‹⟨ 11: Relações ⟩›

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No antigo castelo acima da cidade, dois quartas guardam o portão da residência antiga e abandonada. Ficam na ponte com a cachoeira que encontra a água do lago abaixo, seguram suas lanças enorme e pontudas, seguindo as ordens da rainha.

Proximo dali, na floresta logo ao lado do castelo, atrás do muro cinza e tomado pelo gusmo, Castiel fica abaixado espreitando os cantos. Sua perna direita lateja com uma grande pontada, mas ele aplica um remédio pastoso que fabricou, o que esfria a ferida e a pele. Vai melhorar.

—você não foi embora—o olhar do lobo negro sobe pelo próprio ombro, vendo Irene logo atrás dele.

Ela veste um casaco de pele com pelos cinzas misturados com um azul e branco, combinando com o vestido da cor do céu, mas um pouco mais escuro. Veste luvas de azul escuras, que parecem ser preto em alguns momentos. Seu colar correga uma pedra transparente e elegante, ajudando a ficar mais bonita.

—eu? Que isso, e perder uma vista dessas?—volta a olhar na direção dos soldados.

—por que veio a Montór, caçador?

—eu vim atrás de outra coisa, mas no caminho, soube do desaparecimento de um caçador chinelão—responde sem se virar—uma coisa levou a outra.

—que coisa era essa, posso saber?—agora sim, ele a encara, com o cenho arqueado—curiosidade—volta a olhar para frente.

—a algumas semanas, eu enfrentei um lobisomem. Mas ele era diferente, mais rápido, forte, inteligente e tinha um fator de cura a ponto de fazer um membro crescer de novo... —a brisa fresca esfriada pelas águas geladas da cachoeira batem em seu rosto—só morreu pelo metal da minha espada. Era um mutante, com certeza. Tem só uma pessoa que eu conheço que mexe com mutações além dos caçadores, e boatos dizem que a sua rainha sabe onde essa pessoa pode estar.

—está falando da Yaga, certo?

—ela mesmo.

—se conseguir terminar seu serviço, a rainha pode lhe dar o que quer, caçador.

—é o que eu iria cobrar—Irene sorri.

Os olhos da feiticeira o analisam, seu interior diz algo, algo escondido em relação ao caçador, algo bem lá no fundo, uma negação talvez. Irene sente que Castiel é uma pessoa solitária, sozinha, e machucada, consegue sentir as cicatrizes daqui. Outra coisa também, ele nega, com avidez, o seu destino. E tudo isso, a feiticeira conseguiu sentir por um simples olhar.

—com lendas e histórias que percorrem pelo seu nome, uma pessoa como você com certeza já pensou um milhão de jeitos e maneiras de entrar ali sem ser visto—eles trocam olhares.

Castiel suspira. Agarra uma pedra pequena qualquer, evidência para a moça, depois arremessa na direção dos soldados. Eles se assustam com o barulho e começam a se atrapalhar, tropeçando nos próprios cabos de suas lanças. Se levantam numa presa exagerada e partem em uma corrida desajeitada e desastrosa. Castiel olha para Irene.

Dentro do castelo, os dois exploram os corredores abandonados, largados e empoeirados. Folhas secas, poeira que deixaria qualquer com o nariz espirrando como se estivessem em uma gripe forte, teias de aranhas montadas com cuidado pelas suas criadoras. Seguem a passos calmos, com o sol iluminando pelas vidraças. Passam por um lustre velho decomposto, os móveis estão todos aqui, velhos, deixados. Se a mobília ainda está aqui, as coisas da falecida Abdala ainda estão aqui. Param em frente a um quadro, uma pintura antiga dos três irmãos de quando eram pequenos, posando com as carinhas impacientes. Irene para ao lado de Castiel.

—são Morgana, Vister e Abdala—ela pensa por um momento, enquanto deixa o queixo levantado encarando a pintura. Seus olhos prestam a atenção nos três juntos, lado a lado, vestidos com roupas feias e extravagantes, mas lado a lado como irmãos —quem será o pai do bebê?

As Crônicas de Fogo e Sangue: Hunter Onde histórias criam vida. Descubra agora