Prólogo

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Seatlle

Cloe costumava dizer que eu era a cor do mundo dela, e eu acreditava. Assim como acreditei que viveríamos felizes até aparecerem cabelos brancos.

Primeiro de tudo, quero apresentar Cloe Lonson pra vocês.

De cabelos soltos ela vivia com eles sujos de tinta. O tom claro de loiro que brilhava quando estava no sol fazia meus olhos fecharem quando ela vinha correndo na minha direção, era como o sol correndo direto pra mim.
Ela era caloura na escola de artes em Seatlle, mais odiava a cidade por ser chuvosa.
E por incrível que pareça a gente se conheceu na chuva, é... Mesmo ela sendo o sol. Talvez eu fosse a chuva no final das contas.

Passamos o verão juntos.
Vi ela pintar. Amei ver ela pintar.
Conheci as irmãs de Cloe e amei cada membro de sua família.
Fui pintado por ela.
Me apaixonei todos os dias.
Eu só tinha 19 anos e sabia exatamente o que eu queria.
Fizemos planos como todos fazem por aí.
E mesmo minha família odiando a ideia de eu amar alguém da " Ralé ", eu me mudei pra Seatlle mesmo assim.
Cortei laços com minha família pra ser a familia dela.
Eu odiava Seatlle também, mais amava Cloe.

Cloe sonhava em morar em uma casa de campo e eu sempre ficava destruído por ter uma casa enorme de campo e nunca poder levar ela lá.

Um dia eu compraria uma casa de campo pra você encher de tintas Cloe. Um dia.

Trabalhei com o pai de Cloe na oficina. Nos despedimos da mãe de Cloe que morreu jovem.
Vi minha amada desmoronar por meses.
Beijei todas as lágrimas dela.

Acompanhei a primeira exposição de Cloe e apreciei cada sorriso que ela dava.
Eu estava em um dos quadros, o quarto preferido dela.
Eu ainda ia te fazer mil vezes mais feliz Cloe.

Achei que já tínhamos tudo pra ser felizes.
Achei que tudo estava nos trilhos.
Achei que meu sol sempre brilharia.
Até que...

Cloe começou a sentir nódulos dos seios.
Vi Cloe tremer.
Vi minha amava chorar e ter medo.
Passamos noites em claro com medo do futuro não existir.

Não demorou muito pra todos desabarem com a notícia do câncer maligno.

Me vi perdendo tudo. TUDO.

Mais eu seria forte pra ela. Depois eu poderia chorar.
Depois eu poderia desabar. Agora não! Ainda não.

Assisti cada passo da doença matar as cores da minha Cloe, matar o sol que tanto brilhava. Matar tudo que a gente construiu.

Eu tive que segurar a mão dela enquanto ela ia me acalmando... Enquanto ela ia me deixando aos poucos.
Os quatro anos juntos não foram suficientes Cloe. Ainda não estava pronto .

Vi a vida dela indo embora e ouvi um último eu te amo. O último " Eu te amo " da Cloe me matou.

No fim, o câncer da Cloe me levou junto.
Ninguém fala sobre como o câncer mata quem fica pra trás.
Em como ele foi maligno pra você também. E em como o luto te parte em mil pedaços e não EXISTE PORRA DE COLA NENHUMA PRA CONCERTAR.

Perder Cloe Lonson foi como perder todo o ar... Toda a cor do mundo faltou.
E eu fiquei sem nada, fiquei á deriva.
E assim seria até o dia que eu encontrasse ela outra vez.

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