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IRON


Estar no mesmo espaço que Baize me causava falta de ar de tão irritante que a garota era.
E pra piorar tudo começou a chover e pro meu azar a área externa era descoberta.

Corremos pro único e minúsculo espaço que não molhava e ficamos encolhidos no máximo.
Chicago não era frio nessa época, mais hoje estava frio e Baize estava quase nua na blusa branca que agora estava transparente mostrando os seios redondos e rosados que me fizeram suar frio.

- Gosta do que vê? - Ela me pegou espiando e cruzou os braços.

- Na verdade...

- Não responde! Idiota! - ela me cortou resmungando.

- Porque ainda tá com ele? - Finalmente consegui tocar no assunto que eu tanto jurei pra mim mesmo não me meter.

- O que você tem haver com isso? - A garota tinha língua afiada.

- Na verdade nada, eu nem mesmo me importo. Mais eu estou curioso.

Ela ficou alguns minutos em silêncio .

- Ele me ama, e... O Poul teve problemas na infância, ele não é assim sempre. - Ela tentou explicar e eu ri virando o rosto pro céu, eu não gostava de chuva.

- Porque ainda tá com ele? - Perguntei outra vez fazendo ela olhar pro pés  agora.

- Eu amo ele... Eu amo e... Eu não posso deixar ele pra trás. Ele nunca me deixou. - Ela respondeu parecendo sincera e... triste.

- Então o amor te faz aguentar agressão? - Ela finalmente me olhou , séria e furiosa.

- O Poul tá se tratando. Ele não é esse monstro. Vamos ficar bem. - Ela acreditava mesmo nisso?

- Acredita mesmo nisso? Acredita que na próxima bebedeira ele não vai arrumar um ciúme do nada e te empurrar outra vez? E quando for um soco? E se ele ...

- Chega... Chega ok! Ele nunca me machucaria de propósito.  Ele nunca fez isso de propósito.

- Então tá dizendo que a culpa é sua?

- Não! Claro que não. - A voz dela falhou.

- Viu! Você tá se enganando. E ele tá te enganando dizendo que vai mudar e blablabla. Pessoas violentas sempre vão ser pessoas violentas Baize. - Falei olhando os olhos tristes da cor da noite chuvosa, ela sabia que eu estava certo.

- Ele me salvou... ele me tirou do Texas, de uma mãe drogada e homens que entravam e saíam da minha casa. Como... Como eu posso deixar ele no meio do caminho? - Ela se abaixou abraçando as pernas e apoiando o queixo nos joelhos molhados ela soluçou.
Ela ia chorar?

- Você pode sim se isso não for bom pra você. - Falei .

- Não... Eu nunca poderia. Você não entenderia. - Ela levantou indo pra chuva.

- Você que não entende garota. O amor, o amor de verdade não machuca assim. - Ela me encarou enquanto jogava os cabelos molhados que estavam soltos agora pra trás.

- Quem te ver falando assim pensaria que é um romântico, parece até que tem um coração. - Ela brincou.

- Tem razão . Eu não tenho um mesmo. - Caminhei pra chuva até ela que encostou na varanda.

- Chicago é linda. - Baize ria olhando as luzes infinitas da cidade.

Ela estava descalça e ria com facilidade de coisas comuns, tinha os cabelos molhados grudados no rosto e eu não conseguia tirar os olhos dela.

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