Fique comigo...

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Toma depressão pra vocês.

Toma depressão pra vocês

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Sn= Atena.

Meu corpo todo clama por um minuto de paz, descanso ou até água, mas não tenho nada disso aqui, nem a possibilidade. Lutei por tanto tempo que não resta quase nada, quase. Apenas o homem de preto me encarando, os sangue escorrendo de seu rosto onde as garras dos volcras passaram parece não o abalar, e isso me irrita, isso me deixa ainda mais desesperada. O Merzost o mantém de pé, já eu... Eu não tenho nada, nada para continuar lutando. Mesmo que eu quisesse.

Todos os soldados que Nikolay dispôs para lutar ao meu lado, meus amigos, meus aliados do outro lado que acreditavam que poderiam deter O Darkling, todos mortos, ou implorando pela morte. Nikolay morreu a muito tempo, com a cabeça esmagada por um monstro de sombras logo no momento que avançamos para a Dobra. Zoya está deitada ao chão, os olhos estão em mim, seu corpo incapaz de se mover com a lança cravada em sua barriga. Alina e Maly... Meus amigos, eles sumiram e não tenho certeza se estão respirando, mas se estão, com certeza não estão mais lutando.

- Você é a única, Atena. Se renda!- a voz dele reverbera pelo meu corpo cansado.

Eu não queria fugir, não queria lutar, não queria ter o abandonado. Mas Alina me levou, ela me puxou além das florestas e a Dobra, para a loucura de sua mente de que o lado certo era longe da única pessoa como nós. Longe dele. Nikolay e seus planos mirabolantes, a insistência em querer a coroa que sequer o pertencia, eu fui levada a isso, e quando tentei fugir novamente para retornar ao lado que eu sentia que realmente pertencia, eu fui presa, e forçada a lutar. Até eu estar aqui, sangrando, perdendo tudo o que me restava, perdendo minhas chances.

Um soluço doloroso me escapa junto as Lágrimas que descem por minhas bochechas machucadas, a dor em meu peito tanto física quanto mental. Tento dar um suspiro para acalmar minha respiração, mas ao fazer isso meu corpo todo dói e minha respiração falha me fazendo olhar para baixo, meus olhos arregalam com a visão de um pedaço de madeira atravessando para dentro de meu corpo, minha mão sobe para a madeira que deixa um fio de sangue escorrer por ela como um torneira aberta.

Minha respiração se tornando difícil e eu engasgo em desespero, meus olhos se fechando por um momento mas não dá certo. Eu olho desesperada para frente, para onde ele está, os volcras em volta dele esperando o momento para atacar, os grishas restantes observando de longe com caras amarradas e confusas. Tento dizer algo, pedir desculpas por tê-lo deixado mas não consigo, engasgo novamente e dou um passo para frente com dificuldade, se eu não posso dizer talvez um último abraço.

A postura rígida dele parece vacilar quando dou o segundo passo e caio sobre meus joelhos, um som estrangulado de dor saindo por meus lábios. Agarro a terra morta a minha frente, meu olhar relutante e despedaçado subindo para ele com muito esforço. Eu preciso dizer. Ele tem que saber.

- Me... Des...culpe.- um pouco de sangue cai de meus lábios e eu me desespero.

Seus olhos negros se arregalam e vejo o momento em que ele corre até mim, rapidamente se ajoelhando ao lado de meu corpo e segurando meu rosto, ele me segura me trazendo para seu colo desesperado. A testa franzida e os olhos inquietos me fazem prender a atenção no seu rosto e esquecer da dor excruciante em meu corpo.

- Fique comigo. - uma ordem. - Fique comigo.- uma súplica.- Fique comigo, Atena!

Um pedido desesperado, de alguém desesperado.

- Eu não... Não.. que...ria.- gaguejo, o sangue começando a me afogar. Preciso dizer. - Desculpe, por... Favor. Eu... Queria... Ficar com vo...cê.

Sua mão agarra minha bochecha me mantendo olhando somente para seu rosto, mas não me ajuda mais do que alguns segundos, a próxima respiração que dou é como sentir a própria morte me puxando. Lágrimas teimosas escorrendo e se misturando com meu sangue.

- Eu sei, eu sei. - Ele diz, a voz se quebrando e os olhos se enchendo. - Eu sei que tentou voltar. Sei que não deixaram. Mas agora está aqui, então, fique comigo!

Ele continua a me olhar, os olhos estão quase transbordando e a mão em meu rosto treme, ele quer desmoronar mas não pode. Não combina com ele. Olho novamente para seu rosto, gravando em minha memória seu lindo rosto, os cabelos que eu adorava passar as mãos para irrita-lo, a barba que me fazia cócegas quando ele me abraçava e enterrava o rosto em meu pescoço, os lábios que eu tanto amava beijar. Tudo tão bonito e bem feito, para esconder a dor imensa que ele é obrigado a carregar.

- IVAN! - ele grita para o nada, os olhos vagando desesperados pela escuridão. - Fique comigo Atena, eles já estão vindo.

Uma risada dolorida me escapa, minha mão sobe até a sua com dificuldade, sangue manchando a sua mão. Meu sangue.

- Eu te amo... Eu..- não consigo terminar, o sangue começa a me afogar por completo. Por favor, ele tem que saber.

- Não, não, não, não. Atena? - suas mãos me viram de lado para cuspir o sangue, o vermelho cai em sua capa. - ONDE ESTÃO OS MALDITOS SANGRADORES E CURANDEIROS?

A dor é tanta que eu fecho os olhos inconscientemente, meu corpo sendo deitado no chão me mantendo reta.

- Fique comigo, Atena. Eu imploro.

Eu queria ter ficado, queria acordar e dizer o que eu tinha para ele. Queria que ao menos ele tivesse tempo de descobrir que nosso amor estava sendo transformado em algo belo em meu ventre.

Mas eu não fiquei.

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imagines- Darkling 🖤Onde histórias criam vida. Descubra agora