‹⟨ 7: Pêssego ⟩›

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Semanas se passaram e continuamos no treinamento de manifestar a primeira magia com intenção de se ligar a essência. Nesse momento, é o que estamos fazendo.

Ayo ficava em cima, observando e se atentando. Vestiu a personalidade de professora rigorosa e exigente.

Entre as meninas, a que eu mais me aproximei foi Irene. Conversamos e ficamos juntas depois das aulas. Gostamos de ficar sozinhas num lago no interior do palácio, guardado por cavernas úmidas e graciosas.

—AH MEU DEUS! Eu consegui!

Todas olham para a garota de cabelos castanhos. Sua mão direita treme enquanto na frente, a pedra flutua. Ayo a olha, mas não expressa nada, parece aguardar algo.

—tudo bem?—Irene se inclina para o meu lado, num sussurro enquanto a menina comemora animada.

—tudo... Tudo sim—sorrio. Olho suas orbes.

—AAAAHHHHH!!!!!

O grito da garota rouba nossa atenção. Sua mão começou adquirir uma cor cinza e enrugada, com os dedos se afinando e se tornando caquéticos. Parece a mão de um cadáver velho.

Ayo sai do seu lugar e caminha à passos pesados na direção da garota. Bate suas palmas, abre os braços e do meio de suas mãos surge uma espada, materializada do nada. Um metal brilhoso e cinza, com escritas em uma língua desconhecida. Agarra o cabo e corta o braço da garota.

—AAAAHHHHH!!!—ela chora aos gritos com seu membro decepado.

Ayo segura onde está o ferimento. Pousa sua palma sobre a carne viva, sua mão parece ligar uma luz interna, destacando suas veias e tendões. A garota grita em mais desespero e dor. Seu ferimento está sendo queimado. Ayo para. O machucado está cauterizado. A aluna caí de joelhos.

—vai viver—diz limpando as mãos.

—por que isso aconteceu?—Irene pergunta.

—ela canalizou a essência da forma errada com o feitiço errado. Não devemos força-la, temos que deixá-la livre para fluir. E a flor ao lado da pedra, é uma isca. Quem seria afetada, seria a flor, não ela—Ayo olha para a de joelhos—vá até as curandeiras, elas vão te ajudar. Quando estiver melhor, vá para seu quarto-ela parte numa corrida desesperada.

—por quê não nos avisou?—pergunto.

—porque vocês devem se atentar aos detalhes—corta como uma navalha—para usar a magia, a inteligência é um recurso muito valioso—troco olhares com Irene. Ayo volta para o seu lugar—agora que vocês perceberam isso, deixem fluir.

Todas seguram a flor em uma mão, estendendo a outra para a pedra.

—ah, eu consegui!

—eu também!!

As outras comemoram. As flores em suas mãos secam e morrem, tornando cinzas.

—ah, meu deus!

Olho para Irene. Ela conseguiu também. Estou feliz por ela, mas o meu problema continua. Não consigo erguer a pedra. Mordo os dentes e dobro os dedos. Vamos, porra! Vai logo! O suor escorre frio pelo meu corpo. Desisto, soltando um grito de frustração.

—isso é perca de tempo. Eu não vou conseguir!—expresso olhando para Ayo.

Se retira do seu lugar, caminhando à passos lentos até mim.

—tente de novo.

—não consigo!

—não acredito. Mais uma vez.

—mas eu...

—mais uma vez!—interrompe num tom forte.

Suspiro. Os olhos das outras caem sobre mim. Irene também, mas num olhar doce, acena incentivando. Fecho e abro os olhos brevemente. Seguro a flor na mão direita, estendo a esquerda.

As Crônicas de Fogo e Sangue: Hunter Onde histórias criam vida. Descubra agora