Um feixe de luz dourado do sol da manhã passa pela vidraça da janela da carroça. Yen abre os olhos sendo quase cegada pela luz. Se senta bocejando e espreguiçando. Percebe que é a única ali dentro e sem sinal do cocheiro ou de Ayo. Se levanta, deixando o cobertor de lado e saí do transporte.
Encontra um horizonte belíssimo, com um grande sol dourado vivo e recém acordado, refletindo suas luzes na ilha banhada pelo verde das árvores e flores. Toda essa vista acontece num grande penhasco que dá para o chamado nesse mundo de mar dourado, justamente pelo reflexo que os raios do corpo celeste causam nas águas, as deixando com uma coloração de ouro. Ayo encara a vista, com as mão juntas em frente ao seu ventre. Yen se aproxima.
—bonito, não?—tem um sorriso tranquilo ao perguntar.
—é sim—a menina responde—onde estamos?—pergunta.
Ayo se vira, desmanchando o alargar de lábios, ficando com a expressão neutra novamente.
—estamos em casa.
—Horizon?—olha para os lados—mas eu não vejo—Ayo ri.
—que bom. Trabalhamos muito nesse feitiço pra não valer a pena—ela balança a cabeça, pedindo para a menina se aproximar.
Yen fica ao seu lado. As duas mãos de Ayo se erguem, fazendo gestos como se estivesse desenhando em um papel invisível. No ar, nos dois lados, desenhos estranhos começam a surgir como cortes no invisível, todos de aparência vermelha e escarlate. São runas. Ayo desenha cinco delas, cada uma sendo um pilar para o feitiço. Com todas desenhadas, em linhas horizontais, Ayo move a mão direita, fazendo os símbolos seguirem seu comando, formando outra fila, mas dessa vez, vertical. Bate as palmas e abre os braços. As runas se separam em uma distância significativa, rasgando o tecido da realidade, abrindo uma passagem, com uma vista totalmente diferente e fora do encaixe de onde estão.
A vista preenche os olhos de Yen. Eles brilham com a magnitude do lugar. A estrutura central é uma grande torre e em volta há outras torres menores acompanhado os círculos estruturais. Além de grandes pontes, passagens, quatro delas, longas e largas, opostas umas as outras. Uma das pontes passa por cima das águas, outra por meio de uma floresta, a penúltima por campos abertos e a última, por grandes montanhas. No final de cada uma, tem um portal de entrada e saída. São pontes ligadas a passagens muito bem escondidas e secretas por toda Halla, somente os usuários da magia de Horizon sabem onde fica e como trancar e abrir.
Yen e Ayo estão de frente para a ponte P1, que é a que segue seu caminho por cima das águas. Ayo volta para a carroça.
—você vem?
A menina se apressa em correr de volta para o veículo. Os cavalos levam o transporte, seguindo os comandos do cocheiro. Passam pelo portal, seguindo a ponte brilhante de tão limpa com suas cores cinza e branco. O portal se fecha, com as runas se retorcendo e "morrendo", sendo desintegradas e se partindo. A abertura da realidade começa a se costurar, grudando suas duas extremidades, enfim, como se nada tivesse acontecido, tendo somente a vista do horizonte azul com o mar dourado.
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As Crônicas de Fogo e Sangue: Hunter
Fantasía"O destino tem caminhos misteriosos". Já deve ter ouvido essa frese, não? Pois, bem, ela é verdadeira. A prova para isso está aqui, onde três almas que buscam diferentes objetivos de vida e possuem o destino entrelaçado e conectado. Um caçador que n...