— Uaaa! Me solta!
— O que você tá fazendo aqui?
— Estéffano me solta! Me solta se não eu conto pra mãe que você tem outra namorada!
— O QUE?!
O homem largou a menina que caiu de bunda no chão.
— Quem te disse que eu tenho outra?!
— Então você tem mesmo?
— O que?! Não! É claro que não! Não fale nada pra Lise, não quero que ela tenha ideias erradas de mim.
— Não se preocupe, não vou falar, mas só se você me deixar ficar aqui.
Ele olhou com desdenho a criança que de braços cruzados fazia exigências dele. Mas Aurora, com a personalidade que tinha, sempre dava um jeito de fazer o que queria, mesmo que fosse contra a vontade dos outros.
Assim, ele se deu por vencido.
— Tá bom, tá bom, mas vê se não vai amassar o feno bom.
— Ok!
Então Aurora se deitou no monte de feno de melhor qualidade, exatamente como ele havia dito para não fazer.
— Ah... (suspirou o Estéffano) ninguém pode contigo não é mesmo? Você só faz o que vem na sua cabeça.
O cavaleiro deixou aquilo de lado e se deitou ao lado da menina. Ele não conseguia ser duro com ela, e por isso, a cada ano que se passava ela se tornava mais e mais mandona.
A roupa dos dois ficou cheia de feno, mas nenhum deles se importava.
— Hahahaha. Viu só como esse é bom pra deitar! É macio! O feno ruim pinica.
— Eu sei... mas eu quero é saber o que eu vou fazer quando meu superior ver isso.
— Desculpa... mas é que às veze eu não consigo me controlar muito.
— Tudo bem...eu acho.
Os dois ficaram olhando o teto do estábulo e ouvindo o relinchar dos cavalos. Ambos já eram acostumados com a companhia um do outro, visto que, naqueles anos, tinham construído uma relação de amigos que ultrapassava a diferença de idades.
Aurora tinha costume de contar tudo o que tinha dúvida para Estéffano, porque ele não era como sua mãe, que se preocupava de mais com ela. A menina o achava estranho, porque por fora ele parecia sério e duro, tendo um corpo muito musculoso que dava um pouco de medo.
Mas por dentro ele lembrava uma criança confusa.
— Quando você vai pedir a mãe em casamento?
— Ai... esse assunto não é pra criança.
— Mas eu já tenho 5 anos. Eu até já sei me vestir sozinha!
— Por isso mesmo, ainda é muito nova. Vai deixar de ser criança quando se vestir sozinha não for mais uma coisa para se gabar.
— Eu vou fazer 6 logo! E você tá a um tempão gostando dela! Você gosta dela antes de eu nascer!
— Não é tão simples Aurora... sabe, casar envolve muita coisa.
— Eu tô atrapalhando? Você sabe que não precisa ser meu pai se tu se casar com a mãe.
— O que? Eu, eu... olha...não é isso Aurora. Esse assunto... depois a gente conversa tá bom?
— Lá vem "o depois" que nunca acontece...
— Então ao invés de falar disso, porque não me conta o que aconteceu com você? Está imunda!
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A Princesa e o Dragão
Historical FictionEm outro mundo, num passado longínquo, os humanos construíram uma sociedade distante da natureza, cercada por grandes e magníficas construções, que enchiam os olhos e o orgulho de quem as visse. Mas, o esplendor escondia o preço que foi pago para al...