não se engasgue.

Abro os seus olhos e capto suas pupilas extremamente dilatadas, a pele excessivamente quente e ao colocar a mão em seu peito, os batimentos muito acelerados.

– Marvin! MARVIN! – Grito desesperada, sentindo minha visão embaçada pelas lágrimas.

A boca do Matthew não para de espumar e seu corpo fica ainda mais mole, porém ainda trêmulo.
Marvin adentra a sala e arregala os olhos ao ver a cena.

– Vamos levá-lo para o hospital! – Marvin me afasta rapidamente do corpo do Matthew e junto ao outro segurança, o pega no colo.

Sigo-os para fora dando uma última olhada na mesa, nas drogas que haviam ali.
Marvin coloca-o nos bancos de trás do carro e eu entro junto, sacudindo o corpo do mesmo na esperança de que ele vá reagir, mas apesar dos olhos abertos ele não faz nada, não reage de forma alguma.

– Acho que ele… acho que ele tá parando de respirar… – Falo com a voz falhada por conta dos soluços já presentes.

– Aguenta, Aurora… – Marvin me encoraja enquanto dirige a toda velocidade até o hospital.

Me recordo da dor, a dor de perder os meus pais, o vazio, a insegurança. Toda a dor que tentei evitar por anos veio à tona de repente, um gatilho, a mera possibilidade de perder o Matthew, a única pessoa que – bom ou ruim – restou em minha vida.

Os minutos até o hospital parecem intermináveis, a pele do Matthew fica cada vez mais pálida e sem vida enquanto ele convulsa.

Marvin embicou o carro em frente ao hospital e logo os enfermeiros de plantão apareceram, já com a maca pronta, prevendo a emergência.
Pedem que eu me afaste e tiram ele às pressas, já o levando pra dentro.

– O que aconteceu? – A enfermeira pergunta calma e profissional.

– Ele… acho que foi metanfetamina, não sei ele… eu só cheguei e achei ele assim… – Tento explicar, a voz trêmula e fraca, se embolando com as palavras.

Ela assente e pede que eu aguarde na sala de espera, que irão fazer os procedimentos necessários e trarão notícias o mais rápido possível.

– CID 10 X64, overdose, ele está tendo uma parada cardíaca, temos que agir rápido! – Outro homem de jaleco branco que está entubando o Matthew, grita e corre com a maca e outros enfermeiros.

– Venha, Aurora. Se acalme. Matthew é duro na queda. – Marvin me abraça de lado, me guiando até um dos sofás cor creme da sala. – Aurora… Aurora… – Ouço a voz dele longe, se misturando com outras vozes e as sirenes altas na minha cabeça.

Sinto tudo girar, embaçar, só vejo as luzes e pessoas com jaleco branco, até que tudo começa a se misturar, se tornando borrões.
Sinto o ar fugir do meu peito e uma dor aguda na cabeça, talvez pela a falta de oxigenação no cérebro, começo a me engasgar e tossir.

– Garota… garota! – Sinto alguma pessoa amparar a minha queda e me sentar em um dos bancos. – Ela está em choque, crise de pânico. Vamos acalmá-la. – Tento focar na enfermeira que conversa calmamente com alguém, mas ainda enxergo apenas borrões.

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