Ein Stück von mir, das auch ein Stück von dir ist

9- VIDA DE CÃO

Em Angola as coisas são sobremaneira difíceis. Matricular o filho em uma academia é escabroso, subir em um táxi para chegar à um destino é difícil, e até para deixarmos de ser néscios idem.
Vida de cão — é. Vida de cão mesmo! Nós não vivemos, nós sobrevivemos, no outro texto dizia eu que era temerário o suficiente para suportar cheiros nauseabundos, ter alguém a deixar meu traje imundo, e até transpirar feito escravo nos wawas de 50. Eu gosto dessa aventura. Sim, isso é uma aventura. Na verdade as coisas não deviam ser assim tão difíceis. Ter bons professores que esmiuçam matérias com convicção científica e o aluno tenha confiança no mesmo professor não devia ser um milagre, comer bem não devia ser coisa d'outro mundo. Pergunto vezes sem conta que Angola é um país rico em recursos naturais: Barragens, Petróleo, o Carvão, e afins. E em compostos extraídos dos minerais; diamantes e etceteras. Mas a questão que não se cala na minha cabeça é a seguinte:
- As pessoas têm o quê nas cabeças? Que não veem que há coisas que importunam o cidadão Angolano, que temos maioritariamente vidas de cães! Não são os recursos que fazem um país desenvolver, são as pessoas. Coisas que devíamos ter e não temos, coisas que devíamos usufruir e não usufruímos. Acredito também que, há muita gente que se deixa influenciar fácil e por outro lado, as pessoas que ignoram tais factos deve-se a um índice elevado de alfabetização. Qualquer Patrício lúcido balda-se vivendo assim. Ir tratar um bilhete que nos identifica como Angolanos, fazemos décadas, isso se não tivermos 'padrinhos na cozinha ou cunhas. Hospitais públicos sem condições, condições só se for na clínica(girassóis e afins). Está mal!
Aqui nos comem a carne e nos roem o osso, reduzindo-nos a nada, reduzidos a pó. Nada? Não pode ser patavina porque pó é alguma coisa.
Mas eu não estou aqui para criticar(depois de censurar tanto... somos seres tão hipócritas.). Eu quero soluções, que todos que me leem, afinquem-se aos estudos, que sejamos uma geração de pessoas doutas, com conhecimento científico e olhos críticos para sabermos a discrepância entre país democrático só na boca e país democrático no verdadeiro sentido.
A poeira nos bairros nos trás patologias, como bronquite e outras doenças respiratórias, subidas de preço para salários tão mínimos, estradas mal estruturadas que enfadam não só meus sonhos, como de outras gentes. Queremos mesmo viver assim? Feito cães?
Eu não quero.