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Babi on

Acordei bem cedo hoje. Tenho muitas coisas pra resolver e o novo detendo chega hoje.

Minha vida seria bem mais fácil se eu não fosse cercada por machistas de mente pequena. Em pleno século XXI, tem gente que acha que mulher é menos capaz.

Bruno: sai cedo e chega tarde- ele murmura deitado na cama- isso tá virando uma rotina de qual eu não gosto.

Babi: você sabe que eu preciso fazer isso, amor.

Bruno: você não precisa, você quer. É diferente Bárbara. Você escolheu esse emprego ridículo.

Ignoro e ponho minhas coisas na bolsa.

Bruno: daqui a pouco você põe os presos acima da nossa relação.

Babi: eu sei separar muito bem, não vou botar nenhum deles acima de você.

Ele me chama com a mão e eu vou e me sento do lado dele

Bruno: amo você - ele me beija - só quero que você tome cuidado. Isso não é brincadeira é uma ambiente cheio de criminosos.

Babi: eu sei amor.

Tainá: odeio homem.

Babi: eu sei. Você deixou isso bem claro dezenas de vezes. Inclusive no seu casamento com a Lara.

Tainá: você vê como alguns dos presos olham pra gente ? Como se fôssemos um pedaço suculento de carne.  Vontade de socar.

Babi: a maioria deles não tem contato com uma mulher a anos. Infelizmente não podemos mudar isso. Caráter não se muda.

Pela janela da minha sala vejo o ônibus com o novo  prisioneiro chegar.

Tainá: mais um pra coleção - ela cruza os braços- só alegria por aqui.

Babi: eu odeio o conselho - observo o detendo saindo do ônibus.

Tainá: e eles te odeiam -ela zomba - nem seu namoradinho promotor pode te salvar dessa.

Ignoro ela  e saio da minha sala indo pra entrada do bloco onde o novo detendo vai ficar.

Logo os carcereiros chegam com ele. Já não gostei da forma  soberba que ele me olhou.

Babi: olá Camilo, sou a Bárbara, a superintendente do CPRJ.

Coringa: gosto que me chamem de Coringa- concordo.

Isso é um direito dele, desde que não seja um nome desrespeitoso ou algum tipo de brincadeira com a nossa cara, não vejo problema em chamá-los pelo nome que desejam.

Babi: certo. Sei que  vai levar um tempo para você se acostumar com as regras do CPRJ. Você vai ter muito mais liberdade do que você tinha no antigo presídio que estava. Só peço que entenda que toda ação gera uma consequência.

Coringa: ah, você é tipo professora de escola infantil ? Se a gente se comporta você dá um docinho?

De canto de olho vejo a Tainá revirar os olhos e bufar baixinho.

Não dá pra culpar a garota por odiar homem.

Coringa: já sei que docinho eu quero - ele dá um sorriso " inocente" pra mim.

Babi: levem o Camilo par sala dele. Se não me respeitar , não terá o meu respeito. Podem levar ele - falo com o guarda.

O prisioneiro ergue o máximo possível da mão e me dá tchauzinho.

Tainá: não gostei dele, muito engraçadinho pro meu gosto.

Babi: as piadas aparentemente vão ser o de menos. Ele dava mais ordens que o diretor no antigo presídio que estava.

Tainá: e pra piorar não sai tão cedo.

Babi: ele pegou a pena máxima, nem se sabe se vai sair vivo.

Lopez: dona Bárbara - ergo o olhar encarando o carcereiro.

Babi: pois não ?

Lopez: o novo  detendo exige falar com você.

Babi: exige- bufo - cara abusado.

Lopez: a senhora não tem noção, tive que escutar que o arroz tava mole demais e que a maçã não fazia o barulho  certo quando mordia.

Esse cara ainda vai me causar tanta dor de cabeça.

Babi: traga ele.

Lopes: sim senhora.

15 minutos depois eles aparecem na minha sala. Lopez fica do lado de fora da porta e o Camilo entra. Ele avalia minha sala por completo antes de sentar na cadeira de frente pra mim..

Babi: em que posso ajudá-lo?

Coringa: quero minha visita íntima. Como é que eu faço pra pedir?

Babi: perdão. O senhor é casado ?- não lembro de ver isso na ficha dele.

Coringa: não.

Babi: então não tem direito a visita íntima- digo o óbvio.

Coringa: não se preocupe eu não sou da igreja, não me importo em fazer sexo antes do casamento.

Acho que já entendi o porque o do vulgo de palhaço.

Babi: visitas íntimas são para os detentos casados que possuem bom comportamento.

Sei que tem alguns presídios que ignoram isso s deixam algumas mulheres entrarem escondido.

Mas se esse homen não é casado não vai pegar mulher nenhuma aqui dentro.

Coringa: talvez você possa abrir uma exceção pra mim como presente de boas vindas.

Babi: boa tentativa, mas não.

Coringa: cadê a liberdade que você disse que eu ia ter aqui ?

Babi: estar na minha sala já é uma liberdade. Não acho que o diretor do seu antigo presídio de dava tal atenção.

E nem se posso julga-lo, o homem na minha frente é bem irritante.

Coringa: certo. Compre maçãs melhores aquelas não fazem barulhinho.

Babi: vou anotar a sua reclamação.

Coringa: muito gentil da sua parte  docinho.

Babi: é superintendente, diretora ou Bárbara - me apresso em corrigi-lo.

Coringa: vou voltar pra minha cela - ele se põe de pé e da um tchauzinho ridículo antes de se aproxim da porta.

Tenha santa paciência.

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