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Babi on

Eu sou do tipo de pessoa que fica super feliz pelas conquistas dos amigos.

Eu sou super feliz pela Maria Tainá ter encontrado a Larissa. É um relacionamento tão lindo, elas são tão felizes juntas.

Vim pro jantar sozinha, meu namorado não quis vir. Mas eu não podia faltar, elas são importantes pra mim.

As outras pessoas já foram embora. Só estamos nós três.

Babi: já bebi demais - resmungo quando ela me entrega outra taça.

Tainá: para de ser chata, aproveita . Amanhã a gente volta pro inferno na terra.

Lara: como é que vocês aguentam ?

Tainá: deixa eu te contar uma coisa - ela fala com a esposa - o novo detentos grudou na Bárbara que nem chiclete. Até chama ela de docinho - a morena ri da minha cara.

Lara: que merda. Bate nele.

Babi: não posso bater neles, Larissa.

Lara: que merda. Sério, eu não teria a paciência de vocês.

Tainá: eu vivo em cima do muro. Não sei se sinto pena da Bárbara ou dou risada.

Lara: eu sei que você ri - ela acusa - tenho certeza. Você é uma pessoa má.

Tainá: tá certa.- pra que inimiga.

Lara: e como vai seu relacionamento?

Babi: ótimo. Temos nossos desencontros por conta do trabalho, mas nada que seja um grande problema.

Lara: imagino- ela sorri- você diretora de um presídio e ele um promotor. Mas é aquela velha história, quando duas pessoas se amam elas conseguem dar um jeitinho.

Quando cheguei em casa fui direto tomar um banho.

Bruno tem a mania de deixar ar-condicionado ligado o tempo todo, a casa tá sempre fria.

Me enrolo na toalha e vou pro closet pegar um moletom do meu namorado.

Puxo a peça cinza e algo cai no chão. Primeiro coloco o moletom e depois me abaixo para pegar.

Babi: puta merda ...

Observo a caixinha com o anel de noivado. Exatamente o anel que eu disse que era lindo quando estávamos passando em uma joalheira a alguns meses atrás.

Porra...

Coloco a caixinha de volta no lugar.

Ele vai me pedir em casamento? É isso ?

Não surta Bárbara. É normal o seu namorado querer dar outro passo na relação de vocês.

Babi: preciso fumar.

Vou aproveitar que ele surtou pelo horários que eu cheguei e foi pro escritório

Precisei parar no caminho pro presídio pra comprar um expresso. Bebi vinho demais ontem.

Tem uma fila enorme na frente do lugar, dia de visita.

Eu não sei se ia conseguir visitar meu marido na cadeia caso ele fosse preso.

Ficar nua na frente de estranhos , agachar sobre um espelho...

Entendo o Victor por não querer a irmã dele aqui. Não é muito legal.

Vou direto pra minha sala e nem passo pelos corredores principais, capaz daquele ser infernal aparecer e começar a encher meu saco logo de manhã cedo.

Olha só a que nível eu cheguei, me escondendo de um dos meus detentos. Que vergonhoso.

Consegui passar a manhã toda resolvendo assuntos do presídio. É muita burocracia.

A seis meses quando eu cheguei eu me apresentei aos detentos e disse que queria melhorar esse lugar. Até deixei uma caixa de sugestão , para eles me dizerem o que pode ser melhorado.

Teve um ou dois que colocaram problemas reais, queriam mais tempo no pátio . A maioria das sugestões se referiam ao meu corpo e como eu devia me vestir. Nunca me senti tão objetificara em toda a minha vida. Foi horrível.

Mas hoje, hoje surgiu uma nova reclamação.

Um dos detentos( não se identificou) sugeriu que devemos trocar o cozinheiro. Parece que o atual não sabe fazer um arroz decente.

Babi: inacreditável - sou obrigada a rir sozinha.

Ele fez uma reclamação formal sobre o arroz ...

Victor é bem persistente. Não dá pra negar que ele sabe jogar.

Daqui da janela da minha sala vejo ele sentado no banco sozinho enquanto fuma um cigarro.

Saio da minha sala indo pro pátio. Assim que chego sento do lado dele.

Babi: uma reclamação formal ? - Victor me encara, com os olhos meio fechados por conta do sol.

Coringa: já que você gosta de tudo certinho.

Babi: você sabe que o cozinheiro é um dos presos né ? - ele concorda- se o Cléber escutar você criticando a comida dele a coisa vai ficar feia.

Coringa: e ele vai fazer o que ? Por mais água no arroz ?

Babi: provavelmente ele vai cuspir na sua comida, ou até mesmo botar algo duvidoso dentro. Ou no pior dos casos vai parar de cozinhar, os presos vão se irritar. Cléber vai contar o motivo e geral vai ficar puto com você.

Coringa: mas o arroz é ruim.

Babi: eu acredito que realmente seja ruim. Mas as vezes temos que nos acostumar com algo que não achamos perfeito, pois a situação pode piorar.

Victor sopra a fumaça e me encara por alguns segundos antes de voltar a falar.

Coringa: muito específico, docinho. Você tá se contentando em relação a algo ?

Babi: eu só tô dizendo que você devia de acostumar com a comida pra não se ferrar. Vou ser uma boa pessoa e não levar a sua queixa até o cozinheiro.

Coringa: ah, tá preocupada com meu bem estar?

Babi: não, desde que sentei aqui eu só consigo pensar em uma coisa. " por que acidentalmente eles não jogam está bola na cara dele" vai que seu cérebro funciona direito.

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