Capítulo 61

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Juliette estava na sacada do hotel olhando para o mar. Fátima comentava alguma coisa, mas ela não ouvia.

- Está me ouvindo?

- Não.

- Que foi? Está calada desde o encontro. Não foi bem o que imaginou, mas tem que estar preparada para frustrações.

- E estou, mas confesso que foi um balde de água fria mesmo. A senhora se importa se formos embora?

- Não filha; já conhecemos Salvador, nada aqui é novidade pra mim. Recolheram suas coisas e partiram.

Depois das reuniões e acertarem um contrato muito rentável, Sarah encerrou seu trabalho em Salvador. Haviam negociado a gravação de algumas bandas que seriam lançadas no Carnaval, tudo seria gravado lá mesmo o seu estúdio somente revisaria. E isso renderia também a gravação ao vivo do festival de verão que acontecia todo ano na cidade. Sarah ficou satisfeita e ligou para Felipe. Passou mais uns dias com a família e voltaram no domingo. Chegando em São Paulo, Maria Abadia nem desfez as malas, no dia seguinte iria embora com Luisa.

- Com as aulas começando, não pode faltar. – Sarah falou rindo para a sobrinha.

- Tia, eu volto nas férias de julho.

- Ta bom querida, vamos programar um monte de passeios.

No dia seguinte, após deixar as duas na rodoviária, foi para o estúdio trabalhar. O festival foi gravado e dele saiu um DVD produzido pelo estúdio. Sarah tinha tantos compromissos nas próximas semanas por conta disso que não teve tempo de pensar em Juliette durante o dia, mas toda noite lembrava-se dela e do encontro em Salvador. Um dia quase na hora de ir pra casa Felipe a chamou em sua sala.

- Sah, senta aí.

- Ih, se é pra sentar é porque vem bomba.

- Já morou no Rio, aliás moramos.

- Sim.

- Trouxemos o estúdio pra cá por uma oportunidade de negócio, fiquei com o outro lá, depois me desfiz dele, porque esse dava mais lucro.

Sarah escutava a tudo atenta.

- Quer voltar pra lá? – o rapaz perguntou na dura, deixando Sarah de olhos arregalados. – Já sei, tem seu apartamento aqui, toda uma estrutura, mas surgiu uma oportunidade ótima e isso vai melhorar os negócios. Apareceu um bom contrato lá e daria certo se você ou eu fossemos toda semana, ficássemos num hotel e voltássemos pra cá. Só que eu acho que desse contrato vem mais coisa e aí dá pra montarmos outro estúdio lá.

- Nossa Felipe! Teria que pensar nisso, eu...

- Lhe dou um apartamento lá. Será seu e não do estúdio, para compensar o deslocamento. Negociamos um valor de compra e o imóvel fica no seu nome.

- Não quer mesmo que eu recuse hein?

Ele riu.

- Sei que você gosta da cidade e a ocasião pede um bom investimento que renderá o dobro depois. Sabe que lá você é mais referência que aqui, afinal tem o respaldo da faculdade. É quase uma lenda da música.

- Ta bom, não precisa puxar saco. – ela brincou. – Me deixa pensar até amanhã pelo menos, te falo logo cedo.

- Ok. Pense com carinho. Sei que o ano mal começou e já te jogo essa bomba, ou melhor, mudança, mas será uma boa para nós dois.

- Pensarei.

Sarah foi pra casa e mil pensamentos tomaram conta de sua mente. Tomou banho, jantou e depois pegou o violão para tocar. Havia aprendido antes de começar a trabalhar com Felipe e além do piano, também tocava flauta transversa, saxofone, contrabaixo e arriscava até percussão às vezes. Realmente havia se tornado uma referência na faculdade. Gostava de ouvir tais elogios, mas não se deixava engrandecer por eles. Gravou a melodia tocada no violão para levar ao estúdio no dia seguinte e foi dormir.

WAVE - SARIETTE Onde histórias criam vida. Descubra agora