imagines- Darkling 🖤

Posso ficar aqui com você ? ...

— Oi !— coloco minha cabeça para dentro do escritório com um enorme sorriso.

O olhar desconfiado sobe para mim com uma carranca,  eu aumento mais meu sorriso.

— Não, não, e não. Não vou cavalgar com você Lizz. — sua mãos gesticula para mim, me dispensando.

O sorriso some de meu rosto e eu me obrigo a respirar fundo, meu corpo se coloca para dentro do cômodo e eu tranco a porta. Ele sequer liga para minha animação enquanto caminho para sua mesa, mas quando toco seu braço para atrair sua atenção ele desvia o olhar do trabalho e me olha sério, a testa franzida em irritação.

— Mas você prometeu. — digo um pouco manhosa, cruzo os braços inclinando a cabeça para o lado.

— Estou ocupado. — volta a atenção para seus inúmeros papéis e tudo o que o maldito Darkling faz aqui. — Você não é uma garotinha mimada, que pode ter tudo na hora que quiser.

Mas que hipocrisia! Logo ele falando isso. Pelo o que eu me lembre, ele quem me leva para cavalgar quando estou entediada, ou que me dá doces quando fico triste, e também me dá presentes depois de suas viagens longas, ou também ele deve ter se esquecido da vez em que perdi os meus prendedores de cabelos e ele invocou criaturas de sombras para procura-los, e com certeza não deve estar se lembrando quando eu disse a ele que queria um animal de estimação, e ele simplesmente apareceu no dia seguinte com um filhote de lobo cinzento.

— Tem certeza disso?— pergunto um pouco sarcástica. Ele me ignora completamente.

Mas para a sorte dele eu não estou aqui para tirá-lo de seu escritório. Meu dia não foi nada legal, começando logo pela manhã com o café da manhã com a Rainha e seus herdeiros, a insistência da mulher que sempre diz que a Conjuradora do sol deveria se casar com um herdeiro Lantsov, isso só piorou tudo. Nikolay não é tão ruim, até somos amigos, mas seu irmão é asqueroso e ficou o resto da minha manhã me perseguindo, e mesmo depois de meu treino e refeição tudo parecia piorar. Me machuquei em meu treino com Zoya, não consegui conjurar o corte perfeitamente e Baghra me bateu com sua bengala, e acabei chorando em meu quarto.

Então minha única razão para ter me levantado de minha cama, e caminhar até aqui é somente para uma coisa.

— Posso ficar aqui com você ? — pergunto um pouco baixo, meu corpo se apoiando na mesa um pouco mais perto dele — Eu só queria um pouquinho de carinho, ou eu posso ficar sentada alí.... — aponto para a cadeira a sua frente e ele continua a trabalhar.— Por favor?

Ele solta um suspiro derrotado, o corpo se recostando na sua cadeira, o olhar subindo para meu rosto e parando para me avaliar por um momento. Mas minha alegria é feita quando ele abre espaço para mim em seu colo, a mão me puxando para ficar sentada entre suas pernas e praticamente deitada em seu peito, como uma criança, mas isso não me importa nem um pouco porque eu consegui atenção!

— Prometo ficar quieta. — sorrio para ele deixando um pequeno beijo em sua bochecha, uma risada fraca me escapa quando sua barba faz cócegas. — Obrigada.

— Deite aí e fiquei quieta até eu terminar isto. — ele tenta parecer autoritário mas vejo o brilho em seu olhar.

E foi isso que fiz, fiquei deitada contra seu peito apenas observando o que ele estava lendo ou até escrevendo, sem realmente enteder, apenas observando. Hora ou outra sua mão acariciava meu braço com círculos preguiçosos e carinhos reconfortantes, ou até quando ele termina de ler um relatório e se inclina para deixar um beijo em meus cabelos. Mas quando finalmente a pilha de relatórios foi toda lida, ele se acomodou mais confortável na cadeira e me puxou mais contra seu corpo como se ainda tivesse espaço entre nossos corpos, o que não há com toda certeza.

— Dia ruim?— pergunta, a mão livre tirando o cabelo de meu rosto.

Concordo com um pequeno aceno e ele concorda devagar, os olhos avaliando meu rosto como se estivesse hipnotizado, até se aproximar para beijar meus lábios delicadamente, depois minhas bochechas, ponta do nariz e testa. As mãos me deixando carinhos onde tocam, os lábios deixando beijos delicados e reconfortantes me fazendo fechar os olhos apenas para apreciar o momento.

— Você quer algum doce ?— pergunta novamente, o rosto se arrastando pelo meu pescoço enquanto a barba faz cócegas.

— Não, não.... Eu só quero ficar aqui, com você. — Digo segurando seu rosto, ele me olha compreensivo e sorri levemente.

— Está bem. Me conte como foi seu dia. — Me beija novamente, e então me olha curioso.

E então eu contei tudo, contei que me senti horrível e tudo o que eu pensei em fazer quando eu finalmente arrancasse a cabeça de Vasily, depois contei que não consegui conjurar direito e que a mãe dele me bateu, mostrei a ele onde o corte em minha testa tinha sido feito quando estava treinando com Zoya e ele beijou o local, mesmo que o machucado não estivesse mais lá. E ele me ouviu, sem me interromper por sequer um segundo, ele simplesmente ficou lá me olhando carinhosamente, e quando eu acabei de falar ele me encheu de beijos e disse que estava orgulhoso de mim.

Não sei ao certo em que momento eu adormeci, mas sei que foi muito bom, e não teria acordado se não tivesse escutado vozes. Estavam baixas e controladas, mas mesmo assim me acordaram, mas não abri meus olhos, apenas me aconcheguei mais em Aleksander e senti seu braço me apertar mais contra ele.

— Faça uma varredura nessas áreas também, quero um relatório bom antes de partirmos. — Aleksander continuou a ditar ordens, a voz pode estar baixa mas não deixa de ser autoritária.

— Sim senhor. — Ivan, a voz sai um pouco mais alta mas mesmo assim sinto que ele parece se arrepender.— Se me permite dizer senhor.

— Sim, Ivan.— sinto um carinho ser me dado, os dedos penteando meus cabelos delicadamente.

— Deveria se casar com ela, vejo o quando ela a faz bem. — o tom sincero de Ivan retumbou em meus pensamentos e quase desperto por completo.

Mas só quando os passos se distanciam e a porta é fechada novamente eu posso escutar a resposta de Aleksander.

— Eu vou.