Capítulo XXIV

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Dutcha, Marsha e Clementina orbitavam em torno de Isabella; Dutcha girava, enrolava, prendia e soltava seu cabelo em movimentos ágeis e firmes. Marsha dava os toques finais em sua maquiagem, principalmente em suas pálpebras, pintando-as de prata. E Clementina buscava as joias que mais combinariam com o vestido, rejeitando veementemente qualquer coisa dourada. Não demorou muito até que elas soltassem Isabella e a conduzissem até o espelho adornado de detalhes amarelos.

Ela contemplou uma jovem excepcionalmente ataviada que oscilava da mesma maneira que si. Possuía olhos profundamente azuis, pestanas rútilas, lábios rubros e sobrancelhas loiras levemente arqueadas. Suas faces redondas eram perfeitamente adornadas por sua crina flavescente, posta no alto de sua cabeça em uma configuração que se assemelhava a uma flor desabrochando. Em suas orelhas jaziam um par de brincos de filigrana e um suas pontas pendia uma joia encarnada como as íris de Alexandre. Um vestido prateado com detalhes vermelhos na barra contornavam sua silhueta coberta por um tecido brilhante e translucido, deixando a mostra seu forro lindamente trabalhado. A vestimenta caia-lhe como uma cachoeira de paládio e movia-se tão sublimemente que parecia ser uma extensão de seu corpo.

Etérea fora a única palavra que Isabella pode encontrar para descrever a garota no espelho.

Ela girou os tornozelos e perguntou – então, como estou? – para as garotas a sua frente.

Todas tinha esse mesmo semblante, como se o ar tivesse sido arrancado dos seus pulmões e agora elas o procuravam sem conseguir respirar.

- Maravilhosa – suspirou Dutcha torcendo o seu avental.

- Maravilhosa é pouco – replicou Clementina em tom de deboche.

- Você está ótima, Vossa Alteza – disse Marsha fria e seriamente.

Isabella riu como o tilintar de um sino e agradeceu, correndo em direção a porta lateral de seu aposento e tocando-a com gentileza.

- Alexandre, eu posso entrar? – pediu colocando a orelha na entrada. Ela ouviu um chiado afirmativo vindo de lá de dentro, colocou a mão sobre a maçaneta e girou-a.

Quando adentrou a alcova, os mordomos já estavam arrumando suas coisas e se retirando. O Imperador encontrava-se parado no meio do quarto ajeitando os botões de sua blusa. Tinha os cabelos negros postos para trás e usava um terno preto com detalhes vermelhos que lhe caia de forma magistral. Estava mais libidinoso do que nunca.

Isabella juntou suas mãos em frente ao nariz emocionada. Ela apressou-se e se colocou ao seu lado, gravando a imagem daquele homem profundamente em suas retinas.

- Você está lindo, Alexandre – elogiou girando ao seu redor.

- Obrigado – respondeu em um suspiro.

O humor do Imperador Vermelho vinha estado sorumbático já havia um tempo, o motivo era simples; ele odiava bailes. Não gostava do barulho, nem do cheiro de perfume forte, nem da concentração de nobres e seus sorrisos de negócios, tampouco apreciava dançar.

- Veja pelo lado bom, Alexandre, dessa vez você só vai precisar dançar comigo – consolou Isabella enquanto tomava chá em seu escritório alguns dias antes.

O homem de olhos carmim inclinou a cabeça e fitou a jovem de maneira melancólico. – Mas não vou poder te beijar como faço quando estamos sozinhos na ala sul. E essa é uma pena pesada demais para suportar.

Isabella não pode evitar sugar o ar exasperada enquanto se lembrava do ocorrido.

- Você também está bonita, Isabella – murmurou Alexandre ao pé do ouvido da garota. Seus rosto corou violentamente.

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