Capítulo XI

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- Respire pelo nariz e expire pela boca – murmurou Isabella para si mesma sentindo o corredor alongar-se a sua frente.

A jovem loira sentia-se nervosa e apreensiva. Olhos brotaram das estruturas desertas da ala sul, observando cada movimento seu e julgando-a sem misericórdia.

Caim estava a sua frente. Ele guiava o caminho, silencioso como o usual - era um tanto incomodo se comparado a Abel.

Depois de uma espera generosa, Isabella finalmente teria seu tão aguardado café da manhã com Sua Majestade. O nervosismo e expectativa tomavam conta de seu âmago enquanto a garota de olhos azuis passava as mãos repetidamente em seu melhor vestido, perguntando a si mesma se sua aparência era adequada para uma alteza. Não precisou pensar muito para obter uma resposta.

A entrada se aproximou rapidamente ao ínterim que o guarda se postava a sua frente, batendo na porta três vezes e aguardando uma reposta.

- Entre. – A voz do Imperador fez com que arrepios agradáveis se espalhassem pelo corpo de Isabella.

Caim empurrou a porta esbranquiçada com arabescos dourados e abriu o caminho para Sua Alteza a um belo aposento iluminado com tons de creme.

Não havia quase nada naquela câmara, apenas duas empregadas posicionadas em pé na parede, uma pequena mesa alva e redonda, com um bocado de diferentes comidas sobre ela, e duas cadeiras, uma em frente a outra. Em uma delas habitava o homem de olhos vermelhos preenchido por uma expressão de profundo tédio.

Isabella engoliu em seco e caminhou até lá. Sua Majestade virou o rosto e a encarou, quase fazendo-a tropeçar em seus próprios pés pela vergonha.

- Que a graça esteja com a Vossa Majestade – saudou curvando-se desajeitada.

- Já basta disso, não? – inquiriu em um suspiro. – Você planeja se curvar para mim e me chamar de "Sua Majestade" pelo restante da sua vida?

Isabella piscou confusa. – O que quer dizer com isso?

- Quero dizer que estamos noivos e logo estaremos casados, passaremos muito tempo juntos. Se você se curvar para mim e me chamar de Sua Majestade em todas as ocasiões que nos encontrarmos, não seria desconcertante?

A jovem de olhos azuis tamborilou os dedos e riu envergonhada: - Quando você coloca desse jeito, parece um pouco desconfortável mesmo....

Com passos vagarosos, Sua Alteza andou até a mesa e abancou-se desgraciosamente na cadeira cândida.

O Imperador levou a xícara no formato de flor desabrochada aos lábios e bebericou com esguiez. – Mas então, do que eu deveria chamá-lo? – E ruminou um pouco. – que tal querido? – sugeriu se lembrando do pássaro negro.

Com tais palavras, Sua Majestade engasgou e quase cuspiu aquilo que acabara de levar a boca.

- Só me chame de Alexandre – pediu sentindo-se consternado.

- Querido é tão ruim assim? – Ele assentiu. – Ok então, Alexandre – concordou Isabella, rindo.

O homem de cabelos negros fitou-a e prendeu-a com seu olhar encarnado. Seus traços libidinosos e luxuriosos pareciam acompanhar cada ínfimo movimento da garota de cabelos dourados, desde sua respiração até o piscar de suas pálpebras róseas. Isabella ficou paralisada, deleitando-se com aquele homem que era iluminado pela luz da manhã e ainda assim aparentava pertencer veementemente a penumbra, exalando uma sensualidade sem limites e suculenta.

Neste momento, os lábios perfeitos de Sua Majestade abriram-se. Sua Alteza inclinou-se para frente, queria apreciar qualquer coisa que pudesse sair daquela voz veludosa, etérea e penosamente efêmera:

O Imperador VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora