Capítulo 23 - Incômodo

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   Natalie chegou em casa praticamente com um sorriso no rosto. Sua vontade de usar os poderes relacionados ao ar parecia crescer, conforme ela ficava mais tempo sem usá-los. Era um vício, quase que imediato.

   Não tinha ninguém em casa, o que para ela foi uma ótima notícia. Deitando na sua cama, tudo o que queria era voltar a usar seus dons. E seria exatamente o que faria.

   Levantou a mão, e os dedos começaram a se movimentar de modo ondulante. A Marca Elementar do Ar brilha na palma da sua mão, mas o que ela não percebeu era que o brilho da Marca estava mais fraco, quase sem cor própria.

   Porém os ventos saíram sem dificuldades. A ventania que tinha produzido varreu todo o quarto, levantando folhas de papel e pequenos fragmentos de poeira nos cantos.

   Natalie gargalhou alto, um som tão estranho que nem parecia ser dela.

   Porém acontece algo que faz com que sua concentração acabe, e os poderes voltam para dentro dela. A garota se senta, com uma expressão de dor, e coloca a mão sobre o peito, bem em cima do coração.

   Havia sentido uma estranha pontada naquela região. Foi como se um punho de aço tivesse apertado seu coração com a finalidade de espremê-lo até virar pó.

   Felizmente a dor não se prolongou muito. Mas os poucos segundos que duraram foi tão intensivo que lhe tirou todo o oxigênio dos pulmões.

   O que acabou de acontecer?

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   O silêncio era estranho no Inferno. Os gemidos infinitos das Almas Punidas, ao longe, pareciam o som dos ventos trazidos do horizonte. O cheiro de enxofre e queimado parecia puro naquele ambiente, como o cheiro das folhas em uma tarde de primavera na Terra.

   Mors está sentado na cadeira atrás de sua escrivaninha, segurando um cálice dourado escrustado com pedras pequenas e brilhantes, parecendo ser mais valiosas do que é possível.

   O líquido refrescou sua garganta, enquanto seus olhos admiravam a outra mão - aquela que tinha um anel -.

   O pequeno objeto vermelho continuava dando sinais de vida. A pequena forma dentro dele, que se assemelhava a um pequeno coração, palpitava a cada segundo. E Mors podia sentir isso, não claro, mas o bastante.

   Ver ele fazia o Lorde do Inferno sentir um ímpeto dentro dele; uma vontade sagaz de poder. Não daquele anel, mas dos outros. Daqueles que ainda estavam perdidos no esquecimento do tempo.

   A busca, porém, não estava finalizada. Aqueles anéis - o que ele possui e os que procura - eram uma importante peça para que o Inferno reine na Terra. De qualquer forma, se Mors achar todos eles, nada o impedirá do seu propósito.

   E ele já tinha uma vaga idéia de onde estava o segundo.

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   Mas uma reunião da Ordem Secreta tinha sido marcada para aquela tarde, mas Melanie não sentia a disposição para ir até lá.

   O encontro que tivera com Felicia ainda causava um estranho torpor nela. Ainda podia se lembrar da maneira como aquela mulher falava, enquanto acusava Betih de ser uma Bruxa. Que loucura!

   O fato bom foi que, ao chegar, sua mãe não ligou muito para ela ou para o seu atraso. Desse jeito, Melanie não precisaria mentir - ou esconder - o que tinha acontecido.

   Digitando uma mensagem para Nicky - na qual dizia que ela tentaria ir -, ela volta a se focar em seus pensamentos.

   O quê a Felicia ganha sendo daquele jeito em relação à sua mãe? Qual é a real finalidade dela tratá-la daquela forma? Por quê?

A Ordem Secreta - O Despertar do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora