Quando tudo vai bem

Capítulo 22

Eu não conseguia abrir meus olhos, um peso enorme me impedia de abri-los e isso me deixava mais desesperada. Percebi então que era por causa de medicamentos. Fortes medicamentos para tentar amenizar a dor e a agonia que eu estava sentido. Percebi também, que eu estava com aparelhos respiratórios. Hospital! Eu estava no hospital. Mas, não conseguia de forma alguma abrir meus olhos. Me faltavam forças para isso.

- Tudo bem Cupcake... Eu estou aqui com você! - conseguia sentir as mãos de Christian passando pelos fios de meu cabelo, sussurrando, avisando de que eu não estava sozinha. Cumprindo sua promessa mais uma vez.

Consegui por fim abrir os olhos, observando com a visão um pouco turva Christian sentado ao meu lado. Com o semblante sério, um pouco triste.

- Oi! Esta tudo bem! Não se agite tanto, acabou de sair de uma cirurgia. - isso explicava o porque meus olhos estavam tão pesados, insistindo para ficarem fechados e eu mais uma vez mergulhando no sono. - Sua mãe esta aqui. Foi buscar roupas extras para vocês. Mas eu não vou deixar você aqui. - Eu não conseguia falar, os tubos de oxigênio me impediam.

- Bom dia! - dia? Por quanto tempo eu havia ficado apagada? Por quanto tempo Christian ficou agoniado me esperando dar sinal de vida? - melissa, que bom que acordou! - meus olhos corriam de Christian para o médico parado em minha frente. Sem entender muito o que estava acontecendo, olhei para Christian com um olhar desesperado, implorando para que ele me explique o que estava acontecendo.

Eu só me lembrava de estar naquele lugar lindo com Chris, dançando, e então... As tosses voltaram. Claro! Ele havia me trazido de volta para o hospital depois do que provavelmente foi um desmaio causado pela minha falta de ar.

- Creio que você esteja confusa com tudo o que esta acontecendo. Com tantos tubos em volta de você. - sim, eu estava. Embora eu já imaginasse que fosse para me ajudar a respirar. - Você chegou aqui já apagada, não conseguia respirar. Então colocamos você em uma maca e foi preciso fazer uma cirurgia de emergência. Seu caso... Piorou - senti o meu corpo afundando com a notícia e vi Christian, completamente parado, congelado. Segurando o ar, tentando acordar do que parecia o pior pesadelo de nossas vidas.

- Tem certeza doutor? Não fazem nem um dia inteiro que saímos daqui e... - Christian foi interrompido pelo médico.

- Lamento. Mas já estava em um estado muito delicado. O que nos resta é fazer as seções de quimioterapia e desejar com todas as forças que serão suficientes. Vamos começar na próxima semana. Descanse Melissa. Nós acabamos precisando fazer a cirurgia em você e pelo estado agravado que estava, acabou sendo mais delicado.

Christian me olhou, com lágrimas nos olhos, mas respirando fundo, impedindo que elas rolassem por seu rosto. Tentando demonstrar qualquer tipo de forças eu imagino. Enquanto a mim... Somente processava de forma lenta tudo o que estava acontecendo comigo. Eu havia aceitado meu estado poucos dias antes de vir para o casamento. Um pouco antes de pegar aquele voo que mudaria minha vida por completo. Mas... Naquele tempo, a situação não parecia tão preocupante. E como se tudo não fosse ruim o suficiente, ainda envolvo pessoas na história. O que mais me afligia, mais me tirava o sono e me deixava com medo, era as pessoas que conviviam comigo precisar passar pelo luto.

- Você precisava ver o Piter dançando. Lisa ele dança muito pior que você!!! - Chloe e Piter estavam me visitando no hospital. Já era o dia seguinte a cirurgia. Eu estava conseguindo, aos poucos, voltar a respirar sem ajuda de aparelhos. O que possibilitava e facilitava minha comunicação com as pessoas.

- Não exagere Chloe! Pisei no seu pé poucas vezes! - nós riamos agora, visualizando o desespero estampado na cara de nosso amigo, que tentava a todo custo se defender das acusações de Chloe.