42

21.4K 1.7K 340
                                    

Babi on

Eu perdi completamente a cabeça.

Hoje antes de sair de casa eu peguei dois potinhos e coloquei almoço nos dois. Um pra mim e outro pro maldito do Victor.

Minha vida decaiu de uma forma absurda.

Sexta de manhã e eu fazendo marmita pra bandido.

Como sempre eu mal cheguei na minha sala e Victor apareceu .

Coringa: bom dia docinho - ele senta na cadeira de frente pra minha.

Babi: bom dia.

Coringa: que papelada toda é essa ?

Babi: a transferência dos novos presos.

Coringa: hmm...

Babi: você tá bem ? Parece que não dormiu direito.

Coringa: tô preso, não é muito legal dormir aqui.

Imagino, acho que um dos meus maiores medos é ser presa. Eu me suicido se tiver que tomar banho na frente de várias estranhas.

Babi: você tomou café antes de vir pra cá ?

Coringa: não gosto da comida daqui- reviro os olhos.

Julgo o Victor por não comer a comida do presídio, mas eu também não comeria.

Babi: mas pelo menos comeu algo que sua irmã mandou ? - pela cara dele eu sei que não.Pego um pacote de bolacha e jogo na direção dele- não quero ninguém desmaiado de fome na minha sala.

Coringa: tá preocupada comigo, docinho

Babi: come quietinho, por favor.

Volto pra ficha dos novos detentos, pelo que eu percebi não vamos ter um Victor 2.0, não por enquanto.

Meu olhar vaga rapidamente para o Victor que tá me encarando.

Coringa: que hora você vai pra casa ?

Babi: horário de sempre.

Coringa: hmm...- ele levanta e vai pro sofá com o pacote de bolacha.

Eu sou muito burra, o cara só quer em usar e eu tô preocupada com ele.

Me levanto e vou até o sofá.

Babi: você tá bem mesmo ? Tá mais quieto que o normal - ponho a mão na testa dele - tá com dor ?

Coringa: eu tô bem- ele sorri pra mim- mas você podia ficar um pouco aqui comigo.

Babi: eu tenho que resolver  o assunto da transferência agora. Depois do almoço eu fico um pouco com você.- deixo um beijo na bochecha dele e volto pro meu trabalho.

Cuido da papelada da transferência dos novos presos e começo a ler os meus e-mails.

Depois de um tempinho eu sou obrigada a parar e respirar fundo por conta do aperto no peito, uma sensação ruim, sei lá.

As horas passam e eu nem noto de tão concentrada que estava

Babi: olha, talvez você vá pra máxima. Devia aproveitar a chance de ver sua irmã esse fim de semana.

Coringa: tô bem assim.

Babi: certo.

Coringa: você visitaria alguém na cadeia ? Passaria por essa humilhação?

Babi: depende muito da situação.

Vejo muitas namoradas/esposas visitando o companheiro que foi preso por tráfico

Acho bem justo, se aproveitou do luxo lá fora, vida de madame.

Babi: eu visitaria a Tainá e o tio Oscar sem pensar duas vezes- dou um sorriso- eles são a minha família.

Coringa: hmmm....

A maioria dos funcionários almoçam na sala de descanso, mas eu não gosto então fico na minha sala.

Babi: trouxe pra você também - entrego o pote - mas na hora do almoço você vai ter que descer, mesmo que já tenha almoçado aqui. Levantaria questionamentos que não queremos explicar.

Coringa: você trouxe o meu almoço?

Babi: só a base de miojo você vai acabar com a saúde no lixo.

Victor e eu almoçamos juntos, depois ele desceu pro refeitório.

Demorou um pouco  mais que o normal pra ele voltar, mas quando voltou me chamou pro sofá.  Ele deitou a cabeça no meu colo  e pegou a minha mão colocando no cabelo dele, entendi o recado e comecei a fazer carinho.

Babi: pensei que não gostava de carinho.

Coringa: gosto do seu, é bom.

Ok, por essa eu não esperava.

Coringa: vai sentir a minha falta quando eu for transferido?

Babi: tenho que admitir ter vai ser estranho não ter você aqui.

Ele fica deitado no meu colo por um tempo significativo. Depois ele senta e começa a me beijar, a mão deslizando pelo meu corpo.

Acho que viciei na bala de cereja sem nunca ter chupado.

Eu tô muito doida mas tenho a sensação de que o beijo  é diferente. Meu  Deus tudo parece muito diferente.

Victor segura o meu pescoço com uma certa força e me beija com brutalidade.

Coringa: eu não menti, eu gosto de beija você . E com certeza você é a mulher mais gata que eu já fiquei.

Talvez seja só por conveniência, mas ele  vive me elogiando  e isso me dá um friozinho gostosinho  na barriga.

O clima de beijos e amassos vai esquentando e de repente eu estou de joelhos chupando ele, que vida decadente.

Eu fiz um boquete em um preso e amei ver como ele se entregou pra mim. Gostei do efeito que tenho sobre ele, mesmo que não seja 100% verdadeiro.

Volto a me sentar no colo dele.

Babi: preciso trabalhar, perto da hora da contagem você vai ter que descer.

Coringa: tô sabendo.

Babi: é só pra avisar com antecedência, não enche meu saco no fim de semana.- dou um selinho nele.

Coringa: sabia que o seu número é o único que eu decorei além do meu meu ?

Babi: que azar o meu.

Voltei pro meu trabalho e Victor ficou comigo até perto da hora da contagem.

Babi: tchau, bom final de semana.

Algo muito estranho acontece, ele se despede de mim com um beijo casto.

Coringa: a gente  se vê.  Tchau docinho

Babi: apelido ridículo esse que você me deu.

Coringa: no fundo você gosta.

Talvez bem lá no fundo eu goste, mas nunca que eu vou admitir uma coisa dessas.

Depois que o Victor sai da sala termino de fazer as minhas coisas, eu só vou embora depois da contagem.  Só pra ter certeza que não temos problemas.

Lance Criminoso Onde histórias criam vida. Descubra agora