— A criatura que nasceu da empregada e do rei, deve sempre ter seu rosto coberto na presença de outros. Deve usar uma máscara para cobrir a face.— O que? O que é isso? Pra que isso? — Perguntou a ama de leite sem entender a situação.
Lise, que tinha visto a reação da rainha no dia do parto, sabia que aquela realmente era uma ordem da rainha... mas ainda assim não conseguia entender o porquê daquilo. Para quê cobrir o rosto do bebê que nada tinha de errado?
Ali havia um segredo.
— Ordens são ordens, eu apenas cumpro o que é me dito. E se a vontade de Vossa Majestade não for ouvida, a criança e sua mãe, terão que sair do castelo. Serão expulsas.
As duas tremeram ao ouvir o mandato, pois ser expulsa do castelo significava sair de mãos abanando e não conseguir encontrar uma porta aberta. Nenhum lugar aceitaria alguém que foi expulso do castelo, fosse qual fosse o motivo.
Ser expulso era ser excomungado de todo mundo, uma sentença de morte sem um rolar de cabeça.
Depois de passar a ordem da rainha, que apesar de não fazer sentido, precisava ser atendida, o pequeno homem pegou uma máscara e colocou em cima da cama de Lise. Era esculpida em madeira de tom escuro como a noite, e tinha apenas duas aberturas para os olhos, não havendo lugar para a boca.
Parecia algo de magia negra. Tinha o tamanho do rosto de um adulto, e se fosse usado pela criança, taparia quase todo seu corpo.
Tinha aquele tamanho para dizer a elas que seria usada por toda sua vida, até quando ela se tornasse adulta.
O homem, depois de fazer o que tinha que fazer, saiu com seus companheiros fechando a porta com rispidez. As duas mulheres, que pareciam ter visto um tornado passar, ficaram em silêncio olhando uma pra outra. O coração das duas batia tão rápido que podia ser ouvido ao quarto do lado. Era um estranho momento de incerteza.
Depois de uns minutos, o bebê começou a chorar de fome, trazendo-as para a realidade.
Então, de forma inusitada, a ama se sentou na cama, pegou o bebê e começou a alimentá-lo.
— Pensei que não ia ajudar...
— Mudei de ideia quando vi aquilo. — Falou a ama apontando a máscara de madeira na cama. — Porque a rainha quer isso desse bebê? Porque não quer que ninguém veja o rosto dele? Não há nada de errado com ela...
Lise não podia responder aquilo, porque não fazia ideia do que estava acontecendo, apenas tinha certeza de que aquela mulher não gostava de sua filha. Mas poderia ter algum outro motivo escondido por trás daquilo...
Se sentou na cama e ficou olhando a máscara ao lado. Parecia algo amaldiçoado. Nada fazia sentido, mas ela não podia contestar a vontade da rainha, pois isso a expulsaria dali, e Lise não tinha para onde ir.
Depois que o bebê terminou de comer, e arrotou, ama e Lise combinaram os horários que ela poderia vir alimentar a criança. Logo, se despediu para retornar ao seu lugar, próximo do príncipe bastardo.
Porém, antes de sair, na soleira da porta, a mulher se virou e perguntou.
— Qual o nome da criança?
— Nome?...ainda não dei um.
— Mas precisa dar, assim a criança fica forte. O nome dá o primeiro sentido de vida que temos.
Lise, que havia recebido seu nome em memória ao de sua avó, não havia pensado dessa forma sobre nomes.
— Eu vou pensar em um, e te direi quando voltar da próxima vez.
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A Princesa e o Dragão
Historical FictionEm outro mundo, num passado longínquo, os humanos construíram uma sociedade distante da natureza, cercada por grandes e magníficas construções, que enchiam os olhos e o orgulho de quem as visse. Mas, o esplendor escondia o preço que foi pago para al...