01 | você quer ser ordinário?

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Yongbok sentia tensão em cada músculo de seu corpo.

Desde o momento em que leu o e-mail - muito estranho por sinal - até agora, que se encontrava em um ônibus destinado a Busan, ele não parou de se perguntar se ele realmente queria esse emprego. Mal dormiu aquela noite, queria apenas chegar logo para realizar a avaliação antes que desistisse.

Consumido em pensamentos, sequer via por onde passava no ônibus, sentado inquieto olhando nervosamente para as próprias mãos e as estralando com frequência.

Ficou sabendo sobre a companhia ORDINARY por causa do anúncio espalhafatoso nos classificados do jornal. Lá dizia ser uma empresa contábil e que estavam contratando, e bem, Yongbok estava desempregado e precisava tornar útil o seu diploma em contabilidade. Devia ser uma empresa bem grande já que a parte de recrutamento era terceirizada no prédio (extra)ORDINARY inc. E bem, agora estava indo em direção à seu novo emprego.

Quando se tocou que deveria prestar atenção no caminho, Lee viu que era a rua em que deveria seguir. Ele recebeu um segundo e-mail depois de confirmar sua presença na entrevista com o endereço do local e mesmo achando estranho os avisos, fez conforme pediram. Não avisou os pais, estes que estavam na Austrália, e nem seus amigos, apenas saiu de casa sem hora para chegar.

Ele saiu do ônibus, parando alguns metros longe de onde era o endereço. Era incrível o movimento das pessoas do outro lado da rua que viviam suas vidas corridas mas não atravessavam a rua. Era como se os prédios e casas daquele lado nem existissem.

Yongbok olhou novamente para os prédios ao seu lado, para frente e para trás, não havia ninguém além dele. Parou de frente para a construção com um letreiro luminoso, completamente chamativo, escrito em letras garrafais: "ORDINARY". Era uma construção alta ali, mas o prédio parecia estar abandonado há anos.

Lee pensou seriamente em dar as costas e voltar pra casa, mas já estava lá e não gostava de perder viagem. Usou suas últimas economias para chegar, agora faria sua entrevista valer a pena. Ele conseguiria aquele emprego a qualquer custo.

Engoliu em seco e abriu a porta do prédio. Era muito escuro, tendo como única fonte de luz uma janela quebrada na parte superior. Estava caindo aos pedaços, mas parecia ser o que um dia foi uma recepção, com um tapete vermelho estendido até um balcão de madeira. Haviam vasos de plantas - já mortas - nos pilastras. As paredes tinham alguns símbolos e palavras aleatórias grafitados, contudo era difícil de enxergar.

Yongbok tentava decifrar a caligrafia quando ouviu uma voz animada chamar:

- ei, você é Lee Yongbok?

Ele se virou imediatamente vendo um homem de cabelos azuis e óculos atrás do balcão. Ele estava mexendo num notebook cheio de adesivos, que Yongbok ainda não tinha visto, e lhe encarava com curiosidade.

- sim, eu vim para a entrevis-

- a porta no final desse corredor, aí você desce a escada até a última sala. - o homem interrompeu e indicou o corredor ao lado do balcão.

- ... ta. - Yongbok franziu o cenho e engoliu em seco - seu no-

- Christopher Bang Chan, Representante da Gestão Interina SKZ. - interrompeu novamente antes que Lee pudesse acabar de perguntar.

- ah certo. Quando eu entrar-

- procure por Hwang Hyunjin.

Isso já estava irritando Yongbok, que teve de usar muito autocontrole para não rolar os olhos e dar meia volta.

- certo, obr-

- não há de quê. - Chan sorriu simpaticamente, como se não tivesse o interrompido várias vezes.

ORDINARY | hyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora