| Epílogo Bônus |

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Surpresa
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Stella Caetani:
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Doze anos depois…


    Meu pai entrou em casa tirando a camisa e com gotinhas vermelhas de sangue nos braços. Deixei o celular de lado e até o idiota do Isaac largou o controle do videogame para recebê-lo.

    — Papai! — abracei o mesmo sem me importar com a sujeira. Afinal, ele passou dois dias em uma missão.

    — Oi, tesoro — ele beijou minha cabeça e largou o blazer sujo no chão. Do meu lado ele deu um tapinha no ombro do Isaac, pois o mesmo não gosta de abraços e nem sei se sabe o que é isso. — Tudo bem por aqui, cara? — Perguntou ao garoto, que se sente o "homem da casa" quando meu pai não está.

    Isaac apenas maneou a cabeça. Minha mãe pareceu ouvir a movimentação na sala e saiu do escritório, já abrindo um sorriso para o meu pai, que me soltou para abraçá-la. Resmunguei com nojo quando eles se beijaram e voltei para o sofá, acompanhada do idiota.

    — Meus 20 euros — estendi a mão na sua frente e ele me olhou debaixo de forma sombria como sempre faz, tirando o dinheiro do bolso e me entregando a contragosto.

    — Você não vai ganhar da próxima vez, estrelinha — resmungou ele, voltando a jogar.

    — Você sabe que eu vou, irmãozinho — estalei a língua.

    Ele cerrou os olhos para mim e eu ri. Isaac odeia que eu chame ele de irmão, e eu odeio que ele me chame de estrelinha com sua voz provocativa que só ele consegue fazer soar irritante. Tínhamos apostado quando o meu pai avisou que estava chegando. Eu disse que o Matthew ia chegar sujo de sangue e ele apostou que não, pois ao dizer do mesmo, o meu pai não ia querer assustar a princesinha dele — que sou eu.

    — Acabou a mordomia. Vão se arrumar pra ir pra escola — minha mãe nos enxotou da sala de estar e subimos para nossos quartos.

    Na verdade eu sei que o que querem é privacidade para se pegar à vontade, já que passaram dois dias longe e são como adolescentes na puberdade desde que me entendo por gente. Observo Isaac entrar no quarto dele e bater a porta — ele odeia a escola, porém ama agradar o Matthew — então faz um ótimo papel em fingir ser um menino estudioso.

    Isaac não é meu irmão. Meus pais adotaram ele há alguns meses. Ele perdeu os pais quando tinha oito anos e ficou no orfanato até os doze — não sei a história completa — e agora está aqui, com treze anos. Eu tenho doze hoje, ainda tinha onze quando os meus pais contaram que iam adotar uma criança. Porém, chegaram aqui com um adolescente insuportável, mau-humorado e frio. Isaac é a personificação de perfeição em corpo e um vilão de filme de heróis em alma. Os cabelos são loiros escuros e os olhos azul gelo, parecem lentes, de tão claros. Sei que a personalidade dele tem algo haver com a infância sombria que teve, então, como Aurora pediu, tento ser paciente com o mesmo há quase um ano.

    Encontramos uma terminologia para nos darmos bem — na medida do possível — não nos metemos na vida um do outro e fazemos algumas apostas para sair do tédio. Então, sempre que encontramos uma oportunidade de apostar algo valendo qualquer coisa, fazemos.

    A única emoção vinda do Isaac é o sarcasmo e a raiva, fora isso, ele quase não tem alma. As únicas diversões do garoto são tocar piano e me irritar nas horas vagas. Com isso, já nos batemos, nos trancamos nos cômodos da casa, vivemos uma vida de gato e rato — mas sobrevivemos — e na frente dos meus pais somos como dois bons irmãos de criação.

Meu Destino Em Suas Mãos Onde histórias criam vida. Descubra agora