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Babi on

Gilson me trouxe em casa. Victor me encheu o saco pra eu não demorar pra voltar e pra responder ele.

Ele tá se saindo mais chato do que de costume.

Quando tio Oscar chegou no apartamento não consegui segurar o sorriso, eu amo demais ele.

Ele me perguntou sobre os machucados, se eu estou com dor, se estou dormindo direito, me alimentando....

Ele sempre bancou o paizão comigo.

Babi: Bruno já te contou que eu trai ele.

Oscar: sim. Mas eu não quero em envolver nisso, é um assunto de vocês dois.

Babi: bom, infelizmente vou ter que te envolver. Vou ter que contar algumas coisas.

Oscar: ok, fiquei preocupado.

Babi: primeiro eu quero dizer que eu amo muito você  e que espero que isso não afete o nosso relacionamento. Sou a mesma pessoa.

Oscar: querida ? Como assim.

Babi: eu trai o Bruno com alguém do trabalho.

Oscar: hmm...

Babi: foi com um dos detentos- engulo em seco- com o Victor, você deve conhecer ele óleo vulgo , Coringa.

Ele pisca tentando assimilar o fato.

Babi: não foi coisa de uma vez, aconteceu diversas vezes. E não, eu em momento algum ajudei ele com a fuga, ele fez tudo sozinho.

Agora vem a piora parte.

Babi: eu ainda mantenho contato com ele. Victor me manda mensagens, telefona e eu passei a última noite na casa dele.

Oscar: você mantém contato com um foragido ? - concordo - ele é seu namorado ?

Babi: não. Não temos nada sério, mas ele quer que eu vá ficar com ele na Penha.

Oscar: ele tá te obrigando ? - me apresso em negar.

Babi: não, ele só me fez a proposta.

Oscar: e você quer ir ?

Babi: eu me sinto confortável na presença dele.

Oscar: ele é perigoso.

Babi: não comigo. Ele nunca me fez mal algum.

Oscar: você gosta desse rapaz. De forma amorosa ?

Babi: eu não sei dizer. Eu sai de um relacionamento longo, tá tudo meio confuso.

Oscar: ele tem uma ficha e tanto.

Babi: eu sei. Sei que sou burra e extremamente estúpida por estar deixando a emoção falar mais alto que razão:

Oscar: Quando você se candidatou para a vaga de diretora eu fiquei com um pé atrás. Fiquei com muito medo e quando soube da rebelião... meu Deus eu surtei, o medo de terem machucado você me levou a loucura. Tenho medo que essa sua relação com esse criminoso te coloque em risco.  Você pode me garantir que ele não vai machucar você?

Babi: não.

Óbvio que eu não posso garantir, eu confiava no Bruno e olha o que ele fez. Bruno está na minha vida a anos e Victor a alguns meses.

Confiar cegamente no Victor é burrice até pra mim.

Oscar: se você tá me contando isso é porque já tomou sua decisão né ? Você vai.

Babi: é temporário.

Oscar: você é como uma filha pra mim, e eu te amo muito. Mas você é uma mulher adulta, tem que tomar suas próprias decisões. Se você quer ir não posso fazer nada pra impedir.

Babi: você via parar de falar comigo ?

Oscar: isso nunca. Mas me prometa que você não vai deixar se levar pelo coração, se ele fizer algo vai me contar.

Babi: tudo bem.

Oscar: só toma cuidado, não deixe de ser você. E não deixa as pessoa descobrirem da relação de vocês ou senão você vai ser apontada como cúmplice da fuga dele. - concordo.

Depois que o meu tio foi embora peguei uma mala pequena e comecei a por algumas coisas dentro.

No meio da organização peguei o porta- retrato que tem uma foto minha e do meu pai.

Acho que ele estaria decepcionado comigo. Afinal ela era policial, morreu por conta de um criminoso.

Coloco o porta-retrato na mala e volto a pegar algumas roupas.

Eu mal noto quando o Bruno chega.

Bruno: esse refrigerante de cereja que você comprou é horrível- ele diz com uma latinha na mão.

Babi: eu gosto do sabor.....

Bruno: por que você tá arrumando uma mala?

Ignoro a pergunta, ele já sabe a resposta.

Bruno: você tá louca ? Meu Deus, o que esse cara fez com você? Eu sabia que isso não ia terminar bem.

Viro o rosto na direção dele.

Babi: fazia pouco tempo que tinha ido morar na sua casa, eu vivia tendo pesadelos com a morte do meu pai. Um dia você abraçou com força e me disse que ia cuidar de mim pra sempre- uma lágrima escorre pelo meu rosto- que íamos cuidar um do outro, que não poderiam nos machucar se estivéssemos juntos. Lembra disso ?

Bruno: sim, mas o que isso ....

Babi: você mandou aqueles homens pra minha sala- fungo - você deixou o caminho aberto pra eles me machucarem, e eles fizeram isso. Eu quase fui estuprada, e aquele " verme " que você tanto odeia foi a pessoa que me salvou.

Ele não diz nada só me encara.

Babi: eu mal consigo olhar meu corpo no espelho. Você tem noção do que fez comigo? - fungo - mesmo com toda a merda que passamos eu nunca tinha pensado em excluir você da minha vida ou algo do tipo . Mas isso? Isso  é demais.

Eu quero morrer sempre que eu lembro que eu podia ter sido estuprada por três homens.

Bruno: a situação saiu do controle, era só pra ser um susto.

Babi: um susto ? Você tá se ouvindo ? Percebe o quão doentio isso é?

Bruno: eu só queria abrir seu olhos, te alertar.

Babi: e conseguiu - digo fechando a mala e pondo no chão- abri meus olhos, vi quem você é de verdade.

Puxo a mala pra sair do closet mas Bruno segura meu braço.

Bruno: você tá fazendo merda.

Babi: você tá me machucando.

Bruno: vai lá viver a vida de mulher de bandido ? Quando ele estiver dando na sua cara e te traindo com todo rabo de saia que aparecer você vai lembrar de mim, lembrar que eu te avisei sobre o assunto.- pegou pesado.

Babi: me solta.

Bruno: acha mesmo que ele gosta de você ? Não se ilude. Você só é novidade e ele tá se divertindo- ele larga meu braço.

Não digo nada só saio do closet e começo a puxar a mala na direção da porta.

Pego o elevador e desço, atravesso a estrada e o Gs pega a minha mala colocando no carro.

Gs: tá tudo bem ?- apenas concordo.

Ele abre a porta traseira do carro pra mim.

Talvez eu esteja me metendo em uma grande burrada, mas eu só aprendo quando quebro a cara.

Gs: direto pra Penha ?

Babi: sim.

Vou passar uns dias lá. Depois eu volto pra rotina normal.

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