| Capítulo 18 |

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Terapia
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Aurora Henderson:
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    Quando Matthew chegou eu estava sentada em cima de uma pedra esfregando meus braços por conta do frio e tremor insistentes, não consegui encará-lo, apenas continuei encarando vidrada o corpo do Gian em cima da poça de sangue.
    Matthew fez um outro caminho que dá para chegar aqui de carro e estacionou a dois metros de distância da barraca que montamos e antes de vir até mim, se agachou na frente do corpo.

Cazzo, o que você fez com ele? — Finalmente me encara, com os olhos levemente arregalados.

— Você está cego? — Consigo dizer, a voz falhada mesmo com o tom ríspido.

— Aurora, preciso que me conte por que e como isso aconteceu. — Matthew pergunta pela segunda vez, se ajoelhando em minha frente e segurando em minha mandíbula, desviando meu olhar do corpo ainda presente ali.

— Você… — murmuro, a voz quase inexistente. — Matou o pai dele… você matou o pai dele e ele surtou completamente… eu só, só bati uma pedra pequena na cabeça dele pra ele se afastar porquê ele bateu no meu rosto e… e ele caiu… — uma lágrima solitária desceu do meu olho.

— Não foi culpa sua. — Matthew engole o seco e tenta segurar minha mão, que afasto do seu toque.

— Óbvio que não foi. Você matou o pai dele, não eu. E agora ele está morto — sussurro com os dentes cerrados.

— Isso faz anos, Aurora. O homem não valia nada e eu só segui as ordens do meu pai — se defendeu.
    Procurei os olhos do Matthew, inexpressivos como sempre, focados nos meus.

— Ele me olhou com tanto ódio… — desabafo. — Ele ia… ia me machucar pra vingar o pai e eu não tinha nada haver. — Agrego.

— E está sentida por esse bastardo? — Sonda.

— Ele não era uma pessoa ruim — defendo. — Eu, mais do que todos, entendo como o luto afeta as pessoas. O que você sabe, Matthew? — Sondo.
    Matthew trava a mandíbula e seus olhos se escurecem com raiva.

— Não aja como se fosse a pessoa mais triste do mundo, a que viveu a pior culpa ou o pior luto. Você não sabe a realidade de ninguém, ragazza — ele se levanta, controlando o sentimento desconhecido por mim que lhe atingiu.

    Matthew passa a mão sobre a barba e vai até o carro, abrindo a bala e tirando de lá de dentro duas pás, em seguida vem até mim e me entrega uma, com meio sorriso no canto dos lábios quando eu franzo a sobrancelha.

— Ou você acha que eu vou enterrar esse seu namoradinho sozinho? — Engulo o seco com sua fala descontraída. — Vamos procurar um lugar mais afastado daqui. — Dá as costas e começa a caminhar para dentro da mata.

    Ele decide parar próximo ao lago, a uns dez metros de distância no máximo, então marca o lugar e começa a cavar.

— E se a água subir e desenterrar o corpo? — Pergunto pensando na possibilidade.

— Podíamos deixar o corpo dele jogado aqui e mesmo que achassem, nada ia acontecer com você, eu não deixaria. Só vamos enterrá-lo por, sei lá… consideração? — Ele dá os ombros.

— Então por que não entregamos o corpo dele à família? — Sondo, pensando no fato do Gian ser a última pessoa que sobrou a sua mãe.

— Ah, isso já seria consideração demais — ele revira os olhos. — Vai ficar aí parada princesinha Henderson? Vem me ajudar, não fui eu que matei ninguém. — Debocha.

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