‹⟨ 23: Corvos por toda parte ⟩›

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Com a noite já instaurada, fogueiras e tochas iluminam o pátio e o interior da muralha, onde seus moradores aproveitam o que, muito provavelmente, será o último momento de paz deles. Yen percorre as passarelas que fazem ligação entre as torres, todos os moradores terminam ou conferem se seus esforços e trabalhos foram bem feitos para não haver falhas quando a hora chegar.

—é tudo que temos?

Yen se aproxima de uma moradora, com vestido simples e humilde, pano branco cobre seus cabelos.

—sim—enrola a corna no arco—alguns tentaram conseguir mais penas, mas as estradas foram bloqueadas e em todo lugar na direção do sul está com medo ou rodeados com a bandeira da casa dos corvos. Logo eles chegarão, o que nos resta é esperar.

Por algum tempo, Yen encara aquela mulher que tem a expressão sofrida e machucada, blindada para tudo e todos.

—porque escolheu vir? Poderia está lá com os outros.

—não... Minha fazenda foi tomada pelos soldados, levaram meus filhos, aqueles filhos da putas. Eu criei eles sozinha depois que meu marido fugiu com a irmã, agora,—as suas mulheres trocam olhares sofridos—eu tenho que lutar.

Volta sua completa atenção para o arco que prepara. Yen segura a pena acima do balcão. Em segundos, multiplica ela em mais 10. Entrega nas mãos da outra.

—lamento por tudo.

Após a entrega, Yen passa por ela, recebendo os olhares que atingem suas costas mas a feiticeira nem olha para trás.

No pátio abaixo dentro da muralha, Ayo e Leyra conversam intimamente, muito próximos em frente a uma das fogueiras, banhandos pela luz do fogo e ao som da música típica e calma. Yen avista os dois de longe. Irene aparece, abraçando a amiga por trás.

—aceita?—oferece um dos morangos que degusta.

—não, obrigada.

A amiga olha na direção que Yen encara. Ela sorri, mordendo mais uma das frutas.

—acha que Leyra conseguirá conquistar aquele coração fechado?—sorri.

Yen inicia seus passos e Irene a acompanha ao seu lado. Após alguns segundos em silêncio, Yen levanta a cabeça para falar.

—você passou um tempo em Montór. Acha que a rainha Morgana virá com seu exército?

—eu sei que vai. Seu sobrinho foi amaldiçoado, transformado em um Ukar. Eu era a única que não o enxergava como monstro. Além disso, ela tem uma filha agora e a garra de uma mãe não deve ser superada.

—filha? Mas ela nunca se casou.

—bom, foi um presente deixado pelo irmão assassino—Yen se espanta.

—uau! E eu achando que essas coisas tinham acabado a muito tempo.

—hum, isso é muito comum. Algumas famílias quiseram imitar a antiga dinastia nisso. "Demonstração de força e blá, blá, blá."—consegue fazer a outra rir.

—você salvou o sobrinha da Morgana?—Irene sorri. As duas param seu caminhar.

—nós salvamos. Eu chamei um caçador. Castiel de Yosoda—Yen é fisgada por aquele nome e vira o rosto, visivelmente afetada—sempre me pergunto onde o destino dele o levou—morde mais um dos morangos.

—espero que para o inferno!—encara a amiga—devia tomar cuidado com o tipo dele—se afasta dela, indo embora. Cada uma segue seu caminho mas Yen continua seu praguejo—homens como ele tendem a não ser o suficiente!

—mas aposto que uma cerveja irá—Ayo levanta o copo de onde está sentada—venha, junte-se a mim.

—aaahhh—suspira—vamos beber então, já que morreremos em breve—pega o copo e senta ao lado de Ayo—aproveitar o último gosto do álcoo.

As Crônicas de Fogo e Sangue: Hunter Onde histórias criam vida. Descubra agora