Capítulo 7: o admirador não secreto

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— Eu não te vi vindo... — Disse o dono da mão que era estendida em auxílio à Lise. 

Ela olhou para o homem que estava à sua frente, e sem querer, o fez corar. Só então ela percebeu que seu cabelo estava solto e formava ao seu redor, uma coroa que se estendia até o chão onde ela estava sentada. 

O homem, que era mais velho que ela, porém ainda jovem, tinha os olhos azuis escuros como o mar, cabelos longos reluzentes. No rosto, uma feição bela e simples, que o tornava simpático. Mas não era hora de ficar olhando aquele estranho. 

Então se levantou o mais rápido que pode sem aceitar a ajuda do estranho. Continuou seu caminho sem nem mais trocar um olhar sequer com ele. O estranho ficou sem jeito no mesmo lugar em que estava, como se a vergonha o paralisasse. 

Contudo, ao chegar a sala em que Laura estava, ela logo percebeu que ele a seguira, pois Laura, que polia os móveis com cera, rapidamente franziu a testa se perguntando quem era aquele homem bem trajado. 

Conhecidas que eram, e usando os poderes telepáticos que só as mulheres conhecem e possuem, Laura logo entendeu a situação por meio de alguns olhares trocados. 

— Que bom que você chegou! Preciso que vá polir os móveis da sala ao lado. Pode ir por essa porta.

A colega de trabalho estendeu um pano e cera, e empurrou-a pela porta do lado. Era a salvação de Lise.

— Com licença? Espera só um pouco.... — Dizia o homem seguindo as duas mulheres. 

Mas felizmente, Laura deu um safanão em Lise e a jogou para a outra sala conseguindo fechar a porta. O homem, sem saber porque aquilo acontecia, ficou esperando alguma explicação. 

Lise tinha ficado feliz com aquilo, e agradeceu por ter Laura, que era uma amiga rápida e prática. Ela saberia lidar com a situação.

— Precisa de algo meu senhor? — Disse Laura de um jeito educado. 

— Eu gostaria de falar com sua colega...

— Infelizmente ela está ocupada com trabalho agora mesmo.

— Mas será rápido, eu só preciso saber o nome dela.

— Creio que não vai ser possível. — Falou de cabeça baixa.

— Como ousa falar assim comigo? Eu sou um nobre! Mesmo que esse não seja meu feudo, eu tenho muito mais direito sobre as coisas e pessoas aqui do que você!

Laura tremeu na base, mas decidiu que não recuaria. Estancou seu corpo firme e levantou o rosto.

— Não é que eu esteja tentando ir contra a vontade de Vossa Senhoria... é só que as criadas que se atrasam para o trabalho são açoitadas... e eu creio que o Senhor não quer vê-la ser açoitada.

Ele ficou quieto ponderando aquela meia verdade. Depois de um tempo, pareceu aceitá-la, e fez um último pedido a criada. 

— Por favor passe essa mensagem à sua amiga. Diga a ela que se ela precisar de ajuda, eu posso tirá-la daqui, posso dar uma vida melhor a ela.

Laura acenou que sim, mas seu rosto parecia entender muito mais do que estava escondido por trás daquelas palavras. 

— E diga a ela meu nome. É Fernando.

— Pode deixar meu Senhor. Agora, se você me der licença, tenho que voltar ao meu trabalho.

— Sim, sim...

Nisso, ele se dirigiu à porta, e logo sumiu da mesma forma que havia surgido. Laura foi até a porta ao lado, e bateu de leve chamando Lise. 

— Ele já foi... pode abrir.

A Princesa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora