Capítulo 23: Adeus

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Um enorme estrondo vinha do céu, como se lá em cima, deuses estivessem lutando por algo que não poderiam alcançar. O chão tremia, e as nuvens se aglomeravam impossibilitando saber se era dia ou noite. As vozes humanas não podiam ser ouvidas, apenas os ensurdecedores sons vindos do céu, que às vezes eram acompanhados de enormes fachos de luz de diversas cores.

Alguns humanos, que ainda estavam vivos, se escondiam nos escombros do castelo sem entender o que acontecia. E cada segundo que se passava, parecia ser contado lentamente, deixando-os atordoados.

Todos sentiam que não podiam se mover, e por isso, estavam paralisados. Até mesmo os pulmões pareciam desistir de puxar o ar, que por horas, entrava nos corpos pinicando como mil agulhas.

Além disso, do céu caía grandes pedaços de fuligem, que incendiavam a terra ou quem as tocasse.

Parecia ser o fim do mundo.

Uma fina camada escura de tecido, e o estranho cheiro de pó misturado com terra, era o que Aurora sentia e via ao abrir os olhos. Depois, percebeu os sons que queriam arrancar todos os tímpanos dos seres vivos.

Tentou sair debaixo do tecido, e quando o fez, percebeu que era a capa do vulto que a cobria. Ele estava a alguns passos de distância, ajudando algumas pessoas à saírem dos escombros do castelo, e ela queria ir ajudá-lo, porém, antes de se levantar, olhou para o céu de onde os estranhos sons vinham.

Então, teve uma visão assustadora.

Enormes vultos dançavam no ar voando de um lado para o outro, e ao se chocarem, faziam os barulhos que todos ouviam de forma aterrorizada. Haviam diversos pontos negros que pareciam ter asas, e todos eles se chocavam em um outro maior.

Eram diversos os choques no ponto maior, e Aurora não conseguia entender o que acontecia.

Até que o ponto maior começou a cair do céu. Primeiro uma chuva de sangue veio ao chão, e como uma maldição, matou tudo o que estava abaixo dela.
As plantas secaram, e as pessoas derreteram ao simples toque daquele sangue.

Felizmente, Aurora não foi atingida.

Depois, a criança começou a perceber o que era aquela figura que caia. Tinha longas asas, quatro patas, uma cabeça, e uma cauda, parecendo um enorme reptil voador. Foi uma das pessoas que o vulto ajudava que nomeou o animal:

- DRAGÃO! DRAGÃO ESTÁ CAINDO!

Era um enorme dragão, que conforme se aproximava da terra, aumentava de tamanho, formando sob seu corpo uma enorme sombra. Os outros pontos, também eram dragões menores que o atacavam repetidas vezes.

A menina ficou olhando-o, sentindo um enorme aperto no peito ao ver o animal inconsciente caindo do céu.

Ela sentia que a cada metro mais próximo daquele ser, mas receio enchia seu corpo. A sensação era de que sua coluna estava sendo atraída para o chão, como se a gravidade tentasse esmagá-la, e ao perceber isso, ela soube quem era a criatura, pois se lembrava de quem causava aquela terrível sensação.

Por isso, reuniu todas os forças que tinha e gritou:

- GAEL!

O animal negro continuou caindo inconsciente, enquanto um rastro de seu sangue cortava o céu. Uma de suas asas era arrancada por outro dragão menor que se aproveitava do fato dele estar inconsciente.

A asa foi arrancada e se desfez no ar, formou diversos pontos negros que se incendiaram.

- GAEL!

Gritou mais uma fez, e isso o fez abrir os olhos, retomando a consciência. Seu enorme corpo se aproximava mais e mais do chão, e como contava com mais de 40 metros de comprimento, iria destruir tudo que estava abaixo de si, incluindo Aurora que por medo, não conseguia se mover.

A Princesa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora