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IRON

Minha fazenda estava pronta, eu e meu pai construimos um segundo vinhedo nas terras ao redor do lugar.
Cercamos ele todo por pés de uva e uma cerca baixa.

Tijolinhos vermelhos com persianas brancas o lugar onde era morava era um lar agora.
Não como a casa dos meus pais, não como meu apartamento em Chicago.
Era confortável e não parecia vazio.

Minha mãe me ajudou com alguns móveis e o resto ela cuidou de tudo.

Comprei um cachorro, pastor alemão que não tinha nome.
Eu me sentia bem ali.
Era o meu lugar.
Eu perambulei por tanto tempo em ternos, coisas fúteis, álcool e mulheres e pensando bem eu nunca me senti bem em lugar nenhum.
Voltando lá no passado nem com Cloe.
Era como se eu estivesse vivendo o sonho dela, a vida dela, eu amava aquela mulher, amava a nossa vida.
Mais não era o meu lugar.

Mais agora parado aqui na varanda que ajudei Couby a construir , eu conseguia me ver aqui até envelhecer.
Produzindo uva, colhendo, fazendo vinho, andando a cavalo.
Vivendo.

Pela primeira vez na vida eu me sentia bem de verdade.
Talvez não totalmente, porque ainda tinha um pedaço meu que sempre se sentiria incompleto.
Por causa dela .
Baize.

Eu conseguia imaginar ela aqui.
Correndo na chuva.
Brincando descalça com o cachorro
Tirando fotos no vinhedo.
Na casa dos meus pais.
Fazendo amor comigo na picape.
Sendo feliz comigo.
Envelhecendo comigo.

- Estamos aqui seu cuzao! - Noah me puxou de volta pra realidade.

A minha vida sozinho.

- Ela está bem? - gritei de volta acenando pra ele se aproximar.

- Ela vai dá a luz a qualquer momento. - Ele disse feliz.

Noah e Alissa se casaram na casa de campo dos meus pais, uma semana depois que Baize casou.
Ela não veio.
Eu sabia que não viria. Mais mesmo assim ainda fiquei esperando.

- Esse lugar ficou incrível cara... Nunca imaginei você morando em um lugar assim sabia? - Apresentei pra Noah todo o lugar.

- nem eu meu amigo, nem eu. Seu filho vai correr por todo esse lugar. - Sorri imaginando o bebê que logo estaria aqui.

- Eu tô nervoso... - Ele sorriu de volta

- eu sei... E eu nunca imaginei você sendo pai seu cuzao. E olha pra você! - Bati no ombro dele que estava animado.

Couby logo veio com a esposa e tomamos um bom café que era especialidade deles.

Aprendeu Noah e Alissa que logo chegou com mamãe.

Ela estava perfeita com aquele barrigão.
E feliz, a felicidade fazia bem pra ela.

Tomamos café e rimos a tarde inteira.
Eu aprendi a sorrir de novo.
Aprendi a abraçar e acolher pessoas.

- Você fez um bom trabalho aqui... A verdade é que esse lugar fez bem pra você não é? - Alissa sentou ao meu lado devagar fazendo careta.

- Sim... Quero vocês aqui todos os fins de semana. - Ela riu olhando pra mim com carinho e tristeza.

- O que foi? Está com dor?

- não... Ainda não. É só que...

- O que foi? - Sentei direito.

- Eu sei que eu não devia tocar no assunto proibido mais... É a...

- Eu não sei se eu quero saber Ali... - Falei virando o rosto pro enorme vinhedo lá fora.

- Eu sei. Mais... Ela não parece bem. Ela realmente não parece bem. - Ela disse me fazendo levantar.

- Não parece bem como?

- Eu vi umas marcas... Não foi só uma vez. Ela tenta esconder com maquiagem, com as roupas estranhas. Mais eu sei que ele bate nela Iron. Eu conheço ela, tem algo a mais. Ela tá escondendo alguma coisa e não é coisa boa. Baize não é mais a Baize que eu conheço. - Alissa falava com dor.

