Lance Criminoso

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Babi on

Fui na direção do Gs que está do outro lado da rua.

Nem deu tempo de raciocinar, já fui entrando no carro.

Gs: conseguiu - concordo - foi um trabalho limpo ?

Babi: não.

Gs: ele fez algo com você ? - apenas olho pra ele de canto - tudo bem, você se resolve com o chefe.

Babi: quero que me leve pra casa, não pra Penha.

Gs: o chefe mandou te levar pra lá .

Babi: eu tenho uma audiência amanhã de manhã, eu quero tomar um banho, rever o meu testemunho de amanhã e capotar.

Eu tô exausta e amanhã vai ser um dia difícil, não posso correr o risco de me atrasar pra audiência.

Gs: certo.

Gilson me levou até em casa, tomei um banho, pedi o jantar, repassei toda a audiência de teste na minha cabeça, fumei três cigarros seguidos e capotei.

Acabei esquecendo de responder o Victor e a Tainá, ambos encheram o meu celular de mensagens.

Na manhã seguinte me arrumei e meu tio veio me buscar, eu tô nervosa demais, tomei mais comprimidos que o normal,  tô me sentindo até meio chapado.

Oscar: não fique tensa.

Babi: não gosto da ideia de mentir pra um juiz.

Oscar: você não vai mentir, vai omitir. Sua relação com o Victor só chegou no nível alto de um relacionamento amoroso depois que ele fugiu, o foco é sobre o relacionamento dentro do CPRJ.

Babi: se eu for presa quero visita.

Oscar: te visito como advogado.

Chega a ser ridículo imaginar o meu tio de calça moletom segurando a sacola da visita.

Quando chegamos no tribunal ficamos esperando por cerca de uma hora até a audiência começar. E não começou nada bem.

Promotor: então o criminoso pegou a sua chave sem que você percebesse?

Babi: exato.

Promotor: você era a diretora, não uma colega deles, devia ter posto limites.

Babi: o Complexo Penitenciário do Rio de Janeiro conta com um programa de reintegração, queremos reintegrar os presos na sociedade, tratá-los como animais não vai ajudar com isso.

Promotor: mas esse preso em especial tinha mais acesso a sua sala.

Babi: esse preso em especial adorava reclamar. Você pode perguntar aos outros funcionários, ele já chegou a reclamar do cheiro do produto de limpeza. Alguém de nível dele precisa ser ouvido, ou pode causar confusão. E o mais importante, alguém do nível dele não devia estar lá .

Promotor: por que ele voltou ? Eles podia ter fugido, ele voltou e te salvou de um abuso sexual.

Babi: eu não sei o porque ele voltou. Só posso responder por minhas ações.

Promotor: é curioso o fato de você terminar o seu relacionamento pouco tempo depois do criminoso conhecido como vulgo Coringa chegar no presídio.

Vamos dar créditos ao promotor, ele tem uma linha de raciocínio muito boa.

Babi: Bruno e eu estávamos com um relacionamento instável desde que comecei a trabalhar no presídio. Nosso término foi por desentendimentos pessoais.

E claro por conta do meu beijo no Victor. Mas isso aí a gente não comenta.

O promotor repetiu as perguntas várias e várias vezes, o juiz não interferiu, eles querem o Victor.

Não cometi nem um erro, dei sempre a mesma resposta. Chegou um momento que eles se encheram, não conseguiram tirar informações de mim e nem me culpar por algo.

Agora estou no carro com o tio Oscar, fico supresa quando ele para do nada.

Oscar: o seu segurança está nos seguindo.  Talvez você queira ir com ele.

Babi: o quão decepcionado você está ?

Oscar: decepcionado é uma palavra muito forte. Eu só não entendo como a situação chegou a esse ponto.

Babi: eu também não sei. Mas eu espero que não mude a nossa relação, ela é muito importante pra mim.

Oscar: pra mim também. Eu vou estar com você caso precise, mas nunca se esqueça de onde você se meteu. Seu pai e eu criamos uma mulher forte, uma que saiba se impor, não deixe darem ordens sobre você.

Babi: te amo.

Oscar: te amo querida.

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Quando cheguei na casa do Victor ele já estava me esperando.

Coringa : você não me respondeu ontem.

Babi: desculpa, eu mergulhei de cabeça nos textos sobre a audiência.

Victor fica encarando meu rosto e depois segura ele virando de um lado pro outro.

Babi: o que você tá fazendo ? - Então ele segura meu rosto do mesmo jeito que o Bruno segurou ontem.

Merda.

Coringa: foi ele quem marcou teu rosto ? Tá meio marcado.

Babi: eu quero deixar tudo isso pra trás.

Coringa: ele machucou você e não foi a primeira vez. Eu lembro lá no presídio, você contou do beijo e apareceu com um roxo no braço.

Babi: sim,ele ficou puto e segurou com força demais.

Coringa: não gostei dessa merda, quem ele acha que é? O que é dele tá guardado.

Babi: eu só quero um pouco de paz, nem que seja sopor algumas horas. Esse últimos meses foram agitados demais.- me jogo no sofá.

Coringa: ninguém vai tirar a tua paz, já a dele.

Babi: não quero que você faça com ele o que fez com aqueles homens no presídio.

Coringa: ele merece.- ele senta do meu lado.

Babi: se ele merece ou não eu não sei. Mas o meu tio com certeza não merece ter a pessoa que mais ama retirada dele.

Ele não merece perdeu um filho.

Meu tio consegue manter um relacionamento comigo do jeito que está agora, mas se o Victor matar o Bruno, meu relacionamento e o tio Oscar vai deixar de existir.

Deito minha cabeça no colo dele, Victor leva a mão até meu cabelo e começa a fazes carinho.

Coringa: agora a gente vai ficar de boa.

Babi: que bom.

Coringa: você pode voltar pra cá- encaro ele- gostei da experiência de dividir a cama com você.

Babi: lembro de você reclamando que não gostava de dividir a cela, que gostava de privacidade, pensei que seria o mesmo com o quarto.

Coringa: você é a exceção, docinho - dou um sorriso pra ele.

Babi: esse é o apelido mais brega que já ouvi.

Coringa: mas tu gosta que eu sei.

Pior que gosto.