Capitulo 59

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De volta aos cinco anos depois

De olhos fechados lembrava-se daquele dia, guardava o cheiro ainda na memória e por vezes refazia essa cena em sua cabeça, mesmo com o passar dos anos. Uma batida na porta a tirou de seus pensamentos.

- Sarah! Está na hora. – era Felipe a chamando.

Haviam ficado sócios depois de alguns anos trabalhando juntos. Uma oportunidade apareceu para que Felipe abrisse um novo estúdio e Sarah entrou de sócia com ele. A parceria deu muito certo e o trabalho deles era considerado um dos melhores do país. Sempre que a mídia queria lançar uma banda ou cantor, procuravam o estúdio. Os melhores cantores de bandas também gravavam seus CD ́ s sob os arranjos de Sarah e atualmente já arriscavam montar uma produtora para gravação de DVD. Ela sabia muito bem o quanto trabalhara para conquistar tudo que tinha. E com a ajuda de poucos, sua família, Vera e Caio. Gil também fez parte dessa trajetória, embora acompanhasse sempre de longe.

Quando entrou na sala de observação ficou aguardando os músicos começarem, sua presença causava certo frisson. Sarah continuava linda, agora com cabelos curtos, num corte repicado e moderno. Malhava todos os dias e corria quando tinha tempo, hábito que fez seu corpo mudar radicalmente.

- Essa é a tal Sarah? – perguntou um dos músicos dentro da cabine.

- Sim. Aquela da revista que você viu. – respondeu o outro.

- Nossa que gata! É mais bonita ao vivo. Eu pegava ela. – falou com um sorriso sarcástico. O que ele não sabia era que os microfones já estavam ligados e podia-se ouvir até a respiração deles de onde a loirinha estava.

Felipe estava ao lado dela achando graça do comentário.

- E aí Sah, pega ele?

- Pego, só se for pra jogar fora. – Sarah apertou um botão chegando perto de um microfone e pigarreou. – Gente, os microfones estão ligados, estão prontos pra começar? E... ah sim... Baixista, eu não estou disponível para "pegação". – sorriu.

O rapaz não soube onde enfiar a cara de tanta vergonha. Sarah e Felipe riam de onde estavam e deram sinal para que a banda começasse. Sua rotina era acompanhar as gravações e trabalhar na produção das músicas. Algumas vezes dependendo do músico chegava a criar o arranjo fazendo uma participação no cd. Adorava o que fazia e por isso tinha tanto sucesso.

Rio de Janeiro

- Até que enfim lembrou que tem mãe.

- Desculpa mãe, tive um problema com o carro e não pude vir antes. – falou Juliette saindo do carro.

- Porque não veio no outro?

- Está com um problema no ar condicionado e não quis vir nele, vou mandá-lo também para a revisão e depois vender. Já está na hora de trocar.

- Você e sua trocação de carro. E aquele outro, porque não o vende também.

- Não! Aquele carro vai ficar guardado.

- Vai desvalorizar.

- Não interessa. Ele ficará exatamente onde está. – Juliette se referia ao carro que havia dado a Sarah.

Entraram em casa e depois de deixar suas coisas no quarto Fátima sentou na sala para conversar com ela; estava preocupada com a filha.

- Como estão as coisas?

- Indo. Muito trabalho no escritório e pouca distração.

- Por que não viaja? Você gosta e pode muito bem tirar uns dias pra descansar.

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