16 - A festa. Parte I

2.6K 248 30
                                    

Tereza

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Tereza

Estava no colo dele, mas eu precisava ter a certeza do que estávamos vivendo. Não quero mais ficar nessa indefinição.

Se o todo poderoso e maravilhoso veio tão sedento por mim, é porque de alguma forma, quer levar isso adiante. Estava tentando tomar coragem e ele me incentivou.

— Pode perguntar. — Ele fala e acaricia meus cabelos.

— O que temos? Pergunto e fico esperando uma resposta simples, somos amantes, namorados, ficantes. Mas ele me respondeu com outra pergunta.

— Precisamos rotular? Não esperava um pedido de casamento, mas essa necessidade de fugir da pergunta, me deixa incomodada, mas oque veio a seguir, me fez empurrar para longe qualquer possibilidade.

Ouvi-lo justificar que mulheres ricas merecem ser tratadas diferentes, e serem assumidas, me fez sentir nojo de estar me submetendo àquela situação.

Eu mereço mais que sexo escondido. Eu não sou pior que uma mulher rica, que tem seus relacionamentos públicos, baseado em seus dígitos na conta bancária.

Aquilo me fez acordar para o que eu estava vivendo. Ele até gostava de ficar comigo, mas o que ele disse ao irmão tinha sim um fundo de verdade. Eu não servia para ser mais que um segredo.

Perguntei onde era o banheiro. Precisava me recompor, meu peito retumbava uma canção dolorida. Eu precisava dar um passo importante para não permanecer naquele jogo sujo.

Quando sai daquela sala, parece que estava num deserto, tal qual um sedento necessitado de uma gota de água para a amenizar sua agonia. Eu precisava sair daquele limbo.

Eu não merecia aquilo. Sempre segui a linha certa da vida. Muitas de minhas colegas de infância foram sucumbidas pela necessidade e terminaram usando o corpo para sobreviver.

O meu caminho sempre foi duro e cheio de desafios, e em meio ao meu desespero em busca de onde me agarrar na enchente da pobreza, me vender nunca foi uma opção.

Mas cá estava eu, uma sobrevivente jogada a lama do poder. Onde permiti que usassem do meu corpo.

Fizeram com que eu me sentisse pior que uma prostituta. Ela vai sabendo o que esperar. Eu fui achando que podia ter por merecimento.

— Tereza, está tudo bem? Que cara é essa? O que houve lá dentro? A voz do Felipe parecia vir em uma frequência do qual eu não sabia onde se encontrava o interlocutor.

— Me solta. — Foi a única coisa que respondi. Eu precisava sair dali, tomar um banho. Me sentia fétida, enojada.

— Eu não vou deixar você sair assim. — Acredito que o olhar que eu lancei na direção de onde vinha a voz, o fez recuar.

Passei pela recepção e fui em direção ao elevador. Estava trêmula, fatigada.

Eu tinha duas opções, fingindo ter entendido as entrelinhas e continuar sendo usada por ele ou fazer o que eu estava fazendo. Interromper esse ciclo vergonhoso.

TODA ERRADA Onde histórias criam vida. Descubra agora