Almas gêmeas.
Duas palavras que fizeram minha vida toda se transformar em um completo misto de inferno e céu. A alguns séculos atrás eu não acreditava nem um pouco nisso, achava que sangradores não tinham esse direito, e mesmo nos momentos em que eu pensava que teria essa sorte, sempre pensei que minha alma gêmea seria boa, ou alguém que não fosse tão obcecado por poder. Eu estava errada, não na parte de não ter o direito de ter alma gêmea, mas na outra parte onde minha metade é completamente má e obcecado por poder, mesmo antes da Dobra eu aprendi a viver com medo e em um cenário de morte Constante, mas depois que o Não Mar surgiu aquilo pareceu mudar.Passei alguns anos escondida com alguns grishas em uma parte distante da Dobra e de qualquer parte perto de Os Alta, até eu sentir o puxão e a conexão se formando em uma madrugada de inverno. Me lembro de não conseguir dormir naquela noite e ir colocar mais lenha na fogueira, foi quando aconteceu, o sentimento estranho e mesmo assim bom me preencheu e depois senti como se não estivesse mais sozinha, como se a qualquer momento eu pudesse tocar essa ligação entre mim e qualquer pessoa que estivesse do outro lado. A lenda fala que sempre haverá uma metade forte o suficiente e outra fraca, no meu caso eu tive certeza de que minha outra metade era a mais forte da ligação, eu podia sentir o tamanho de seu poder e sua extensão.
Quando ele me encontrou eu já sabia o que ele era, vestia preto e tinha um rosto bonito mas mesmo assim carrancudo, estava cercado de outros grishas e foi direto até mim. Meu esconderijo não pareceu eficiente já que ele me rastreou em menos de dois dias depois de nossa ligação, os grishas refugiados que estavam comigo pareciam surpresos por vê-lo até que nossa líder saiu de sua cabana para conversar com ele impedindo que chegasse a menos de dez passos de mim. Meu rosto pareceu mudar de uma hora para outra quando o ouvi chamar Baghra de "mãe", o que antes era medo se transformou em surpresa.
— Sabe quem é ela ? — ele perguntou, a voz rouca e séria me fazendo estremecer.
Os grishas refugiados se distanciaram rapidamente quando ele olhou em volta com os olhos escuros intimidadores, meu corpo congelou no lugar quando seu olhar recaiu em mim, avaliadores e mesmo assim diferentes de qualquer olhar que já recebi. Baghra olhou para trás em minha direção, a mão pálida e magra se estendeu para mim me chamando para perto, mesmo que minha mente gritasse para me mover meu corpo não me obedeceu, então uma mão grande agarrou meu braço me arrastando para perto deles com um pouco de agressividade. O homem com casacos de pele e um rosto carrancudo me deixou ao lado da velha e se afastou alguns passos se colocando atrás de mim como se eu fosse fugir.
E a partir daquele dia eu me tornei sua alma gêmea, pelo ao menos para as pessoas de confiança dele, para os outros eu era sua sangradora de confiança. Foi assim durante tanto tempo que passei a me acostumar com suas atitudes, com o sangue que ele carrega nas mãos e em como seu jogo sujo funciona. Já tentei fugir dele, mas nunca deu certo, ele sempre me encontra. No começo eu me recusava a ficar perto do homem que matou tantas pessoas e tornou nosso país nisto, minhas tentativas de fugas sempre eram de noite ou madrugadas, saia de perto dos guardas e corria em direção de qualquer vilarejo ou lugar que poderia usar para me esconder por um tempo, mas nossa ligação sempre me denunciava.
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imagines- Darkling 🖤
FantasyATENÇÃO! ESTE É UM LIVRO DE IMAGINES COM NOSSO VILÃO FAVORITO! Cada capítulo se passa em uma história diferente, sem continuações. As histórias são de minha autoria e não permito plágio, se quiser se inspirar e escrever algo com relação a minha hi...