Capítulo 32

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As visitas no hospital se tornaram frequentes desde a descoberta do avanço do câncer. E Christian parecia ainda mais determinado a ficar me animando, embora eu conseguisse ver em seus olhos o quão casado disso tudo ele estava. Cansado de fingir, de sorrir, de se dispor da maior parte do tempo para ficar comigo. De acordo com ele, não era problema algum ele se dispor tanto assim, se esforçar tanto. Ele havia garantido que não era minha a culpa desse cansaço. Mas eu sabia que lá no fundo era sim. 

Duas semanas se passaram e ele conseguiu me convencer de ir atrás do meu vestido de noiva para o nosso casamento. Em outras circunstâncias eu estaria muito mais que feliz por estar indo fazer isso, mas eu não tinha a mínima vontade agora. Não depois de sair do terceiro ateliê e todas me dizerem diversas vezes o quão magra eu estava que nem mesmo as peças mais justas ficavam boas em mim. Elas não sabiam é claro. Eu usava uma peruca convincente para que elas não soubessem. Embora eu não goste tanto, Chloe me ajudou a por ela. Para que ao menos isso parecesse normal para mim - ir a procura do meu vestido de casamento- Mas ao que tudo indicava eu estou condenada com isso até o fim. 

Magra demais querida, elas diziam. Todas. Um dia inteiro sem que eu não ouvisse esse tipo de comentário. Eu não ficava na frente de um espelho a um tempo, não fazia ideia de estar tão aparente assim. Mas era outro sinal do avanço do maldito câncer. E eu ficava irritadíssima com isso. Com minha falta de capacidade em esconder as lágrimas que rolavam todas as vezes que alguém dizia isso a mim. Embora eu force um sorriso convincente, minhas lágrimas teimosas falam por mim. E eu nem mesmo sei o por que exatamente estou permitindo que elas rolem com facilidade. Talvez só tenha desistido de esconder o quanto isso me incomoda. O quão sensível isso é para mim. Por mais forte que os outros digam que sou. Eu já não me sinto tão confiante como estava a algumas semanas atrás. 

- Os vestidos dessas lojas nem são tão lindos assim. - dizia Chloe, em mais uma tentativa falha de me animar após mais um ateliê que não deu certo.

- Claro que são Chloe, o problema não é esse. - eu rebatia. Eu estava cansada disso tudo. - Podemos ir embora agora? 

- Sim, podemos sim. Mas antes, tem mais um lugar que eu gostaria de ir. 

- Pode ir, eu espero no carro. 

- Não mesmo. É  para você ir comigo, vamos em outro ateliê. 

- Chloe, eu não sei se é uma boa ideia. 

- Será sim. Eu prometo, vem. 

É impossível fazer a Chloe mudar de ideia. Quando ela põe algo na cabeça não existe nada que ela não faça para realizar. Ela estava decidida a encontrar um vestido de casamento para mim, e ao contrário de mim, ela não estava desanimada. Estava zangada pela forma em que todas falavam comigo, mas ainda assim com esperança. 

- Estamos chegando? Eu realmente estou cansada Chloe. 

- Estamos quase. Prometo levar você direto para casa assim que acabarmos.  - é claro que não adiantaria em nada resmungar sobre isso, ela estava decidida. E iria conseguir. 

O restante do caminho foi longo e doloroso. Eu já estava cansada demais de tanta correria. Meu corpo não era mais o mesmo de antes e isso atrapalhava todas as coisas que eu gostaria de fazer. 

- Chegamos senhorita. - ela diz, em um tom de deboche. 

O lugar em si era pequeno, parecia uma casa normal mas continha diversos vestidos. De todos os tamanhos e cores. E havia desenhos espalhados pelos espaços na parede, existia mais desenhos do que qualquer tipo de vestido.

- Boa tarde meninas! - uma voz um pouco casada surgia de trás do balcão. 

- Bom dia senhora Anastácia, sou eu a Chloe! 

Quando tudo  vai bemOnde histórias criam vida. Descubra agora