Ladra de Pequenas Ciências

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É estranho passar anos e anos com a mesma aparência, ser chamada de bruxa e condenada, ter que viver se mudando para não notarem o que sou, é cansativo

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É estranho passar anos e anos com a mesma aparência, ser chamada de bruxa e condenada, ter que viver se mudando para não notarem o que sou, é cansativo. Bom.... Era, até eu o conhecê-lo, até ele me mostrar que eu não era uma aberração como achei que era, até ele me mostrar como minhas sombras podem assustar os outros e não me assustar, Aleksander Morozova foi minha salvação durante um século, mas por algum motivo os santos nos separaram.

Ainda me lembro de cada sentimento que senti naquela noite, uma simples noite em que queria ver as estrelas longe de meu esconderijo, até sentir as flechas atravessarem meu corpo e eu perder a inconsciência, me lembro do medo que senti quando acordei em uma cela, acorrentada e com as mãos separadas, meu corpo dopado o suficiente para não conjurar e acordada o bastante para suportar os experimentos dos Shus. Seis séculos sendo um rato de laboratório, tanto tempo vivendo embaixo de camadas de medo e drogas, por um momento eu achei que seria salva, mas esse pensamento passou quando me lembrei que Aleksander não viria pois tinha uma pessoa, já eu, não passava de uma conhecida com os mesmo poderes que os seus.

Tanto tempo sendo alvo de experimentos teve seus resultados, no começo meu corpo perdeu peso, depois meus cabelos castanhos começaram a perder a coloração nas pontas até ficarem cinzas, depois meus olhos foram cada vez mais se tornando claros, o que antes eram pretos agora era um cinza quase azulado, e o mais assustador para mim: Eu conseguia copiar a habilidade de outros grishas, fiquei estática quando toquei em um sangrador em uma noite, ele estava na sela ao lado e eu toquei em sua mão para conforta-lo e acabei puxando sua habilidade sem perceber, mas senti a pequena ciência se movendo em mim no dia seguinte. Não demonstrei para os guardas nem os cientistas sobre isso, estava coletando habilidades o suficiente para tentar fugir.

Quando eu já havia coletado todas as habilidades que um grisha pode ter, eu fui salva, acordei em uma madrugada com gritos e sons de explosões, depois sombras cruzaram as grades da minha sela imunda. No começo achei que estivesse alucinando por causa dos estranhos líquidos que foram injetados em mim mais cedo, mas depois eu o vi tudo mudou, estava diferente, mais bonito e o cabelo mais curto, a barba cobrindo o maxilar, e o olhar havia mudado, senti todo o meu corpo tremer quando seu olhar se encontrou com o meu.

Fazia tempo que eu não chorava de felicidade, mas naquela madrugada eu chorei chamando seu nome baixinho, ele pareceu não acreditar mas mesmo assim não hesitou em arrebentar as grades e correr até mim, as mãos grandes e calejadas seguraram meu rosto e analisaram minhas feições com total preocupação, depois seus olhos me analisaram por inteiro, o corpo esguio e somente pele e osso, depois as mudanças que tantas torturas me deram, os braços dele me envolveram tão rápido e forte que achei que fosse morrer só por poder senti-lo perto novamente.

Meus soluços preencherem o local e faziam eco o suficiente para eu ignorar os sons da batalha lá fora. Aleksander me segurou nos braços até eu perder a inconsciência. Quando acordei estava em um lugar tão claro e cheiroso que me belisquei para verificar se era real, curandeiros haviam me tratado, e eu parecia muito melhor, os cabelos pareciam ter mais brilho e minha pele parecia ter ganhado cor, eu não sentia mais tanto cansaço a cada passo e não tinha tonturas.

imagines- Darkling 🖤Onde histórias criam vida. Descubra agora