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Desprevenido
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Aurora Henderson:
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— Você não quer uma água? Tem certeza? — Perguntei ao Matthew, vendo se levantar da cadeira pela décima vez.
Estamos na sala de espera da doutora para fazer a minha ultrassom transvaginal.— Não. Eu tô bem, só tô… ansioso. — Ele colocou a mão na cintura e eu revirei os olhos.
Me levantei e enchi um copo de água gelada para o Matthew, no filtro.— Bebe logo isso aqui e senta. Somos os próximos. — Mandei.
Matthew bebeu a água em gute e gute e se sentou na cadeira, me encarando com a testa franzida.— A gente tá mesmo aqui pra escutar o coração de um bebê? Nosso bebê? — Ele apontou para nós dois. — Sei lá, é que… mesmo nos futuros mais normais que já pensei para mim, ser pai nunca esteve no meio… — passou as mãos no cabelo.
— Calma, Matthew. — Me ajoelhei em sua frente. — Se você surtar, eu vou acabar surtando junto. Tô tentando levar isso numa boa.
— Você pode ficar agachada? Levanta, senta aqui do meu lado — ele bateu a palma da mão na cadeira.
— Claro que posso Matthew, nem tenho barriga ainda. — Balancei a cabeça negativamente.
— Aurora Henderson. — A secretária avisou uns minutos depois que a última paciente saiu da sala.
Me levantei e segurei a mão suada do Matthew para levá-lo comigo, então entramos na sala da médica.— Bom dia, sejam bem-vindos. — Ela sorriu afável. — Você pode se trocar ali, depois deitar ali e colocar os pés nos apoios. — Para resumir, devo ficar quase pelada e arreganhada para ela.
Matthew ficou em pé ao lado da maca reclinável que devo deitar, passando a mão na barba e um braço cruzado apoiando o cotovelo do outro. Troquei de roupa e fiz como a médica mandou enquanto a mesma estava avaliando meus últimos exames.
— O objeto que vou introduzir em sua vagina é indolor e não vai machucar o embrião — ela encarou diretamente o Matthew, que havia arregalado os olhos quando viu ela manuseando o material. — Pronta? — Afirmei.
Ela enfiou o material em mim e realmente é indolor, mas não deixa de incomodar um pouco. A médica fez todo o procedimento enquanto na imagem na TV tudo que vimos foi um ponto e não entendemos nada. Ela também anotou algumas coisas no tablet que fica ao meu lado.
— O seu bebê está com 2,5mm, do tamanho de uma semente de romã. Essa fase passa bem rápido. O coração já está bombeando sangue a cerca de 105 batimentos por minuto e os órgãos se formando, o rostinho também, mas quase não dá para ver… vão querer as imagens?
— Sim! — Matthew respondeu afobado e a médica riu.
— Ótimo. — Ela tirou as fotos e então perguntou: — Querem ouvir o coraçãozinho?
— Já tem como? — Perguntei.
— Claro que sim. — Respondeu ela.
Encarei Matthew que desviou o olhar da tela para me encarar de volta e assentiu nervoso.— Queremos — pedi.
Chamei Matthew para perto e ele ficou ao meu lado, fazendo carinho no meu cabelo.Em segundos o som reverberou por todo o cômodo, rápido e alto, não sei explicar a sensação de ouvir um coração bater dentro de mim. Meus olhos lacrimejaram e encarei as linhas dos batimentos e depois o Matthew, que estava com os olhos esbugalhados e fixos na tela, a mão agora congelada em minha cabeça. Ele piscou e os olhos lacrimejaram. Depois Matthew me encarou e abriu um sorriso sem mostrar os dentes, enxugando os olhos com os dedos.
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Meu Destino Em Suas Mãos
RomansaAurora era uma menina doce até seus 15 anos, todavia, após a morte dos seus pais em um terrível acidente de avião, ela perdeu todo o seu brilho e deixou vir a tona o seu lado mais obscuro. O seu destino foi jogado nas mãos do seu padrinho, Matthew...