Uma semana se passara desde o dia que eu havia cortado meus cabelos - raspado eles, na verdade - e minha mãe não gostou muito de ter sido excluída do momento que, segundo ela, era de suma importância a sua presença. Compreendo-a, embora eu ache exagerado a forma em que ela retrata isso. Era de fato algo importante, mas não ao ponto de gritar com Christian, dizendo que ele devia ter avisado ela antes.
- Lisa, está pronta? Já está na hora! - eu ia para mais um cessão de quimioterapia.
Quinze dias se passaram desde que eu havia começado. O tempo passava relativamente rápido, mas dentro daquela sala, com diversas substâncias entrando no meu corpo, implorando para que o mesmo reagisse contra aquele câncer, brigando com cada célula que queria se render. Aquilo passava dolorosamente devagar. Cada segundo se arrastava e eu ficava as vezes até cinco horas nisso. Mas era uma batalha que eu estava disposta a travar, disposta a dar tudo de mim. Eu havia me acostumado com a inexistência do meu cabelo, mas a falta que eu sentia de ter ele ainda era grande. E depois de perde-lo completamente, eu imaginava ficar absurdamente depressiva, amuada em um canto, sem vontade de lutar contra a escuridão que me cercava cada dia mais. Mas, eu quis lutar, assim que me vi, assim que as palavras de Christian ecoaram em minha mente, aquele desejo de vencer, de ganhar inundou meu corpo.
- Estou descendo!
- Espero você no carro. - foi tudo o que Christian disse antes de eu ouvir a porta da sala ser fechada.
Hoje eu saberia se continuaria com o tratamento, se estava realmente causando efeito, ou se eu precisaria começar do zero. Minhas mãos, tremiam, e embora eu acreditasse em minha força, minha cura, eu estava nervosa. Mas ergui a cabeça, me olhei uma última vez no espelho. Um lenço cor de rosa estava em minha cabeça. Meu vestido florido também na cor rosa combinava com o lenço. Um truque que Chloe me obrigou a aprender. Ela passara rapidamente aqui na noite anterior, para deixar sacolas enormes com lenços de diversos tipos, diversas cores e modelos. Me ensinou a usar alguns deles e me fez prometer combina-los com as peças de roupa. Como boa amiga que sou, fim o que me fora pedido.
Desci as escadas, ainda com as mãos tremulas e quando entrei no carro Christian me olha.
- É inacreditável como consegue ser linda em qualquer momento! - franzi as sobrancelhas em forma de protesto e ele me deu um sorriso brilhante.
- Estou nervosa. - admiti
- Eu também. Mas sei que vai ocorrer tudo bem! - ele segura minha mão, levando até os lábios e beijando-a. - De toda forma, estamos juntos nessa.
- Obrigada por estar comigo nessa! - dou um sorriso amarelo para ele
- Vamos, hoje o dia vai ser longo! - ele beija meus lábios e liga o carro, tomando partida
O dia está terrivelmente calor, mas lindo. Passamos pelas praças e crianças brincando, rindo me dava a força necessária para acreditar em uma melhora. Não apenas em mim mas no mundo em si. Acreditava na bondade deles e isso era inspirador.
Quando entramos na sala do médico responsável por me observar e examinar. Ele estava sério. E isso me assustou um pouco, fiquei inclinada a pensar no pior.
- Bom dia Melissa, como está se sentindo hoje?
- Nervosa... Mas bem. - o Doutor me da um sorriso e continua
- Fico feliz que esteja bem, mas não há motivos para nervosismo, sentem por gentileza. - nos obedecemos e ficamos calados o tempo inteiro. Christian segurava minha mão com força. E eu estava começando a achar que o apoio era mais para ele, do que para mim. Percebi em como ele não consegui deixar as pernas paradas nem por um momento.
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Quando tudo vai bem
RomanceNem sempre o que vimos significa literalmente isso. Lisa é prova viva de que algumas coisas que acontecem não são exatamente o que estamos vendo. Depois de passar por um problema amoroso com Christian, o melhor amigo de seu irmão, Lisa sai da sua c...