Babi on
Eu não tô gostando da forma que ele tá me olhando. A merda da mão dele ainda tá na minha coxa.
Coringa: o que é essa manchinha branca na sua boca ? - ele pergunta encarando a minha boca.
Babi: marca de nascença.
Coringa: é chamativo.
Babi: eu sei, costumo esconder com batom cor da boca.
Sempre escondo, mas hoje sai às pressas de casa por conta do clima com o Bruno.
Coringa: pois não devia esconder, é bonita.
Hmm, que clima bizarro.
Eu mal noto que a mão ele subiu um pouco mais na minha coxa.
Limites, tem que haver limites.
Ponho a minha mão em cima da dele e impeço que suba mais.
Babi: o que você tá fazendo ?
Coringa: hmm? - ele desvia o olhar da minha boca e encara o meu rosto.
Babi: Victor, para. Sei lá o que você acha que está fazendo, mas para.
Coringa: não senti muita firmeza, docinho.
Babi: eu ...
Me afasto do Victor o mais rápido possível quando a porta do meu escritório é aberta.
Minha respiração está agitada e eu me sinto como uma criança que foi pega fazendo arte.
Eu não fiz nada de errado.
Então por que o meu namorado me olha como se eu tivesse feito ?
Babi: oi, amor- me ponho de pé - não sabia que você vinha.
Bruno: vim ver aquele detendo de novo - ele responde, mas sem olhar pra mim. O olhar está fixo no homem no meu sofá.
Coringa: acho que eu tenho que me retirar - ele se põe de pé.
Bruno: também acho.
Coringa: foi ótimo passar um tempo com você, docinho. -ele pisca pra mim antes de sair do escritório.
Que filho da mãe. Era só sair sem dizer nada.
Bruno: na gostei do que vi. Não quero você tão perto desse marginal, ou até mesmo de qualquer outro.
Não dá pra julgar. Se fosse ao contrário eu me sentiria desconfortável ao ver uma mulher tão perto dele, ficaria com ciúmes.
E olha que ele nem viu que o Victor estava tocando em mim.
Babi: você não tem motivos pra surtar. Ele só estava sendo inconveniente como sempre.
Bruno: viu ? Você devia me agradecer por estar te ajudando a tirar ele daqui. Mas não, você é mal agradecida e puxa briga comigo.
Babi: não sou mal agradecida. Eu só queria que você tivesse me contado.
Bruno: não ia mudar nada.
⛓
Tem tanto documento pra ler e assinar, é exaustivo.
Depois que o meu namorado foi embora, tive uma reunião aqui e na hora do almoço sai pra ter outra reunião.
É estresse atrás de estresse.
Tô terminando de analisar uma proposta que me mandaram quando o telefone fixo toca, não consigo esconder a supresa ao escutar a voz robótica.
" você tem uma chamada do Complexo Penitenciário do Rio de Janeiro. Para aceitar tecle 1 "
Como a idiota curiosa que eu sou eu aceito a ligação.
Coringa: oi docinho. Já sentiu saudades ?
Tá de brincadeira?
Qual o problema desse cara ?
Acho que quando ele foi preso os policiais bateram muito na cabeça dele. Não tem outra explicação.
Babi: você realmente gastou a sua única ligação da semana com essa palhaçada?
Ele tá realmente focado em me tirar do sério.
Coringa: sabe, eu tava pensando sobre a visita que eu fiz hoje cedo pra você
Merda, aquilo não foi um pesadelo.
Babi: aquilo foi totalmente inapropriado.
Coringa: por que ?
Babi: " por que ? " porque você é um detento. E o mais importante, porque eu sou comprometida.
Coringa: você não está comprometida, está em um relacionamento onde só você se esforça.
Babi: você não sabe do que está falando.
Coringa: em todas as vezes que eu estava no seu escritório e ele apareceu, você sempre foi a boa namorada , como hoje " oi, amor" . Não vejo o mesmo tratamento sendo direcionado à você .
Babi: você viu a gente juntos, o que ? ... uma três vezes ? Você não pode basear meu relacionamento nesses três encontros.
Coringa: docinho....
Babi: você queria que a gente fizesse o que ? Se agarrasse na sua frente com um beijo de cumprimento? Você é ridículo.
Coringa: então você tá dizendo que quando estão longe dos outros ele te trata do mesmo jeito que você trata ele ?
Babi: é.- engulo em seco .
Coringa: como ele te chama ? Você chama ele de amor, algum apelido ele tem que ter dado pra você.
Um bip ecoa pelo telefone. O tempo de ligação tá acabando.
Coringa: cuidado, uma hora você se perde nessa sua mentira.
Babi: vai se ferrar. Não preciso dos seus conselhos amorosos.
Coringa: pior que precisa sim ...
Babi: vai se ferrar- mandou novamente.
Coringa: você devia parar de tapar a sua marca de nascença, eu gosto dela.
E assim a ligação chega ao fim .
Que ódio desse cara.
Me encosto na cadeira e respiro fundo tentando não surtar.
Involuntariamente o meu dedo toca a marquinha na minha boca.
Eu odeio o Victor, odeio a insistência dele e odeio essa porcaria de marca de nascença.
No momento eu odeio tudo.

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Lance Criminoso
FanfictionOnde a Bárbara é a superintendente de um presídio. Muito respeitada e sempre seguindo as leis ela vai ter problemas quando o traficante mais perigoso do país for realocado e enviado para ficar sobre seus cuidados. Coringa vai conseguir tirar a dir...