E eu senti a mesma dor, só que pior.

Soquei a parede de madeira xingando aquele filho da puta.
Eu devia saber que ele não mudaria.
Monstros não mudam, enganam.
Baize...
Minha Baize...

- Você tem certeza Alissa? Não pode só achar as coisas e sair falando... Ela não falou nada pra você? Porque?

- Eu vi os machucados Iron. Ela não fala comigo, não sobre o casamento e tudo que rola lá.  Aquele doente mudou ela. Ele manda nela. Ele deixa e busca ela todos os dias. Ela quer até sair da parceria da galeria e é ele que quer isso, não ela, aquele era nosso sonho! Ela não faria isso. E eu... Eu não posso ajudar assim, mal tenho força pra mim. - Ela começou a chorar .

- Você tá sentindo dor?

- Agora eu tô! Ele tá chegando Iron! Chama o Noah! Mamãe! - ela começou a gritar.

Peguei Alissa no colo chamando Noah que correu

Levamos ela pra casa de campo e esperei do lado de fora.

Minha cabeça estava a mil.
Saber sobre Baize sempre foi uma curiosidade distante.
Noah e Alissa não falavam dela, durante esses meses, nenhuma palavra sobre ela.

Isso me deu conforto.
De que talvez ela estivesse feliz, e se ela estava feliz estava tudo bem.

Mais agora.
Agora eu estava prestes a pegar um carro e ir até ela.
Matar o desgraçado e levar ela até a delegacia.

Baize estava sendo machucada.
A meses.
Sozinha.
Nem pra Alissa ela contou.
Tudo minha culpa

- Tudo bem filho? Nosso herdeiro está nascendo. - Meu pai riu colocando a mão na cabeça.

E ouvimos o choro do pequeno Ben.
Corremos como loucos até lá

E lá estava Alissa deitada com um pequeno pacote nos braços chorando.

- Esse é o vovô. E esse... É seu tio meu amor. - Alissa apresentou o bebê e eu vi os olhinhos dela ficados nele

- Seus olhos... Ele é lindo, oi garotão! - Beijei a testa dele que chorou me assustando.

- Ele disse oi. - Alissa ria sem parar

- Noah parabéns - Abracei meu melhor amigo que estava radiante a lado da mulher.

Alissa ficou com mamãe enquanto os homens foram pra varanda tomar um bom vinho que foi batizado com o nome do pequeno Benjy .

- O que você tem cara?

- Nada, nada... - Menti.

- Alissa falou sobre ela não é? Eu disse pra ela não meter você nisso. Você tá vivendo sua vida, deixa ela viver a dela.

- Como você pode falar isso? Ela tá sofrendo na demais daquele merda! - Levantei com raiva só  de pensar nele tocando nela.

- Você tem que lembrar que ela escolheu isso, ela escolheu ele.

- Não! Mais ela viu uma foto minha com Sasha aquele dia. E por isso ela casou. Alissa disse que ela saiu pra me procurar cara, ela me escolheu primeiro. Isso nunca saiu da minha cabeça.

- Não foi culpa sua. Eu acho que você não devia se meter.

- Eu não vou... Eu não tenho mais nada haver. Mais...

- Você ainda...

- Ainda amo ela? É... Eu amo, parece que só aumenta e isso não é bom. - Admiti cansado.

- Eu sou a favor de cada um lidar com suas escolhas mais... Como eu sou seu melhor amigo e eu estou de bom humor hoje. Eu sei que você não vai deixar isso pra lá. E... Se precisar de ajuda eu estou a qui seu babaca. - abracei ele balançando a cabeça afirmando.

- você é o melhor. - Falei a maior verdade de todas.

- Eu vou dormir um pouco, você também devia... Aquele bebê é um Sinson, ele vai chorar muito ainda. - Gargalhei indo embora.

Pensei em como ajudar Baize.
Eu não fazia ideia.
Não queria me meter na vida dela, eu não tinha o direito.
Mais eu sentia... Sentia que aquilo ia acabar muito, muito ruim.

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