Capítulo 17 - O Castelo De Mors

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Quando Melanie chega em casa, vê uma pequena maleta em cima do sofá. Era prateada, e era semelhante àquelas que algum empresário usava para guardar, com perfeita organização, seus papéis importantes. Só que havia algo de diferente naquela. Ao contrário do comum, ela era mais funda, capaz de armazenar outras coisas, que não fossem meros papéis.

Ainda parada perto da porta, Melanie se esforça para ouvir alguma coisa - um som que fosse causado por Betih. Mas, estranhamente, a casa estava em plena quietude. Ou Betih havia saído por alguns instantes, ou ela estava realizando algo sem ruídos.

Sem saber, a garota começa a se dirigir na direção do sofá com a maleta, mal sabendo porque. "Será que é mais um segredo que ronda minha mãe, Betih Limye?", pensa. Não ligou se, em seus pensamentos, se dirigiu a mulher como "mãe". Ela era isso, por mais que a garota tentasse mudar.

Quanto mais perto chegava daquela maleta, mais curiosa se sentia. Era como um desejo proibido, crescendo no fundo de seu estômago, tirando-lhe a concentração. Seus pensamentos se focavam, exclusivamente, naquele objeto, que podia esconder qualquer coisa imaginável.

"Não vou mexer naquilo. Não é algo meu para ser bisbilhotado", pensou, mais soando como um aviso. Ainda se lembrava da maneira estranha e até assustadora da qual Betih reagiu quando a viu perto do quadro das duas araras, no dia da festa de boas vindas. Ainda não tinha entendido o porquê do medo visível no rosto dela. "Será que ela é uma daquelas pessoas que tem auto-proteção aos seus pertences?".

Não... não era só isso. Tinha mais mistérios envolto desse caso.

Se senta no sofá, não tendo mais nada para fazer. Podia ir para o seu quarto, ou procurar alguma coisa para comer na cozinha. Mas não fez nada disso.

Atração. Não era necessariamente isso que ela estava sentindo. Era a mais pura, irrelevante e incomodadora curiosidade.

Com o canto do olho, pôde ver a maleta melhor. A superfície era prateada - como tinha percebido antes -, mas a tranca, localizada na lateral, estava abaixada. Estava trancada.

Poderia não ser isso. Poderia ser apenas uma imagem forjada. A maleta poderia estar aberta.

Melanie se contorce no seu lugar. Era como se um bicho estivesse dentro dela, tomando as suas próprias decisões. Quando foi que ela passou a ter um grande interesse nas coisas de sua mãe. Que estranho!

Antes que aquele "bichinho" começasse a controlar seu corpo, Melanie ouve os familiares sons de passos sobre o chão, se aproximando mais e mais...

Betih aparece na sala dois segundos depois. Estava com roupas casuais, e, na sua mão direita, se encontrava um objeto redondo, com uma rolha servindo como tampa. Um frasco.

Os dedos da mulher envolviam quase a metade do frasco, então não deu para distinguir a cor do líquido que se encontrava ao fundo.

Quando seus olhos encontraram os azuis da filha, foi como se tivesse recebido um tapa, forte a ponto de mudar a sua expressão. Seus olhos se arregalaram e suas mãos, em um simples ato involuntário, são levadas para atrás do corpo, escondendo o frasco. Mas já era tarde: Melanie já havia visto ele.

-Filha...! - pronunciou ela, com a voz em estado de alerta. - Achei que iria demorar mais lá com seus amigos.

-Eu voltei mais cedo. - respondeu, sem desviar o olhar da mãe. Estava nervosa; como se tivesse sido pega fazendo algo que não devia.

"Hum...". Melanie começou a ponderar a hipótese. "Isso poderia explicar o fato dela tentar esconder o frasco atrás de seu corpo". Mas o que se poderia fazer, de tão grave, usando apenas um frasco?

A Ordem Secreta - O Despertar do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora