Capítulo XXXIII

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Izlanda, a terra de gelo, conhecida como um território sem rei ou líder. Sua sociedade funcionava de forma comunitária, todos se ajudavam enquanto viviam dentro de um palácio de cristal. Era onde todos os quarenta e oito reinos realizavam seu encontro anual.

Âmbar se aproximou do palácio enquanto diminuía sua velocidade e pousava no chão, nos confins do território do castelo. Em seguida, continuou correndo em terra firme. Suas patas formavam enormes sulcos na neve.

De repente, uma multidão de soldados começou a se aproximar deles. Todos tinham cabelos loiros quase brancos, olhos azuis vítreos e expressões assustadas. Eram Izlandeses. Não perguntaram o que eles vieram fazer ali e imediatamente partiram para o ataque. Seus gritos eram como lanças perfurando os tímpanos de Isabella.

Não somos inimigos!, a jovem tentou gritar, todavia seu corpo não obedecia.

O guarda mais próximo de Âmbar lhe atirou algo semelhante a uma espora que aumentou sua velocidade e começou a pegar fogo enquanto viajava no ar. O lupin mal se incomodou, soltando um latido que fez a lança diminuir a velocidade até cair pateticamente no chão. A neve que a tangeu derreteu quase de imediato.

Outros soldados começaram a se aproximar carregando espadas, lanças, claves, bastões, estrelas da manhã, bestas, arcos, foices e quase qualquer coisa que fosse pontiagudo. Eles eram pontinhos brancos gritando maldições e profanidades. Alguns deles chegaram perto o suficiente para atingir Âmbar. Ele desviou sem muito esforço e rosnou como uma forma de aviso.

Não somos inimigos!, Isabella tentou exclamar de novo, porém seus lábios sequer tinham forças para se abrirem.

Subitamente uma massa estranha e negra começou a se formar sob suas cabeças. Se assemelhava a uma pequena nuvem de chuva feita sob medida para os dois, mas era estranha demais para ser isso. O corpo de Isabella se arrepiou, ela já tinha sentido isso antes. Era magia concentrada. A jovem se alarmou, precisavam sair dali logo. Já tinha quase morrido por coisas demais em um único dia – monstros, sangramento e hipotermia -, a última coisa que precisava era quase morrer por anafilaxia. Âmbar também percebeu aquela coisa e saltou sobre a cabeça de uma dezena de guardas poucos segundos antes dela desabar um uma torrente de feitiços coloridos.

Mais uma multidão de guardas se lançou em sua direção. Âmbar se desviou deles com tranquilidade e pulou mais uma vez sobre a cabeça dos soldados, deixando-os irritadiços.

- Lute, covarde escorregadio! – berravam em uma babel de xingamentos e danações.

Eles lançaram mais uma torrente de feitiços sobre si. Dessa vez, ele sequer fez questão de desviar, rosnando e transformando os feitiços em pó.

O voz gutural do lobo soou na mente de Isabella como um estrondo. – Vamos sair daqui, humana Isabella! Eles não vão nos escutar e se nos rendermos, na melhor das hipótese, vão nos jogar nas masmorras. Vamos invadir!

Não! Isabella rejeitou veementemente a ideia, contudo Âmbar não podia escutá-la. Ninguém podia.

Ele se lançou na multidão de guardas, derrubando-os no processo como pinos de boliche. Seus gemidos e grunhidos tristes podiam ser ouvidos acompanhados da algazarra que se formou. O lobo voltou a voar atravessando os muros do castelo de cristal e se dirigiu para uma de suas balaustradas. Uma que ficava ao lado de uma grande abobada coberta de gelo. Âmbar pousou na varanda, seu corpo mal cabia naquele pequeno espaço. Ele tomou impulso, estava prestes a quebrar a janela do balcão, contudo ela se se abriu sozinha antes que ele pudesse fazê-lo.

- O que está acontecendo aqui? – inquiriu uma voz raivosa que a jovem conhecia bem.

Era Alexandre, Isabella quis se levantar das costas do monstro e correr para os braços dele, mas não conseguia se mover.

O Imperador VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora