45- QUANDO ÉRAMOS CRIANÇAS...

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Quando éramos crianças, ou uns putos preguiçosos sonhadores e com muitas luzes sobre o futuro, era muito mais fácil falar dos nossos problemas; eram bem minúsculos, a gente contava minuciosamente sem deixar um galho cair da árvore, e quando íamos à escola,um caderno, para alguns filhos sortudos que tinham os pais criativos que afiavam os lápis dos filhos com lâminas ou facas afiadas na falta de um afiador moderno, uns lápis de cor, estojos, bastavam, uma ou outra coisa esgueiravam, mas não fazia mal. Embaciavamos-nos com os desenhos animados, passávamos horas, a manhã, a tarde ou o dia todo a assistir os Phineas e Ferb's, as Jessie's, os Ben 10, os Homens Aranhas, Disney's e os Pandas..., um monte de desenhos animados que maravilhavam e fantasiavam nossas mentes, despreocupados porque tinha quem connosco preocupava-se comumente.

Hoje, estamos adultos e os problemas multiplicaram-se e não falamos dos nossos problemas, antes, os ocultamos e se os contarmos, muita coisa omitimos.

A vida adulta no limiar, uns... 18 até 20 anos em diante, vou ser sucinto, para uma pessoa que preambula p'ra caralho e sonha p'ra caralho... é uma merda!

Mas, não qualquer merda. É uma merda que cheira mesmo mal, desanda, fétida. Nos tornamos esotéricos. Se quando putos contávamos os problemas abertamente, hoje, adultos inibimos e se contarmos pormenorizadamente somos capazes de passar um dia, e mesmo assim não iremos culminar de os contar, pois eles são muitos e enormes.

Há quem diga que:

"os problemas só acabam quando a pessoa morre."

"O mais velho nunca conta tudo, há sempre reticências..."

Construímos nossa identidade, indo atrás da utópica originalidade, pois ninguém é original na sua plenitude.

Somos todos frutos de um desenho animado que outrora gostávamos de assistir, fruto de livros que lemos, consequências de influências dos pais, amigos, namorados e as namoradas, frutos de modas estrangeiras, somos uma amálgama de influências, tudo isso cria um Ricardo, um João, uma Anastácia, uma Tomásia, um Tomé, um André...

somos todos um pouco dos outros, um pouco do que assistimos, lemos, vimos, ouvimos, gostamos e não só.

Às vezes é difícil fazer desembocar tudo que está no nosso peito, que está enraizado no âmago, aquilo que nos aflige, atordoa e magoa. — Adultos são seres tão misteriosos, que até assusta!

Deixamos de defender preceitos e causas que antes defendíamos e acreditávamos com veemência. Tornamos-nos cépticos ou incrédulos para muita coisa.

É difícil passar-se um dia sem dizer à um pedestre ou um taxista, no íntimo por fazer algum disparate:

- Puta que o pariu deste gajo! Metia-lhe mesmo uns murros agora por ter-mo pisado, mas estou ocupado.

Para pessoas mais comedidas, dizem:

- Há quem traz azar yá! Deixa só... vou só ao meu destino, deve ser o diabo a me testar, o Altíssimo não há-de permitir.

Quem diria que algum dia, eu viria a ser assim... com os segredos, com as coisas que corroem, mas não as faço sair, e isso mata-me às vezes e absorta. Eu morro quando sinto que estou aquém das fantasias que minha mente cria. É como se me tirassem o ar, e não inspirasse oxigênio e expelisse dióxido de carbono. Parece que às vezes inspiro algo mais pesado e expiro coisas que quando saem doem, uma faca a sair pela barriga, para ser mais preciso.

Ser adulto é isso: preparar os cadernos para escola, preparar a roupa para o dia, estudar, ter uns livros, embora nunca são assasses, precisamos os de filosofia e os de medicina, tudo em simultâneo, mesmo a falta dos tostões, ter que pensar e fazer escolhas todos os dias, um monte de matéria para decorar, uns dizem estudar, mas lixa-se, dá no mesmo e marrar sempre se precisa de mguimbo e pachorra, os lápis de cor não precisamos com tanta precisão, pois a nossa vida sem cor fica, talvez um cinzento quase preto. É.

É talvez isso que assemelha-se. O que era espampanante passa a ser uma rotina. E todos sabem que a rotina aborrece.

Apercebidos do nosso fraco e magro estado financeiro, buscamos por dinheiro, trabalhando ou fazendo outras coisas, mas que, no final dá dinheiro.

Para quatro coisas:

1º. Auto-afirmação; sentimos-nos umas lagartas que agora desabrochamos os olhos e transformamos-nos em borboletas, queremos voar para o mundo e explora-lo.

2º. - Agradar; uns vão dizer que não, mas é tudo balela, no final o intento é este. Agradar umas moças, comprar uns hambúrgueres e umas gasosas a fim de desembocar o penis para conhecer algumas xanaszinhas, abrir uns mares vermelhos, na fase da libido provocativa. No caso da mulher, auto-independência, autonomia e uma pilha de tudo as desprende financeiramente dos ditos homens que pensam que acham que podem apoderar-se de uma alma feminina com uns trocos.

-3º. Liberdade; sensação de sentir-se liberto é um sensação que é até afrodisíaca.

- 4º. Contribuir com alguma coisa em casa; o respeito é d'outro mundo quando compras pelo menos um sabão ou uma escova de roupas.

Um monte de coisas que uma pessoa adulta passa, lida, e às vezes morrem dentro dela. Ser criança é mais fácil, é-se mais feliz na inocência., com os conhecimentos qualquer coisas nos entristece e embrutece.

Eu, agora, com dois brincos e dois piercings em sinônimo de vaidade, alguns atavios me ficariam bem - algum dia pensei. E confesso, rebeldia aos padrões.

Sonhador e ambicioso, como muitos por ai.

Vivendo com livros e músicas de rap e algumas quimeras. Continuo aqui a querer enfrentar o sol, alcançar as montanhas e a ver se realizo tudo que sonhei quando estava fase da puerilidade; criancice.

Ein Stück von mir, das auch ein Stück von dir istOnde histórias criam vida. Descubra agora