Capítulo 18: os planos nem sempre dão certo

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Fernando estava do outro lado do cômodo, olhando pela janela, procurando por algo. Seu corpo forte tinha uma forma bonita, que era complementada pelo perfil de seu rosto. Nada nele parecia estranho ou fora de ordem. Mas mesmo assim, isso não importava, pois ele não era Estéffano, e por isso, para Lise, ele não podia entrar em seu coração.

De frente para a janela, abriu-a, e depois chamou Lise para perto, mas ela ainda estava hesitando em ficar próxima a ele.

— Não tenha medo, não vou te devorar... pelo menos não hoje. — Fernando riu baixinho sem olhar para ela.

De certa forma, ele estava nervoso, e tentava fingir que sabia o que fazer naquela situação, pois era a primeira vez que uma mulher o negava. O sentimento de não ter seu afeto aceito, tornava Fernando ainda mais interessado nela.

Ainda receosa, ela foi. A vista da janela não tinha nada de mágico ou belo, era apenas um lado dos jardins do castelo, onde algumas flores cresciam de forma ordenada, conforme a vontade do jardineiro. 

— O que quer que eu veja aqui? — Perguntou ela apontando para a visão do jardim.

— Nada... eu só precisava de ar limpo para clarear a mente. — Ele riu outra vez baixinho.

Lise não entendeu o porquê do que ele dizia, mas a verdade era que o jovem homem precisava acalmar a si mesmo, visto que naquela tarde tinha usado algo que modificava um pouco seu julgamento. (Bom, não vou comentar tudo o que Fernando havia feito naquela tarde, para que a imagem desse personagem se mantenha um pouco intacta).

— Sabe Elizabeth, você é a primeira mulher que veio até mim com intenções tão claras. Você é diferente de todas as outras, é firme, bela e sincera.

Lise ficou em silêncio apenas ouvindo.

— Mas eu não estou acostumado com pessoas como você, eu não sei lidar com a sinceridade, porque nunca me ofertaram isso. Então não sei se posso te dar exatamente o que você quer, pelo menos não sem ter um preço.

— Você diz que não pode me dar um trabalho? É isso? — Perguntou a moça olhando-o firmemente. 

— Não minha querida, não é isso que eu estou dizendo. — Sua pupila começava a ter o tamanho adequado quando ela olhou para ele novamente.

— Então o que é?

— Quero dizer que tudo o que eu ofereço vem com um preço. Eu não posso simplesmente te dar algo sem pegar nada em troca. — Fernando falou com o olhar distante, como se estivesse se lembrando de dolorosas memórias.

— Mas eu não tenho nada a te oferecer.

— Você tem sim. — Respondeu resoluto enquanto pegava a mão de Lise buscando por algum anel nos dedos. 

Mas não havia anel algum, o que significava que ela era solteira. E a moça, ao perceber o que ele pedia, franziu a testa pensando em um outro alguém com quem queria compartilhar a vida. 

— Tem alguém a quem você pertence?

— Não. — A resposta era clara, e ecoava no quarto de uma forma diferente das outras palavras ditas ali. 

Era a verdade que ela não queria admitir... seus olhos fitavam o chão procurando alguma resposta nos tapetes luxuosos do cômodo.

— Elizabeth, eu quero que você me acompanhe pelo resto da minha vida.— Falou Fernando calmo, admirando-a. Mas agora ela olhava para longe, muito longe na paisagem da janela. 

Fernando buscou o olhar dela, trazendo com suas mãos a face dela para mesma sua direção da sua. Havia uma espesso anel de ouro no dedo anelar dele, e este era frio. Ela o sentia em sua bochecha, e contrastava com o calor das mãos de seu dono.

A Princesa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora