Capítulo 10: o estranho na igreja

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O céu estava limpo, e o clima agradável. A tarde vinha, e por isso, Aurora retornava ao cômodo em que dormia junto com Lise. Vinha da floresta proibida, e no caminho de volta, viu um menino com a face toda vermelha de raiva, procurando por algo. Ele era seguido de um mulher de feição simples e roupa de criada, sua babá.  A criança procurava por algum animal para soltar sua raiva, mas infelizmente não encontrou.

Seu gênio ruim teria que se contentar em tormentar seus criados.

Ao vê-lo, Aurora lembrou-se de algo, e desviou o caminho indo na direção de uma pequena clareira, atrás de uma fonte de água de um dos jardins do palácio. Lá, afastou com as mão uma caixa de madeira que escondia um pequeno buraco na estátua da fonte. 

E ali dentro, estava seu pequeno amigo, o pássaro sem penas que, justamente por ter perdido elas, não conseguia mais voar. A menina levava no bolso a refeição dele: algumas lagartas e insetos mortos. 

— Suas penas estão crescendo já, você vê?

Disse ela passando a mão em cima do pássaro, mas ele nem a percebeu pois estava ocupado comendo sua refeição. 

— Eu queria te dar um nome... mas ainda não pensei em nada. Bom quando eu souber de algum, eu te digo. Agora eu preciso ir.

Então colocou a caixa na frente do buraco onde o pássaro se escondia, e retomou seu caminho. Tudo parecia tranquilo, e como retornava cedo, poderia se limpar sem deixar sua mãe desconfiar que ela esteve na floresta proibida.

Contudo, assim que chegou próximo ao dormitório, ela percebeu que algo estava errado.

Um aglomerado de pessoas estava cochichando e rindo sobre algo, enquanto faziam gestos obscenos e olhavam para a porta em que ela, e Lise dormiam. 

Bom, Aurora, que ainda era criança, não sabia o que aqueles gestos significavam, mas qualquer pessoa depois da puberdade poderia entendê-los... e por isso, a garota ficou confusa vendo a situação. Como ela iria até o cômodo sem esbarrar em toda aquela gente? 

Foi então que teve a ideia de ir pelo lado da construção, pois assim poderia ver pela janela do quarto o que se passava lá dentro. 

Andou silenciosamente, e sem ser vista, logo chegou perto da janela, por onde pode ver Lise sentada na cama conversando com Estéffano ao seu lado. Ele usava uma armadura muito bonita e nova, que ela nunca havia visto antes. Os dois tinham a face tão vermelha que parecia que iriam explodir a qualquer momento. 

Aurora a princípio não entendeu a situação. Mas quando Estéffano e Lise juntaram seus lábios, ela se escondeu debaixo da soleira da janela, e tapou a boca para não deixar seu susto sair. Sentiu como se tivesse visto algo que não deveria... mas não era verdade, porque o que acontece após o beijo é o que não pode ser visto.( ͡° ͜ʖ ͡°)

Seu coração pulou de vergonha, e pouco depois, ela saiu correndo sem direção, um costume que tinha quando não sabia o que fazer. Costume esse que já havia levado ela para os jardins da Concubina Real, e que por isso, deveria parar. 

Mas ela ainda era muito nova para pensar sobre as consequências do que fazia, e por isso, quando se deu conta, seus pés tinham a levado  a um lugar remoto, nos confins do território do feudo, do qual muitos já haviam esquecido de sua existência. 

Ali, a grama crescia de forma desordenada, e encobria o que antes eram belas estátuas de pessoas com asas. As estátuas formavam um grande arco ao redor de uma construção maior, que estava em ruinas. 

Plantas trepadeiras subiam pelas paredes, e escondiam a cor branca da construção, que estava com uma de suas paredes caída ao chão. 

De súbito, como se fosse algo planejado, uma grossa chuva começou a vir do céu. As gotas eram tão gordas que doíam ao atingir a menina. Por conta disso, ela logo correu para dentro daquela estranha construção. 

A Princesa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora