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Coringa on

Coringa: eu não posso voltar no tempo e mudar o que aconteceu.

Ela pega o roupão e veste.

Ela tá prestes a falar algo mas é interrompida.

Bruno: Bárbara ? Você tá bem ? - o imbecil pergunta do lado de fora do quarto.

Babi: pro banheiro- ela sussurra - agora. Anda Victor, se ele te ver aqui já era a sua tão sonhada liberdade.

Mesmo sem querer vou pro banheiro e fecho a porta. Escuto a Bárbara abrir a porta do quarto.

Bruno: escutei vozes.

Babi: áudio da Tainá perguntando se estou bem. Acho que deixei o volume alto demais.

Bruno: certo. Pensei que você...

Babi: sem crises, mas obrigado por se preocupar.

Bruno: vou tomar banho e a gente pode  pedir um lanche, que tal hambúrguer? Aquele que você gosta.

Ok, eu me sinto meio incomodado por não saber qual o hambúrguer preferido dela.

Babi: tá bom. Também vou tomar o meu banho, e você devia desligar esse ar-condicionado.

Bruno: não. É incrível a sensação de colocar a temperatura baixa e andar pela casa de moletom.

Babi: você devia se mudar pra um país mais frio.

Bruno: eu propus isso a um tempo mas você negou, não queria se mudar.

Tem um silêncio que me incomoda, nenhum deles diz nada.

Babi: vou tomar um banho.

Bruno: vai lá.

Logo a porta do banheiro é aberta e a Bárbara me encara nem um pouco feliz.

Babi: se ele te pega aqui chama a policia sem pensar duas vezes. Você perde a sua liberdade e eu me ferro por ter um criminoso no meu quarto.

Coringa: eu sei que coloquei minha liberdade em risco, mas você não me respondia e isso tava me deixando nervoso, eu tinha que vir.

Babi: eu sinceramente não sei o que pensar de você.

Coringa: eu vacilei, não vou fingir que não. Mas porra, você se machucar não fazia parte dos meus planos, mesmo antes de a gente se envolver, eu sou um filha da puta e não nego mas eu nunca deixaria uma mulher sozinha se achasse que iam atacar ela .

Óbvio que com a Babi esse negócio de não querer que ela não se machuque é mais forte, mas mesmo se não fosse ela eu não ia querer que uma merda daquelas acontecesse.

Babi: você devia ir se quer continuar fora da prisão.

Coringa: por que aquele cara tá aqui ? Pensei que ele tinha ido embora.

Babi: ele tá aqui pra cuidar de mim, das minhas crises.

Cuidar dela ...

Coringa: ele quer você de volta.

Babi: talvez, mas isso não muda o fato de que ele se importa comigo como amigo.

Coringa: se importa mesmo ?

Babi: mais de 10 anos me impedindo de surtar por conta da minha ansiedade e das crises de pânico. Sim ele se importa.

Eu odeio que ela jogue na minha cara que conhece ele a mais tempo e toda essa merda.

Babi: eu quero que ele esteja aqui, não gosto de ficar sozinha quando tenho uma crise- ela engole em seco - e me dá certa segurança ter alguém aqui depois do que aconteceu sexta.

Coringa: você pode ir comigo,  lá eu te garanto que você vai estar mais do que segura.- ele pisca surpresa pela proposta.

Babi: quer que eu deixe o conforto da minha casa pra ir pro Complexo com você ?  Com você ?

Coringa: sim. Eu não posso ficar dando bobeira na pista e preciso ter certeza que você está bem.

Babi: você realmente devia ir. Quando o Bruno sair do banho você está ferrado.

Coringa: pelo menos responde as minhas mensagens, tá ? E se precisar de algo pode me ligar, que eu venho.

Babi: afinal, como você saiu do CPRJ ?

Coringa: sua amiga se estressou comigo, basicamente me expulsou.

Por essa Bárbara não esperava, tá de boca aberta.

Babi: vai embora Victor.

Merda.

Ela fica rígida, mas eu me aproximo dando um beijo na testa ela antes de sair.

Tava com saudade pra caralho desse lugar, eu amo esse Complexo, já faz parte de quem eu sou.

Carol: tô tão feliz que você voltou - ela sorri animada- senti sua falta.

Coringa: também senti a sua.

Carol: pra quem fugiu da cadeia você não tá muito animado. O que aconteceu?

Coringa: nada em que você possa me ajudar.

Carol: tem algo diferente em você ....- olho pra ela- só não sei dizer o que é.

Coringa: não tem nada diferente.

Carol: lembra quando eu tinha 6 anos e eu comecei a chorar e me desesperei por não ter nenhum amigo ? - concordo - você segurou meu rosto e disse " você não precisa chorar, você me tem. Eu vou ser seu amigo pra vida toda, dane-se os outros" eu conto tudo que me incomoda pra você, faça o mesmo, por favor

Coringa: você já se sentiu culpada por algo - ela concorda - esse sentimento passa ?

Carol: você sempre vai sentir a culpa, mas não com a mesma intensidade, o tempo alivia. O que você fez ?

Coringa: a minha liberdade me custou algo... algo de que não queria abrir mão.

Carol: algo ou alguém ?

Coringa: ela se machucou feio por conta da minha fuga. A rebelião dei errada....

Carol: você queria que ela se machucasse.

Coringa: claro que não.

Carol: isso é o que importa. Talvez você deva dar um tempo pra "ela" se acostumar com a situação, é tudo muito recente. Hoje é só quarta e a rebelião foi na sexta.

" dar um tempo"

Minha impaciência não vai permitir.

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