Capítulo 13: início das mudanças

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Era fim da tarde quando a criança chegou em casa, e ao entrar pela porta do quarto que morava com sua mãe, não a encontrou lá dentro. A mulher havia saído pouco antes para o trabalho, depois de ter enviado, com lágrimas, seu amado ao campo de batalha. 

No quarto, tudo estava em ordem como sempre, com os lençóis arrumados das duas camas, e as poucas mudas de roupa sob a pequena mesa. Andou pelo cômodo, e sem querer, ao bisbilhotar um estranho baú de madeira de baixo da cama de Diva, encontrou um pequeno vestido branco de seu tamanho. 

Ela sorriu ao se lembrar que seu aniversário se aproximava, e experimentou o vestido colocando-o à frente de si. Logo depois, guardou-o para que ninguém suspeitasse que ela havia encontrado a surpresa, e riu baixinho ao se lembrar daquele estranho jeito rude que a mulher tinha. 

Não entendia porque ela era assim, pois mesmo sua boca dizendo coisas rudes, seu coração é bem generoso com a menina e sua mãe.

Depois, sem nada para fazer, sentou na cama e ficou pensando em tudo o que havia acontecido com ela no dia anterior, sem acreditar que tinha saído inteira da situação. Começou a acalmar sua respiração com a mão na barriga, fazendo como sua mãe havia lhe ensinado para controlar a ansiedade.

Mas então, de repente, alguém bateu na porta do quarto. Instintivamente, a menina entrou embaixo da cama, e logo depois a porta se abriu. Seu coração parecia saltar pela boca, e ressoava como um tambor em seus ouvidos. 

Todo seu esforço para se acalmar tinha ido por água abaixo.

Pés de um homem entraram no quartinho como se procurassem algo, ou alguém. Aurora pensou que não fazia sentido alguém ir ali, pois nada encontraria para roubar.

Além disso, pelos sapatos, ela pode ver que era uma pessoa que possuía muitos bens, porque no calçado haviam diversos entalhes adornados com pedras de diferentes cores. Estas reluziam com a luz que entrava pela janela de vidro sujo.  

Se ela pudesse roubaria aquele sapato para trocar por comida, mas não queria arriscar entrar em encrenca.

— Onde será que ela foi? Tenho certeza que é aqui que ela mora? — Falava o homem enquanto seus pés andavam de um lado para outro. 

A menina continuou imóvel debaixo da cama, esperando que ele logo fosse embora, e por medo, até fechou os olhos. Pensava que se os fechasse, assim como ela não podia ver nada, ele também não poderia vê-la.

Quando os abriu de novo, os pés de sapatos chique haviam ido embora, e assim ela chegou a conclusão que fechar os olhos faz as coisas ruins irem embora. 

Mesmo com a saída do intruso, ela continuou esperando, até que seu coração se acalmasse, e só depois saiu. 

A porta tinha ficado aberta, mas fechar foi a primeira coisa que fez ao se levantar. Depois tirou o pó da roupa, e verificou o quarto com os olhos. Tudo parecia em ordem, exceto por uma enorme cesta com alimentos e um laço vermelho, que estava colocada em cima da cama. 

Dentro dela, além de diversos alimentos, como pães frescos, e frutas, tinha um pedaço de papel, com diversas coisas escritas, o qual Aurora ficou admirando por ter letras douradas entalhadas que pareciam formar uma sigla assim: F.L.M.N.

Bom, para a menina que não sabia ler, aquele papel não tinha valor algum, e por isso, ele logo parou no chão, onde foi prontamente pisado e sujo, a criança estava concentrada de mais nas comidas que colocava  rapidamente na boca sem pensar duas vezes. 

Enquanto dava uma mordida em um dos pães, ela se lembrou que Lise às vezes recebia estranhas cestas enfeitadas que faziam ela ficar triste e com o olhar distante. Pensando nisso, ficou ponderando se era realmente certo comer tudo da cesta sem deixar nada para sua mãe. 

A Princesa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora