Capítulo 20 - Feitiço Concluído

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   Ninguém em casa. Perfeito para Natalie. Fazer magia negra provavelmente causaria muito barulho, mas como não sabia as respostas dessa pergunta, Natalie apenas achou que estar sozinha seria melhor. Sem interrupções, o que significava mais concentração. E com mais concentração se podia ter um êxito melhor.

   A garota tivera que empurrar a cama mais para o lado, deixando um espaço ainda maior ali. Com um giz normal - essa parte se podia fazer com objetos mundanos, sem um certo feitiço, já que o que iria "contar" seria o desenho em si, as velas enfeitiçadas e as palavras -, ela começou a traçar linhas pararelas, que se encontravam em um certo ponto para criar um desenho.

   Quando está pronto, ela se levanta, como uma artista pronta para admirar sua obra pronta.

   O pentagrama estava perfeito. As cinco pontas estavam do mesmo tamanho, e o enorme círculo no centro parecia ter sido desenhado à base de um compasso gigante.

   Tomando o cuidado para não pisar em nenhuma linha do seu desenho, ela caminha na direção de sua cama onde, em cima do colchão, estavam descansando as formas cilíndricas de cera: as quatro velas.

   Pegando as quatro de uma vez, ela volta até o centro do círculo, e se ajeita para se sentar cuidadosamente. O círculo em volta dela dava uma área de espaço vantajosa, da qual ela podia se sentar sem se preocupar se destruiria alguma linha.

   Enquanto uma mão tinha as velas em posse, a outra estava com a caixa de fósforos, antes guardada no bolso da frente da calça de Natalie. Deixando as quatro velas no chão, ela abre a caixa, pega um fósforo e risca sua ponta vermelha contra a lateral da caixa. A chama não demorou para aparecer.

   A garota pega a primeira vela e acende o pavio. Pela forma como a base era lisa e arredondada, sem sinais de interferência que causava uma "imperfeição" na forma lisa, dava para depositá-la no chão sem ter o medo de que ela pudesse cair (apesar das chances não serem nulas, reduzidas á zero). Natalie a coloca em uma das pontas do pentagrama.

   Voltando para o círculo central, ela acende a segunda vela, colocando na outra ponta do pentagrama. Faz isso mais duas vezes, acendendo as velas e colocando nas outras pontas do pentagrama.

   Vendo essa imagem, perceberia que uma das pontas do desenho estava vazia. Isso fazia parte do feitiço da magia negra, pois, quando se tratava de uma magia pura, se usava todos os espaços de cada ponta do pentagrama, como uma forma de fechar um "círculo do bem" - a forma circular mais significava a verdade: tinha um início e um fim, que se entrecruzavam no ponto começo/fim -. Como era uma forma contrária ao feitiço original, haviam detalhes que deviam ser diferentes, como na forma como seria efetuada e as palavras que seriam usadas.

   Se levantando, ela caminha até a porta. Ao lado desta, estava o interruptor. Apertando o botão, a lâmpada no alto do cômodo responde á coordenação e se apaga. A luz das velas ilumina apenas o pentagrama; pouco se podia ver além disso, e quando acontecia, não era com clareza.

   Voltando a se sentar no lugar onde estava antes, Natalie primeiro respira fundo. O frio dentro de sua barriga ainda era notável, e a fez pensar mais uma vez no que estava fazendo. Tinha que fazer isso, porque depois que fizesse o feitiço, não haveria redenção. Uma segunda chance. Um arrependimento.

   "Eu.. eu vou fazer isso!". A evolução era a única meta da garota. Não havia um outro objetivo, ou um outro pensamento que corria em sua mente. Existia apenas esse, e nenhum mais. Não havia um momento, ao decorrer dos últimos dias, em que ela não parasse para pensar: "Por que eu? Por que a evolução não chegou até mim?", porque, para esta garota, seus poderes eram prioridade. Mais que isso: era a sua razão de vivência. Mal sabia, mas já tinha tomado sua decisão.

A Ordem Secreta - O Despertar do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora